Campinas lança relatórios sobre violências e acidentes

22/08/2012

Autor: Diego Geraldo

A Prefeitura Municipal de Campinas, por meio das secretarias de Saúde, de Cidadania, Assistência e Inclusão Social e de Educação, lançou nesta terça-feira, dia 21 de agosto, o Boletim SISNOV 6, do Sistema de Notificação de Violências e o Inquérito VIVA 2009, de Vigilância de Violências e Acidentes.

O lançamento aconteceu no Salão Vermelho do Paço e reuniu gestores, profissionais de saúde, assistência e educação, universidades, Guarda Municipal, sociedade civil e organizações não governamentais envolvidas.

"Esse tipo de informação dá subsídio na implantação de políticas de prevenção de violência e acidentes através da inteligência. A Saúde tem feito o seu papel e estimulando a produção de dados para um melhor acolhimento. Como consequência, teremos um melhor atendimento às vítimas", disse o secretário de Saúde, Fernando Brandão, na abertura do evento.

O secretário de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, Dimas Gonçalves, também destacou o papel da coleta de dados no planejamento de ações. "É um trabalho integrado entre as secretarias para garantir a preservação da vida. É necessário analisar os dados e transformá-los em ações", destacou o secretário.

Representando a secretaria de Educação, Dirceu Pio Magalhães Neto, falou sobre o compromisso da Pasta na qualificação dos profissionais. "Estamos treinando os trabalhadores para identificar e enviar dados, contribuindo na prevenção da violência contra a criança e o adolescente nas escolas", disse.

SISNOV

As violências doméstica e sexual são registradas em Campinas por meio do sistema de notificação eletrônico SISNOV. Este sistema revela que, no período de 1 de julho de 2005 a 31 de dezembro de 2011, foram registrados 5.735 casos.

Em 2011 foram 1.279 notificações, sendo que a secretaria municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, liderou com 475, seguida pela Saúde com 440 notificações, seguido pelo grupo de unidades da Universidade de Campinas (Unicamp), com 249. A Educação passou a integrar o sistema este ano e notificou 11 ocorrências.

Quanto ao perfil etário predominam as notificações referentes a crianças e adolescentes, com 52,3% dos casos. 33,6% dos casos são de pessoas em adultos e 14,1% em pessoas com mais de 60 anos.

Em relação a 2010, houve uma diminuição nos casos em menores de idade, 675 em 2010 contra 638 em 2011; um aumento nos adultos de 310 para 409 notificações; e um significativo aumento entre os idosos de 58 para 172 casos.

"Cada notificação não quer dizer necessariamente casos, já que a mesma vítima pode ter sofrido vários tipos de violência. O grande aumento nos casos dos idosos se deu pela entrada dos dados no SISNOV de uma organização que cuida de pessoas com mais de 60 anos e representou boa parte das ocorrências", explicou Carlos Avancini, da Coordenadoria de Informação e Informática da Secretaria de Saúde.

A violência sexual apresentou aumento nas notificações de 2010 para 2011. Foram registrados 396 casos, a maioria estupros que foram 325. "Além da redefinição jurídica de estupro que hoje engloba atentado violento ao pudor, esse aumento dos casos de violência sexual parecem coincidir com os dados da Segurança Pública", disse Verônica Alencar, coordenadora do Programa Iluminar, que cuida das vítimas de violência sexual.

Em relação a violência contra crianças e adolescentes há um predomínio da Violência Doméstica. "Apesar de não ser o local que caracteriza a Violência Doméstica e sim a relação de responsabilidade entre vítima e autor, a residência tem sido o local onde mais ocorre a Violação de Direitos", disse Rosemeire da Silva Raymundo, profissional do Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS.

As vítimas na maioria são do sexo feminino e a negligência tem sido o tipo mais notificado, seguida da violência sexual, violência física e psicológica. Do total de notificações, 10% das vítimas residem fora de Campinas.

Inquérito VIVA

O inquérito VIVA veio de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Saúde durante o mês de outubro de 2009, que coletou dados de oitos unidades de urgência e emergência públicas e sete privadas. Normalmente esses inquéritos são feitos apenas no setor público.

Os resultados apresentados foram analisados em parceria com o Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde da Unicamp.

"O VIVA é mais amplo que outros dados existentes porque, além de considerar casos de mortes ou graves, também considera os atendimentos de menor complexidade", explica a Naoko Silveira, do Núcleo de Prevenção de Violência e Acidentes da Secretaria Municipal de Saúde.

Foram 1.094 fichas de atendimento, sendo que o hospital que mais forneceu dados foi o Mário Gatti, com 15%; seguido pelo Ouro Verde com 9,9%; e a Casa de Saúde com 9,7%.

A maioria dos atendimentos ocorreu em homens, 59,7%. Na faixa etária, a que mais teve ocorrências foram entre 20 e 29 anos, com 29,1%.

Os hospitais públicos atenderam mais crianças, enquanto os privados mais idosos, sendo que 63,5% das pessoas utilizaram de veículos próprios para chegar ao atendimento.

Os tipos de acidentes mais comuns foram quedas - principalmente entre idosos - seguidos de acidentes de trânsito, choques e entorses.

Considerando que 55% da população de Campinas possui alguém tipo de plano de saúde, 70% dos atendimentos ocorreram no setor público. O setor público também foi responsável pelos atendimentos mais graves.

Naoko explica que os dados servirão para o planejamento de políticas públicas, apontar a população mais vulnerável e os tipos mais comuns de atendimento, que a inclusão periódica de serviços privados nos dá o universo dos atendimentos na cidade e reforça que o SUS é o principal financiador dos atendimentos de urgência e emergência na cidade.

Fotos de Rogério Capela

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