Casos suspeitos de febre maculosa e leptospirose sobem para oito no Eulina

03/08/2006

A Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, informou nesta quinta-feira, 3 de agosto, que mais quatro pessoas suspeitas de febre maculosa e leptospirose foram notificadas entre moradores do Núcleo Residencial do Jardim Eulina, na região norte da cidade, o que eleva para oito o número de casos registrados desde a última segunda-feira na comunidade. Também estão investigadas as hipóteses de elas terem adoecido por dengue. Os novos casos foram notificados entre ontem e hoje, sendo dois por hospitais da cidade e dois pelo Centro de Saúde do Jardim Eulina.

Estamos mediante a um surto. Uma situação grave, informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Covisa. Sendo assim, com o objetivo principal de interromper a transmissão, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, mobilizou uma equipe composta por médico, enfermeiras, biólogo, médico veterinário e agentes comunitários de saúde dos centros de saúde Aurélia, Boa Vista e Eulina para ações de busca ativa de outros moradores com sintomas e exposição a situação de risco e reforçou assistência médica para diagnóstico e acompanhamento dos casos. Além disso, está promovendo mapeamento das condições das casas da comunidade e ações de mobilização e comunicação social. As atividades contam com apoio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).

Uma equipe da Superintendência do controle de Endemias (Sucen), por solicitação da Coordenadoria de Vigilância e Saúde (Covisa) da Secretaria, também atuou no local hoje com o objetivo de fazer pesquisa sobre a infestação e identificação dos carrapatos pesquisa acarológica.

A partir de amanhã, as atividades prosseguem com ações educativas na comunidade, atendimento e acompanhamento dos casos suspeitos e com a análise dos dados verificados em campo nos trabalhos de hoje. Acontece ainda reunião com médicos do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE)/Secretaria de Estado da Saúde, para avaliação clínica dos casos. Uma outra reunião está programada com representantes do Exército, para medidas de intervenção ambiental. Também participam outros órgãos da Prefeitura.

Os pacientes começaram com febre, dor de cabeça e no corpo, mal-estar, náuseas e vômitos, sintomas comuns para febre maculosa, dengue e leptospirose. Alguns relataram contato com carrapato, o que representa risco para febre maculosa. Também levamos em conta a sazonalidade, já que esta é uma época em que registramos aumento dos casos desta doença. Mas o local também tem presença de ratos, que é risco para leptospirose, informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Covisa. Segundo ela, os resultados de exames laboratoriais para confirmação dos casos devem sair em duas semanas.

De acordo com a enfermeira sanitarista Salma Balista, diretora da Covisa, cabe ao poder público promover a limpeza urbana; desencadear a vigilância epidemiológica e ambiental dos vetores, reservatórios e dos hospedeiros, detectar e tratar precocemente os casos suspeitos; investigar e controlar surtos; conhecer a distribuição da doença segundo lugar, tempo e pessoa; identificar e investigar os locais prováveis de infecção (LPI); recomendar e adotar medidas de controle e prevenção; e mobilizar e sensibilizar profissionais de saúde.

À iniciativa privada e outros proprietários cabe promover roçadas de pastos, limpezas, capinas e retiradas de folhiços dos terrenos e demais áreas, mantendo a vegetação baixa e diminuindo a oferta de alimentos e resíduos que atraiam roedores. Criadouros devem ser inviabilizados.

Mas a população também pode fazer a sua parte, o que no caso da febre maculosa inclui evitar as áreas infestadas por carrapatos e não deixar seus animais, principalmente cachorros, adentrá-las. Se for adentrar áreas de risco, sempre que possível, devem ser usadas calças e camisas de mangas compridas e roupas claras para facilitar a visualização. Também é aconselhável a inspeção do corpo para verificar a presença de carrapatos.

No caso da leptospirose, a orientação é dispor corretamente os resíduos, evitando disposição de alimentos e abrigo para ratos. Em relação a dengue, devem ser inviabilizados criadouros, por meio da adoção de medidas para o controle do mosquito, como não deixar água acumulada em objetos.

Ao apresentar sintomas, se tiver se submetido a risco, a pessoa deve imediatamente procurar o serviço de saúde e informar se teve contato com carrapato ou rato, diz Salma.

Aos profissionais de saúde e hospitais de Campinas e municípios vizinhos, a Covisa orienta que estejam atentos para suspeitar, perguntar se freqüentou a área do Eulina, fazer notificação rápida para a Secretaria de Saúde de Campinas, tratar e acompanhar os pacientes.

Denize Assis

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