Seminário atualiza médicos e enfermeiros sobre febre maculosa

14/08/2006

Evento acontece nesta terça-feira, 15, no Ceprocamp, e integra conjunto de ações
para controle e prevenção da doença no município

A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), promove nesta terça-feira, 15 de agosto, no anfiteatro do Ceprocamp, seminário de atualização em febre maculosa para médicos e enfermeiros das redes pública e privada de saúde de Campinas. O mesmo seminário será promovido de manhã, das 8h30 às 10h30, e à tarde, das 14h às 16h. Não é necessário se inscrever antes. A expectativa é reunir entre 150 e 200 pessoas.

O evento é promovido em conjunto com o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo, Direção Regional de Saúde (DIR-XII) e Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVE) do Hospital das Clínicas da Unicamp, e tem apoio da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC).

O objetivo é atualizar as equipes e fortalecer a rede de diagnóstico e tratamento da doença que é endêmica na região de Campinas e que, neste período do ano, sofre um aumento no número de notificações.

O seminário será dividido em quatro blocos. O primeiro é a abertura, que será feita pela equipe da Covisa. Em seguida, uma palestra proferida pela médica sanitarista Giselda Katz, da Divisão de Zoonoses da Secretaria de Estado da Saúde, vai tratar de aspectos epidemiológicos e ocorrência de surtos no Estado de São Paulo.

No terceiro bloco, o médico infectologista Rodrigo Angerami, que atua na Secretaria de Saúde de Campinas e integra o NVE do Hospital das Clínicas da Unicamp, vai falar sobre diagnóstico e tratamento. Para finalizar, acontece debate.

Doença endêmica

A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda, provocada por uma bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense). A doença não é transmitida de pessoa para pessoa.

Comum na região de Campinas, a febre maculosa produz sintomas parecidos com os de outras doenças, como leptospirose e dengue. Os primeiros sinais são febre, dor de cabeça, dores no corpo, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos. Em geral, entre o segundo e o sexto dia da doença, surgem manchas vermelhas na pele.

A doença passou a ser de notificação obrigatória na região da DIR XII em 1989 e no País em 2001. Isto significa que os casos devem ser informados à Vigilância em Saúde pelo meio mais rápido disponível, demandando investigação epidemiológica com busca ativa, para evitar a ocorrência de novos casos e óbitos.

Em Campinas, os primeiros casos de febre maculosa foram registrados em 1995. Desde lá, o número de registros vem aumentando sendo que até 2005 a Secretaria Municipal de Saúde confirmou 32 casos na cidade. Seis deles foram a óbito.

Este ano foram notificados 140 casos suspeitos sendo um surto com 19 casos no Núcleo Residencial do Eulina e demais casos dispersos na cidade - e não houve confirmações ainda. Do total, quatro pessoas morreram, três no Núcleo Residencial do Eulina onde a Vigilância investiga um surto provável da doença e uma no São Domingos.

De acordo com a médica sanitarista Naoko da Silveira, da Vigilância Epidemiológica da Covisa, apesar de atingir menos gente do que outras doenças infecciosas, a febre maculosa preocupa pela alta taxa de letalidade entre 40% e 50%.

Entretanto, segundo Naoko, se tratada no início do aparecimento dos sintomas, geralmente tem boa evolução. O tratamento consiste na administração precoce de antibióticos (cloranfenicol ou doxiciclina). Quanto mais precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de cura, diz a médica sanitarista. Ela informa que em 2005 em Campinas a taxa de cura atingiu 85% - dos sete casos confirmados, apenas um foi a óbito.

Prevenção

Não há vacinas disponíveis para a febre maculosa. No entanto, as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la. O ideal é não freqüentar as áreas infestadas por carrapatos. Se for necessário entrar nestes locais - por motivos profissionais ou outros -, devem ser usadas calças e camisas de mangas compridas e roupas claras para facilitar a visualização. Também é aconselhável a inspeção do corpo para verificar a presença de carrapatos.

De acordo com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante para a prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de inoculação de bactérias e portanto de surgir febre maculosa e de complicações locais como reação inflamatória ou infecção secundária.

Por isso, a orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde. Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o carrapato, operação que deve ser feita com luva. Ele também pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de saúde e maneiras de prevenção.

Denize Assis

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