Autor: Diego Geraldo
Homens costumam
morrer mais precocemente de diabetes comparado a mulheres em
Campinas, releva o Boletim de Mortalidade n.º 48, que trata
das mortes causadas pela doença e foi lançado na última
segunda-feira, dia 6 de agosto, no Antiteatro 3 da
Universidade de Campinas (Unicamp).
O estudo foi
realizado em parceria da Secretária Municipal de Saúde e do
Centro Colaborador em Análise de Situação do Departamento de
Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências
Médicas da universidade.
O relatório
mostra que entre 2008 e 2010, 45,7% das mortes por diabetes
em mulheres ocorrem depois dos 80 anos; 24,9% dos 70 aos 79
anos; 17,3% entre 60 e 69 anos; 7,6% entre 50 e 59 anos;
4,2% dos 40 aos 49 anos e 0,3 dos 20 aos 29 anos.
Já entre os
homens, 24,4% das mortes ocorrem depois dos 80 anos; 27,6%
dos 70 aos 79; 23,6% entre 60 e 69 anos; 15,3% entre os 50 e
os 59 anos; 6,2% entre 40 e 49 anos; e 2,9% entre 20 e 39
anos.
A coordenadora
do estudo pela secretaria, Solange Mattos Almeida, afirma
que esse resultado é explicado pelo maior cuidado que as
mulheres dedicam ao tratamento. “Com relação as mortes serem
mais precoces no homens, nós acreditamos que seja porque a
mulher procura mais o atendimento de saúde e, com isso, o
diagnóstico é realizado mais precocemente. Isso aliado a
maior adesão ao tratamento (medicamentoso e a dieta) resulta
em uma diminuição das complicações no sexo feminino”, disse.
Aumento
O estudo também
mostra que até o século passado, era maior o número de
mortes por diabetes em mulheres, se feito o cálculo de
mortes a cada 100 mil habitantes. A estatística se inverteu
e, proporcionalmente, morrem mais homens do que mulheres por
diabetes na cidade.
Entre 1980 e
1995, houve um decréscimo da tendência de mortalidade por
diabetes em Campinas em ambos os sexos, com queda de 27,2%
entre os homens e 38,1% entre as mulheres. A partir de 1996
a tendência de inverteu com o aumento de mortes de 71,6%
entre os homens e 6,2% entre as mulheres.
Distritos
Também foi
realizado o estudo detalhando os óbitos de acordo com a
região da cidade onde o paciente habita. No sexo masculino a
taxa de mortalidade a cada 100 mil habitantes não varia
muito de acordo com o distrito. O que encontra a maior taxa
de mortalidade é o Norte, com 33,9 óbitos, enquanto o
Sudoeste apresenta a menor taxa, com 27.
Já entre as
mulheres o distrito Leste apresenta uma mortalidade bem
menor em relação aos outros, com 18,9 mortes a cada 100 mil
habitantes. O que apresenta maior taxa é o Sudoeste, com
29,8.
Comparação
Os coeficientes
de mortes por diabetes em Campinas são inferiores aos de
algumas outras cidades brasileiras e ao Brasil, são
semelhantes a outros países latino-americanos como Argentina
e Chile, mas elevados se comparados com países desenvolvidos
como Japão e Reino Unido.
Por exemplo, em
pessoas com mais de 55 anos, Campinas apresentou em 2009 uma
média de 67,9 óbitos a cada 100 mil habitantes entre homens
e 23,5 entre mulheres. Em Brasília, na mesma faixa etária,
são 62,9 mortes entre homens e 71,4 entre mulheres.
No Brasil, são
71,5 mortes a cada 100 mil habitantes entre homens e 64,1
nas mulheres. Na Argentina, são 61,9 para homens e 35,8
entre as mulheres. O Japão é o país que apresenta melhores
resultados, com 13,8 mortes em homens e 4,7 em mulheres.
Cuidados
O estudo
concluiu que o aumento do risco de mortalidade por diabetes,
verificado em Campinas desde a metade dos anos 90, com
elevação intensa no sexo masculino, alertam para a
necessidade de um controle mais efetivo da doença. “A adesão
apropriada ao tratamento e às condutas de controle dos
níveis glicêmicos possibilitariam diminuir a frequência de
complicações e óbitos prematuros. Também é importante que a
população melhore a qualidade da dieta e pratique com
regularidade exercícios físicos para a redução da incidência
do diabetes na cidade”, analisou Solange.
Estrutura
Na apresentação
do relatório, o secretário de Saúde, Fernando Brandão,
apresentou as ações realizadas pela Prefeitura no tratamento
do diabetes.
Entre as
medidas estão a distribuição de mais de 14 milhões de
medicamentos hipoglicemiantes, 149 mil frascos de insulina,
10 mil aparelhos para medida de glicemia e 260 mil tiras
paramédicas de glicemia capilar.
Além dos
medicamentos, a secretaria vai capacitar 200 médicos sobre a
doença e disponibilizar para auxílio dos trabalhadores o
protocolo assistencial da Linha de Cuidado de Diabetes.
Nos Centros de
Saúde, a população recebe acompanhamento adequado, com
exames periódicos e tem acesso a uma série de atividades
físicas, para combate da doença.
“É muito
importante o profissional qualificado para o acompanhamento
correto do paciente, que precisa passar por uma mudança de
estilo de vida para combater a doença”, destacou o
secretário.