O Núcleo de
Epidemiologia Hospital/Conselho de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH) do Hospital Municipal "Dr. Mário Gatti"
(HMMG) participou, no período de 3 a 7 de setembro, em Curitiba,
do 8º Congresso Brasileiro de Controle de Infecção Hospitalar.
O tema do Congresso foi "A construção de um novo modelo de
combate à infecão hospitalar".
Os médicos
Carlos Magno Fortaleza, presidente do CCIH, e Orlando Bratfich,
microbiologista do Laboratório de Análises Clínicas do HMMG e
membro consultor do CCIH, participaram do evento representando o
Hospital Mário Gatti.
Conforme explica
Carlos Magno, a participação do Mário Gatti em eventos como
esse, "além de capacitar nossos profissionais, serve para
manter o Hospital atualizado e em sintonia com os avanços na área
da prevenção da infecção Hospitalar, o que resulta sempre na
melhoria da qualidade do atendimento".
Esse Congresso,
conforme explica o médico, funcionou como um grande fórum onde
cada instituição de saúde, inclusive o Mário Gatti, apresentou
seus problemas e avanços nesse assunto. Segundo dados do governo
federal, atualmente 15% dos pacientes internados no Brasil
contraem algum tipo de infecção hospitalar.
No entender de
Carlos Magno, as discussões que envolvem a infecção hospitalar
acabam sempre esbarrando no excesso de dados colhidos e na
insuficiência de ações práticas. Desta vez, para fugir desse
viés, segundo ele, o Congresso centrou as discussões nas áreas
específicas dos hospitais onde as comissões de controle devem
agir.
"Isso foi
muito importante, uma vez que esse direcionamento foi adequado
para a apresentação dos nossos trabalhos no Congresso. Os
debates e exposições nos deram muitos subsídios acerca dos
modelos a serem adotados para controlar esse problema",
finalizou.
Ele ressaltou,
ainda que "o Hospital Mário Gatti tem demonstrado grande
preocupação com o problema da infecção hospitalar. Em abril de
2002, foi realizado um evento ("Semana de Prevenção da
Infecção Hospitalar") com ampla participação de
profissionais deste e de outros serviços, contando com
palestrantes de reconhecida experiência no assunto".
Médicos
apresentaram cinco trabalhos
No 8º Congresso
Brasileiro de Controle de Infecção Hospitalar, em Curitiba, os médicos
do HMMG, Carlos Magno Fortaleza e Orlando Bratfich apresentaram
cinco trabalhos.
Na primeira
apresentação, mostraram uma comparação do uso de antibióticos
nos dois principais públicos de Campinas, o Mário Gatti e o
Hospital das Clínicas da Unicamp. O trabalho constatou que,
embora com características semelhantes, o perfil dos medicamentos
antimicrobianos utilizados varia significativamente entre os
hospitais. "Isso nos dá base para uma abordagem diferenciada
ao uso indiscriminado dos medicamentos", explica Carlos
Magno.
O segundo
trabalho foi organizado a partir da incidência da infecção
hospitalar na Enfermaria de Cirurgia Geral e seus fatores de
risco.
Foi constatado
que a infecção tem relação direta com o tempo decorrido entre
a internação e a realização da cirurgia e a duração do ato
operatório, bem como com o caráter emergencial do atendimento.
O tema do
terceiro trabalho foi a infecção hospitalar na UTI do Mário
Gatti. Aí a infecção foi relacionada com o uso de dispositivos
como respiradores mecânicos, sondas e catéteres. Nesse caso, foi
avaliada a ação de bactérias super-resistentes, que torna
necessário o uso de antibióticos de última geração.
A equipe da CCIH,
no quarto trabalho, apresentou um estudo sobre isolados de Acinetobacter
baumannii, um dos mais importantes agentes de infecção
hospitalar na América Latina. Por meio de técnicas de biologia
molecular, constatau-se que 85% das bactérias dessa espécie
pertencem a duas linhagens disseminadas por todo o hospital. Como
a bactéria é transmitida de um paciente para outro, é
imprescondível que o trabalho de isolamento seja reforçado.
No quinto
trabalho, foram enfocados os acidentes com risco biológico por
categoria profissional e área de trabalho. Nessa apresentação
foram colocados os riscos de acidentes que podem envolver médicos,
enfermeiros, profissionais de laboratório, dentistas e agentes de
higiene, expondo esses profissionais a doenças como AIDS e
hepatites.
Identificou-se um
risco mais elevado para os médicos e dentistas no centro cirúrgico,
enquanto os demais profissionais apresentaram maior número de
acidentes nas enfermarias. Esses padrões sugerem que a discussão
de biossegurança no trabalho deve contemplar os riscos específicos
a que cada categoria é submetida.