Bloqueio vacinal contra meningite atingiu 4,4 mil na área do São Marcos

06/08/2007

A Secretaria de Saúde de Campinas vacinou 4.497 pessoas na faixa etária de dois meses a 34 anos no último sábado, 4 de agosto, durante bloqueio contra a meningite meningocócica C na Vila Esperança e em parte dos bairros Jardim São Marcos e Jardim Campineiro, nas abrangências dos Centros de Saúde (CSs) São Marcos e Santa Mônica, região norte do município.

Nesta comunidade, entre 10 e 30 de julho, a Vigilância em Saúde notificou oito casos da doença. Todos os pacientes apresentaram meningococcemia – quando a bactéria se espalha no organismo, como uma septicemia. Não houve óbitos. As pessoas acometidas têm entre 2 e 30 anos de idade e moram próximos uns dos outros, numa área geográfica delimitada. Esta situação é caracterizada como surto de doença meningocócica, segundo critério do Ministério da Saúde.

“Diante da ocorrência, após discussão com o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde e com o Ministério da Saúde, a indicação foi de vacinação de bloqueio da população moradora das áreas próximas às residências dos doentes, como ação complementar à quimioprofilaxia - bloqueio com antibiótico, no caso a Rifampicina -, que já havia sido realizada em todos os casos”, diz a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas.

Brigina informa que o bloqueio mobilizou 191 pessoas para os trabalhos em campo, além 17 profissionais que atuaram na supervisão e apoio e 12 motoristas. A ação ocorreu de casa em casa. Para as pessoas que não se encontravam nas suas residências no sábado, as equipes deixaram uma carta convocando que compareçam ao CS São Marcos ou CS Santa Mônica para tomar a dose durante esta semana.

“A ação é específica para a população com idade entre dois meses e 34 anos moradora daquela comunidade. No momento, não há indicação para vacinar pessoas fora daquela área. A idade para o corte é estipulada de acordo com a faixa etária acometida”, informa Brigina.

Segundo a sanitarista, ainda podem ser registrados casos no local, já que o organismo das pessoas leva um tempo para responder ao estímulo da vacina. “Nos próximos 15 dias ainda podem aparecer pessoas com a doença. Portanto, a orientação é que a comunidade esteja atenta aos sintomas e, frente a algum deles, procure um Centro de Saúde ou um hospital e informe ser morador da área do surto, para poder facilitar o diagnóstico precoce da doença e o tratamento”, diz.

A médica sanitarista Naoko Jardim, da Vigilância em Saúde de Campinas, afirma que o sinal característico da meningite meningocócica é febre alta com início abrupto acompanhada de dor de cabeça, vômito, dor na região do pescoço e, nas crianças muito pequenas, irritabilidade, choro, gemido, e letargia entre outros.

“Também podem ocorrer lesões ou manchas arroxeadas e avermelhadas na pele, chamadas petéquias. Mediante estes sinais, a pessoa deve ser encaminhada imediatamente ao serviço de saúde porque o diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para a boa evolução do caso”, diz.

Além disso, segundo Naoko, a notificação rápida por parte dos serviços de saúde e o esforço no sentido de identificar o agente etiológico são extremamente importantes para que a Vigilância em Saúde possa desencadear medidas necessárias para conter a doença.

De acordo com a Secretaria de Saúde, esta é a primeira vez que Campinas registra um surto de meningite meningocócica. A Secretaria informa ainda que a vacina contra a meningite meningocócica C consta no calendário do Programa Nacional de Imunização para casos especiais como os de surtos e epidemias e para pessoas com risco aumentado como aquelas com sistema imunológico debilitado ou que perderam algum órgão. Portanto, não está disponível na rotina dos centros de saúde.

Informe técnico. Além dos bloqueios com quimioprofilaxia e vacinação, a Secretaria de Saúde distribuiu para toda rede pública municipal de saúde informe técnico sobre doença meningocócica – que inclui meningite meningocócica e meningococcemia – no município. O objetivo é que as equipes de saúde fiquem sob alerta para a ocorrência de casos suspeitos, principalmente de pacientes oriundos da área da Vila Esperança/São Marcos.

De acordo com o informe, de janeiro a 5 de agosto de 2007, foram confirmados 22 casos de doença meningocócica entre moradores de Campinas, predominando o sorogrupo C. O total, inclui o surto. A maioria dos casos, 74%, foram em maiores de 5 anos. Não houve mortes.

Em 2006, no mesmo período, ocorreram 15 casos da mesma doença no município, com três óbitos. No ano todo, foram 27 com predomínio do sorogrupo B. Em 2005, foram notificados 22 casos e seis óbitos, o que configurou taxa de letalidade de 27,3%.

Saiba mais. A doença meningocócica é uma infecção aguda causada por bactéria e pode atingir todas as pessoas, independente da faixa etária. No entanto, é mais comum nas crianças. A doença meningocócica é transmitida de uma pessoa para outra por secreção respiratória. Tem tratamento e a maioria dos casos evolui para cura, sendo que, às vezes, pode deixar seqüelas.

Trata-se de uma doença que ocorre durante todos os meses do ano. Mas, nas épocas mais frias, como acontece com todas as doenças de transmissão respiratória, observa-se aumento nas ocorrências.

Entre os diferentes tipos de meningite, a meningite meningocócica é considerada a mais importante em virtude de sua gravidade e potencial de transmissão. “É uma doença que exige constante vigilância dos centros de saúde e dos hospitais no sentido de agir rapidamente para fazer o diagnóstico e tratamento precoces. No caso do surto da Vila Esperança/São Marcos, todas as medidas indicadas para que a doença não se espalhe foram adotadas. No restante da cidade, os coeficientes de incidência estão baixos e vêm mantendo uma estabilização em relação aos anos anteriores. Portanto, a população não precisa ficar apreensiva”, afirma o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.

Denize Assis

Volta ao índice de notícias