Atendimento à população carcerária é tema de reflexão com profissionais do Centro de Referência do Programa DST/Aids de Campinas

11/08/2006

Durante todo o dia equipes do Sistema Único de Saúde, trabalhadores de outros órgãos estatais,
além de ativistas de ongs estiveram reunidos para debate.

O Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas realizou, nesta quinta-feira, dia 11 de agosto de 2006, das 8h às 18h, uma atualização sobre o atendimento promovido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à população carcerária.

"Foi uma excelente iniciativa, pois acho que o momento é diferente. As pessoas ficam assustadas com relação ao que está acontecendo e para os profissionais da Saúde é um momento de reflexão para que eles possam estar colocando os aprendizados no dia-a-dia de seu trabalho da melhor forma possível", disse o assessor técnico do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Fernando Assoni.  

Ele foi um dos convidados que compuseram a mesa de debatedores e que contou ainda com o padre Paulo Roberto Rodrigues, da paróquia Bom Pastor (bairro São Bernardo, onde fica a Penitenciária Feminina de Campinas), com a professora Alba Zaluar, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e do diretor de Centro de Segurança e Disciplina da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do Estado de São Paulo, Reinaldo Alves Santino.  

"Outras iniciativas como esta do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas deveria acontecer também em outras cidades do Brasil", afirmou Assoni, que destacou o fato de a atividade ser realizada após as seqüências de atentados atribuídos pela Polícia e Ministério Público à suposta facção criminosa liderada por presos. 

Em Campinas, a população carcerária está concentrada no Complexo Penitenciário Campinas/Hortolândia, onde estão localizados estabelecimentos penitenciários em uma área no limite de municípios entre as duas cidades. Também fica na cidade a Penitenciária Feminina que funciona no mesmo local do antigo "Cadeião do São Bernardo".  

Na oportunidade, o assessor técnico do Ministério da Saúde falou sobre o Plano Nacional de Saúde no Sistema Carcerário. Ele afirmou que ainda existem dificuldades na implementação do trabalho. Trata-se de uma portaria lançada entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça que permite, mediante parceria com os estados e municípios, a criação de equipes de saúde preparadas para este atendimento. O Plano, segundo ele, prevê inclusive a realização de reformas físicas, quando necessárias, nos espaços voltados à Saúde nos estabelecimentos penitenciários.  

Sobre a assistência oferecida hoje à população carcerário, Assoni afirmou considerar "difícil" de avaliar. "Eu acho que esse Plano Nacional de Saúde no Sistema Carcerário precisa ser discutido e precisa vir à tona. Ele já é realidade em vários estados e eu acho que o serviços de saúde precisam estar organizados dentro dos presídios, para que o preso possa ser locomovido o quanto menos para outras instâncias. Os serviços precisam estar organizados e com boas condições de trabalho", explicou.  

O encontro contou com ativistas de organizações não-governamentais (ongs), profissionais ligados à Secretaria de Segurança Pública e Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, profissionais de outras unidades públicas de saúde e toda a equipe do Centro de Referência do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas.  

"Após as reflexões, todos ficaram convencidos que a participação de profissionais de saúde neste tema é principalmente de legitimar e fortalecer a primeira diretriz do Sistema Único de Saúde: Todos os brasileiros têm direito à Saúde, mesmo os que se encontram temporária ou definitivamente privados da liberdade", avalia a enfermeira sanitarista Maria Cristina Ilario, coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas.  

O Centro de Referência DST/Aids de Campinas realiza testes de aids e doenças sexualmente transmissíveis, além de tratamento às pessoas portadoras de dst, às pessoas que vivem com hiv ou que têm aids, gratuitamente e sob sigilo. O Centro de Referência está localizado à rua Regente Feijó, número 637, no Centro e está aberto de segunda a sexta (exceto aos feriados). Os telefones do Centro de Referência em DST/Aids de Campinas são: (19) 3234 – 5000 e (19) 3236 – 3711.

Mais informações à Imprensa: (19) 8115 – 4856 // 3236 – 3711 // 3234 – 5000, com Eli Fernandes

 

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