Força-tarefa vai reforçar ofensiva contra febre maculosa no Eulina

07/08/2006

A Prefeitura de Campinas estabeleceu na manhã desta segunda-feira, 7 de agosto, um grupo de defesa para reforçar a ofensiva à febre maculosa no Núcleo Residencial Jardim Eulina, região norte da cidade, bairro em que a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) do município investiga um surto provável por esta doença. A Administração também definiu ações prioritárias de controle e prevenção que já começaram a ser viabilizadas na tarde desta segunda-feira.

O conjunto de ações foi definido em reunião com a secretária-chefe de Gabinete da Prefeitura, Rosely Nassim Jorge Santos; com o coordenador de Comunicação, Francisco de Lagos; além dos secretários Municipais de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, de Infra-estrutura, Osmar Costa, de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública, General Mário de Oliveira Seixas, e o coordenador das Administrações Regionais (ARs), José Henrique Ferdinando Delamain Filho.

Portanto, a partir de agora, além das equipes da Secretaria Municipal de Saúde, também integram os trabalhos em campo equipes das Secretarias Municipais de Infra-estrutura, por meio da AR 11 e Departamento de Parques e Jardins (DPJ); de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública, por meio da Guarda Municipal e Defesa Civil; e de Educação.

Para as atividades de apoio técnico, além de todas as equipes da Secretaria Municipal de Saúde, participam a Divisão de Zoonoses do Centro de Vigilância Epidemiológica Estadual (CVE); Programa de Epidemiologia Aplicada aos Serviços de Saúde (Episus); Direção Regional de Saúde (Dir XII); Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) e Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital das Clínicas da Unicamp. A ação ainda conta com apoio da 11ª Brigada de Infantaria Leve do Exército.

Entre as ações está a realização de acero a partir da lagoa existente do local, avançando em toda a área contígua a lagoa, criando um cordão sanitário de proteção entre a população e área da fazenda do Exército. O acero além de reduzir a infestação de carrapatos, vai diminuir a população de roedores e do mosquito transmissor da dengue, uma vez que esta ação também inclui retirada de lixo e entulhos, afirma o secretário de Saúde José Francisco Kerr Saraiva.

Também serão intensificadas as ações de mobilização e comunicação social. As atividades de educação em saúde, que já vêm sendo realizadas de casa a casa desde a semana passada, vão ser reforçadas através de várias mídias, como carros de som que já começaram a circular hoje, distribuição de materiais educativos etc. Está prevista colocação de placas com alertas sobre as áreas de risco, além de divulgação de informação sobre a febre maculosa na imprensa de toda cidade.

O Conselho Local de Saúde do Centro de Saúde Eulina está sendo informado sobre todas as ações. O trabalho de comunicação social também inclui divulgação de informe técnico para toda a rede de saúde do município sobre a doença, epidemiologia e situação atual na cidade. O comunicado informa que as equipes de saúde devem estar atentas porque esta é a época de aumento de casos.

A Secretaria definiu ainda critérios mais sensíveis para desencadear notificação, investigação e tratamento precoce para os moradores do Núcleo Residencial Eulina. Isto significa que aos primeiros sintomas, os moradores serão examinadas por médico, investigados epidemiologicamente e tratados. Com isto, certamente haverá aumento de notificações. A equipe do Centro de Saúde já foi reforçada para atender, investigar e acompanhar os casos.

A Secretaria de Saúde também já providenciou insumos equipamentos de proteção individual (EPI) entre outros - para a realização dos trabalhos de campo, além de produtos para o controle do parasitismo em humanos.

Segundo o secretário de Saúde, além da Prefeitura - que pode fazer a limpeza urbana, atendimento aos doentes, desencadear ações de vigilância, mobilizar escolas e outros setores responsáveis - a população tem que ter consciência da importância de medidas como não entrar na área da lagoa e de vegetação que são os locais de maior infestação de carrapato e não deixar os animais transitarem por estes locais.

Não existe vacina contra a febre maculosa. Também há um consenso técnico de que não é possível eliminar totalmente o carrapato do meio ambiente. Portanto, na ausência de armas definitivas, cabe ao poder público desencadear ações de prevenção e controle da doença e assistência aos pacientes. À população, repito, cabe conscientizar-se de que áreas de risco não devem ser freqüentadas, diz Saraiva.

Entenda o caso. Desde a última terça-feira, 1 de agosto, dezesseis casos suspeitos de febre maculosa foram notificados entre moradores do Núcleo Residencial Eulina, um bairro pobre da região norte da cidade. Três pessoas morreram, duas estão internadas e onze estão em tratamento ambulatorial. Todos os casos suspeitos têm histórico de contato com carrapato ao freqüentar a lagoa do bairro que pertence ao Exército e hortas próximas e contíguas à lagoa.

A área também apresenta muito lixo acumulado e há presença de roedores nos domicílios. Por isto, a Secretaria de Saúde também investiga a possibilidade de as pessoas terem adoecido por leptospirose e dengue. No entanto, pela característica clínica e exposição a carrapatos possivelmente no mesmo local, o mais provável é que seja febre maculosa.

As três doenças têm sintomas iniciais semelhantes: febre, dor no corpo e dor de cabeça e mal-estar geral. Além disso, todas as pessoas freqüentaram num curto espaço de tempo o mesmo ambiente que oferece risco para as três infecções. No local há carrapatos-estrela, conforme apontou pesquisa da Sucen, ratos em meio ao lixo e material reciclável e infestação do mosquito Aedes aegypti, informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Covisa.

Todos os doentes estão devidamente assistidos e o reforço da assistência médica no Centro de Saúde Eulina está mantida. A investigação clínica e laboratorial para conclusão dos casos está em andamento, sendo que os exames serão processados pelo laboratório do Instituto Adolfo Lutz em São Paulo e os primeiros resultados devem estar prontos em 15 dias. As ações em campo para construção do acero iniciam amanhã de manhã, dia 8 de agosto.

Denize Assis

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