A
Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenadoria
de Vigilância em Saúde (Covisa), promove nesta
terça-feira, 15 de agosto, no anfiteatro do Ceprocamp,
seminário de atualização em febre maculosa para médicos
e enfermeiros das redes pública e privada de saúde de
Campinas. O mesmo seminário será promovido de manhã, das
8h30 às 10h30, e à tarde, das 14h às 16h. Não é
necessário se inscrever antes. A expectativa é reunir
entre 150 e 200 pessoas.
O evento é
promovido em conjunto com o Centro de Vigilância
Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo, Direção
Regional de Saúde (DIR-XII) e Núcleo de Vigilância
Epidemiológica (NVE) do Hospital das Clínicas da
Unicamp, e tem apoio da Sociedade de Medicina e Cirurgia
de Campinas (SMCC).
O objetivo
é atualizar as equipes e fortalecer a rede de
diagnóstico e tratamento da doença que é endêmica na
região de Campinas e que, neste período do ano, sofre um
aumento no número de notificações.
O
seminário será dividido em quatro blocos. O primeiro é a
abertura, que será feita pela equipe da Covisa. Em
seguida, uma palestra proferida pela médica sanitarista
Giselda Katz, da Divisão de Zoonoses da Secretaria de
Estado da Saúde, vai tratar de aspectos epidemiológicos
e ocorrência de surtos no Estado de São Paulo.
No
terceiro bloco, o médico infectologista Rodrigo Angerami,
que atua na Secretaria de Saúde de Campinas e integra o
NVE do Hospital das Clínicas da Unicamp, vai falar sobre
diagnóstico e tratamento. Para finalizar, acontece
debate.
Doença
endêmica
A febre
maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril
aguda, provocada por uma bactéria (Rickttsia
rickettssii) transmitida ao homem pelo
carrapato-estrela (Amblyomma cajennense). A
doença não é transmitida de pessoa para pessoa.
Comum na
região de Campinas, a febre maculosa produz sintomas
parecidos com os de outras doenças, como leptospirose e
dengue. Os primeiros sinais são febre, dor de cabeça,
dores no corpo, mal-estar generalizado, náuseas e
vômitos. Em geral, entre o segundo e o sexto dia da
doença, surgem manchas vermelhas na pele.
A doença
passou a ser de notificação obrigatória na região da DIR
XII em 1989 e no País em 2001. Isto significa que os
casos devem ser informados à Vigilância em Saúde pelo
meio mais rápido disponível, demandando investigação
epidemiológica com busca ativa, para evitar a ocorrência
de novos casos e óbitos.
Em
Campinas, os primeiros casos de febre maculosa foram
registrados em 1995. Desde lá, o número de registros vem
aumentando sendo que até 2005 a Secretaria Municipal de
Saúde confirmou 32 casos na cidade. Seis deles foram a
óbito.
Este ano
foram notificados 140 casos suspeitos sendo um surto com
19 casos no Núcleo Residencial do Eulina e demais casos
dispersos na cidade - e não houve confirmações ainda. Do
total, quatro pessoas morreram, três no Núcleo
Residencial do Eulina onde a Vigilância investiga um
surto provável da doença e uma no São Domingos.
De acordo
com a médica sanitarista Naoko da Silveira, da
Vigilância Epidemiológica da Covisa, apesar de atingir
menos gente do que outras doenças infecciosas, a febre
maculosa preocupa pela alta taxa de letalidade entre 40%
e 50%.
Entretanto, segundo Naoko, se tratada no início do
aparecimento dos sintomas, geralmente tem boa evolução.
O tratamento consiste na administração precoce de
antibióticos (cloranfenicol ou doxiciclina). Quanto mais
precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade
de cura, diz a médica sanitarista. Ela informa que em
2005 em Campinas a taxa de cura atingiu 85% - dos sete
casos confirmados, apenas um foi a óbito.
Prevenção
Não há
vacinas disponíveis para a febre maculosa. No entanto,
as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la. O
ideal é não freqüentar as áreas infestadas por
carrapatos. Se for necessário entrar nestes locais - por
motivos profissionais ou outros -, devem ser usadas
calças e camisas de mangas compridas e roupas claras
para facilitar a visualização. Também é aconselhável a
inspeção do corpo para verificar a presença de
carrapatos.
De acordo
com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o
momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa
parasitada é importante para a prevenção da doença.
Quanto mais precoce, completa e segura a retirada, menor
a chance de inoculação de bactérias e portanto de surgir
febre maculosa e de complicações locais como reação
inflamatória ou infecção secundária.
Por isso,
a orientação da Secretaria de Saúde é para que a
retirada de carrapatos seja feita, de preferência, nos
Centros de Saúde. Nestes serviços, o profissional está
preparado para retirar o carrapato, operação que deve
ser feita com luva. Ele também pode verificar se há
outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e
orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar o
profissional de saúde e maneiras de prevenção.
Denize
Assis