Estudo aponta que homens morrem mais cedo de diabetes

08/08/2012

Autor: Diego Geraldo

Homens costumam morrer mais precocemente de diabetes comparado a mulheres em Campinas, releva o Boletim de Mortalidade n.º 48, que trata das mortes causadas pela doença e foi lançado na última segunda-feira, dia 6 de agosto, no Antiteatro 3 da Universidade de Campinas (Unicamp).

O estudo foi realizado em parceria da Secretária Municipal de Saúde e do Centro Colaborador em Análise de Situação do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas da universidade.

O relatório mostra que entre 2008 e 2010, 45,7% das mortes por diabetes em mulheres ocorrem depois dos 80 anos; 24,9% dos 70 aos 79 anos; 17,3% entre 60 e 69 anos; 7,6% entre 50 e 59 anos; 4,2% dos 40 aos 49 anos e 0,3 dos 20 aos 29 anos.

Já entre os homens, 24,4% das mortes ocorrem depois dos 80 anos; 27,6% dos 70 aos 79; 23,6% entre 60 e 69 anos; 15,3% entre os 50 e os 59 anos; 6,2% entre 40 e 49 anos; e 2,9% entre 20 e 39 anos.

A coordenadora do estudo pela secretaria, Solange Mattos Almeida, afirma que esse resultado é explicado pelo maior cuidado que as mulheres dedicam ao tratamento. “Com relação as mortes serem mais precoces no homens, nós acreditamos que seja porque a mulher procura mais o atendimento de saúde e, com isso, o diagnóstico é realizado mais precocemente. Isso aliado a maior adesão ao tratamento (medicamentoso e a dieta) resulta em uma diminuição das complicações no sexo feminino”, disse.

Aumento

O estudo também mostra que até o século passado, era maior o número de mortes por diabetes em mulheres, se feito o cálculo de mortes a cada 100 mil habitantes. A estatística se inverteu e, proporcionalmente, morrem mais homens do que mulheres por diabetes na cidade.

Entre 1980 e 1995, houve um decréscimo da tendência de mortalidade por diabetes em Campinas em ambos os sexos, com queda de 27,2% entre os homens e 38,1% entre as mulheres. A partir de 1996 a tendência de inverteu com o aumento de mortes de 71,6% entre os homens e 6,2% entre as mulheres.

Distritos

Também foi realizado o estudo detalhando os óbitos de acordo com a região da cidade onde o paciente habita. No sexo masculino a taxa de mortalidade a cada 100 mil habitantes não varia muito de acordo com o distrito. O que encontra a maior taxa de mortalidade é o Norte, com 33,9 óbitos, enquanto o Sudoeste apresenta a menor taxa, com 27.

Já entre as mulheres o distrito Leste apresenta uma mortalidade bem menor em relação aos outros, com 18,9 mortes a cada 100 mil habitantes. O que apresenta maior taxa é o Sudoeste, com 29,8.

Comparação

Os coeficientes de mortes por diabetes em Campinas são inferiores aos de algumas outras cidades brasileiras e ao Brasil, são semelhantes a outros países latino-americanos como Argentina e Chile, mas elevados se comparados com países desenvolvidos como Japão e Reino Unido.

Por exemplo, em pessoas com mais de 55 anos, Campinas apresentou em 2009 uma média de 67,9 óbitos a cada 100 mil habitantes entre homens e 23,5 entre mulheres. Em Brasília, na mesma faixa etária, são 62,9 mortes entre homens e 71,4 entre mulheres.

No Brasil, são 71,5 mortes a cada 100 mil habitantes entre homens e 64,1 nas mulheres. Na Argentina, são 61,9 para homens e 35,8 entre as mulheres. O Japão é o país que apresenta melhores resultados, com 13,8 mortes em homens e 4,7 em mulheres.

Cuidados

O estudo concluiu que o aumento do risco de mortalidade por diabetes, verificado em Campinas desde a metade dos anos 90, com elevação intensa no sexo masculino, alertam para a necessidade de um controle mais efetivo da doença. “A adesão apropriada ao tratamento e às condutas de controle dos níveis glicêmicos possibilitariam diminuir a frequência de complicações e óbitos prematuros. Também é importante que a população melhore a qualidade da dieta e pratique com regularidade exercícios físicos para a redução da incidência do diabetes na cidade”, analisou Solange.

Estrutura

Na apresentação do relatório, o secretário de Saúde, Fernando Brandão, apresentou as ações realizadas pela Prefeitura no tratamento do diabetes.

Entre as medidas estão a distribuição de mais de 14 milhões de medicamentos hipoglicemiantes, 149 mil frascos de insulina, 10 mil aparelhos para medida de glicemia e 260 mil tiras paramédicas de glicemia capilar.

Além dos medicamentos, a secretaria vai capacitar 200 médicos sobre a doença e disponibilizar para auxílio dos trabalhadores o protocolo assistencial da Linha de Cuidado de Diabetes.

Nos Centros de Saúde, a população recebe acompanhamento adequado, com exames periódicos e tem acesso a uma série de atividades físicas, para combate da doença.

“É muito importante o profissional qualificado para o acompanhamento correto do paciente, que precisa passar por uma mudança de estilo de vida para combater a doença”, destacou o secretário.

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