A Secretaria
de Saúde de Campinas vacinou 4.497 pessoas na faixa etária
de dois meses a 34 anos no último sábado, 4 de agosto,
durante bloqueio contra a meningite meningocócica C na Vila
Esperança e em parte dos bairros Jardim São Marcos e Jardim
Campineiro, nas abrangências dos Centros de Saúde (CSs) São
Marcos e Santa Mônica, região norte do município.
Nesta
comunidade, entre 10 e 30 de julho, a Vigilância em Saúde
notificou oito casos da doença. Todos os pacientes
apresentaram meningococcemia – quando a bactéria se espalha
no organismo, como uma septicemia. Não houve óbitos. As
pessoas acometidas têm entre 2 e 30 anos de idade e moram
próximos uns dos outros, numa área geográfica delimitada.
Esta situação é caracterizada como surto de doença
meningocócica, segundo critério do Ministério da Saúde.
“Diante da
ocorrência, após discussão com o Centro de Vigilância
Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde e com
o Ministério da Saúde, a indicação foi de vacinação de
bloqueio da população moradora das áreas próximas às
residências dos doentes, como ação complementar à
quimioprofilaxia - bloqueio com antibiótico, no caso a
Rifampicina -, que já havia sido realizada em todos os
casos”, diz a enfermeira sanitarista Brigina Kemp,
coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas.
Brigina
informa que o bloqueio mobilizou 191 pessoas para os
trabalhos em campo, além 17 profissionais que atuaram na
supervisão e apoio e 12 motoristas. A ação ocorreu de casa
em casa. Para as pessoas que não se encontravam nas suas
residências no sábado, as equipes deixaram uma carta
convocando que compareçam ao CS São Marcos ou CS Santa
Mônica para tomar a dose durante esta semana.
“A ação é
específica para a população com idade entre dois meses e 34
anos moradora daquela comunidade. No momento, não há
indicação para vacinar pessoas fora daquela área. A idade
para o corte é estipulada de acordo com a faixa etária
acometida”, informa Brigina.
Segundo a
sanitarista, ainda podem ser registrados casos no local, já
que o organismo das pessoas leva um tempo para responder ao
estímulo da vacina. “Nos próximos 15 dias ainda podem
aparecer pessoas com a doença. Portanto, a orientação é que
a comunidade esteja atenta aos sintomas e, frente a algum
deles, procure um Centro de Saúde ou um hospital e informe
ser morador da área do surto, para poder facilitar o
diagnóstico precoce da doença e o tratamento”, diz.
A médica
sanitarista Naoko Jardim, da Vigilância em Saúde de
Campinas, afirma que o sinal característico da meningite
meningocócica é febre alta com início abrupto acompanhada de
dor de cabeça, vômito, dor na região do pescoço e, nas
crianças muito pequenas, irritabilidade, choro, gemido, e
letargia entre outros.
“Também podem
ocorrer lesões ou manchas arroxeadas e avermelhadas na pele,
chamadas petéquias. Mediante estes sinais, a pessoa deve ser
encaminhada imediatamente ao serviço de saúde porque o
diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para a
boa evolução do caso”, diz.
Além disso,
segundo Naoko, a notificação rápida por parte dos serviços
de saúde e o esforço no sentido de identificar o agente
etiológico são extremamente importantes para que a
Vigilância em Saúde possa desencadear medidas necessárias
para conter a doença.
De acordo com
a Secretaria de Saúde, esta é a primeira vez que Campinas
registra um surto de meningite meningocócica. A Secretaria
informa ainda que a vacina contra a meningite meningocócica
C consta no calendário do Programa Nacional de Imunização
para casos especiais como os de surtos e epidemias e para
pessoas com risco aumentado como aquelas com sistema
imunológico debilitado ou que perderam algum órgão.
Portanto, não está disponível na rotina dos centros de
saúde.
Informe
técnico. Além dos bloqueios com quimioprofilaxia e
vacinação, a Secretaria de Saúde distribuiu para toda rede
pública municipal de saúde informe técnico sobre doença
meningocócica – que inclui meningite meningocócica e
meningococcemia – no município. O objetivo é que as equipes
de saúde fiquem sob alerta para a ocorrência de casos
suspeitos, principalmente de pacientes oriundos da área da
Vila Esperança/São Marcos.
De acordo com
o informe, de janeiro a 5 de agosto de 2007, foram
confirmados 22 casos de doença meningocócica entre moradores
de Campinas, predominando o sorogrupo C. O total, inclui o
surto. A maioria dos casos, 74%, foram em maiores de 5 anos.
Não houve mortes.
Em 2006, no
mesmo período, ocorreram 15 casos da mesma doença no
município, com três óbitos. No ano todo, foram 27 com
predomínio do sorogrupo B. Em 2005, foram notificados 22
casos e seis óbitos, o que configurou taxa de letalidade de
27,3%.
Saiba mais.
A doença meningocócica é uma infecção aguda causada por
bactéria e pode atingir todas as pessoas, independente da
faixa etária. No entanto, é mais comum nas crianças. A
doença meningocócica é transmitida de uma pessoa para outra
por secreção respiratória. Tem tratamento e a maioria dos
casos evolui para cura, sendo que, às vezes, pode deixar
seqüelas.
Trata-se de
uma doença que ocorre durante todos os meses do ano. Mas,
nas épocas mais frias, como acontece com todas as doenças de
transmissão respiratória, observa-se aumento nas
ocorrências.
Entre os
diferentes tipos de meningite, a meningite meningocócica é
considerada a mais importante em virtude de sua gravidade e
potencial de transmissão. “É uma doença que exige constante
vigilância dos centros de saúde e dos hospitais no sentido
de agir rapidamente para fazer o diagnóstico e tratamento
precoces. No caso do surto da Vila Esperança/São Marcos,
todas as medidas indicadas para que a doença não se espalhe
foram adotadas. No restante da cidade, os coeficientes de
incidência estão baixos e vêm mantendo uma estabilização em
relação aos anos anteriores. Portanto, a população não
precisa ficar apreensiva”, afirma o secretário municipal de
Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.
Denize Assis