Prefeitura promove reunião pública para informar sobre contaminação ambiental

24/09/2002

A Prefeitura de Campinas, representada pelas Secretarias de Saúde, de Obras, de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, esteve reunida no início da noite desta terça-feira (23 de setembro) com os moradores dos loteamentos das Mansões Santo Antônio, no bairro Santa Cândida, na região Leste de Campinas. Também foram convidados para a reunião pública os donos da área das imediações. Todos foram informados e puderam tirar suas dúvidas com relação à contaminação do solo e da água subterrânea da área. 

A contaminação ambiental foi ocasionada por uma já extinta indústria de produtos químicos, a Proquima. A empresa esteve instalada no local por mais de vinte anos, desde antes de 1976 até 1996. A fábrica foi, então, fechada e o terreno adquirido pela construtora Concima que, em 1997, iniciou lá a construção de um condomínio. Atualmente, já estão construídos na área três blocos de apartamentos, sendo que um deles já está ocupado por 43 famílias.

Em 15 de abril deste ano, a Prefeitura Municipal de Campinas foi informada oficialmente pela Cetesb, órgão responsável pelo Meio Ambiente no Estado de São Paulo, sobre a situação ambiental inadequada. Desde então, a Prefeitura tem adotado uma série de intervenções para conter ou atenuar a contaminação da área e para conter os riscos que ela possa trazer às pessoas. A população foi orientada para não utilizar água que provenha do solo. Equipes da Secretaria de Saúde interditaram 19 poços, lacraram uma nascente e outros três poços. Também foi providenciada ligação de água tratada pela Sanasa em três imóveis.

A Prefeitura, por sua vez, por meio dos agentes de saúde do Paidéia, iniciou cadastramento dos imóveis e dos moradores de toda área. Além de orientar e esclarecer a população, o objetivo do levantamento é avaliar o quanto as pessoas foram expostas e estabelecer um protocolo para investigação clínico-epidemiológica desta população.

A Prefeitura solicitou assessoria técnica à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que está sendo fornecida por meio de profissionais dos Departamentos de Medicina Preventiva e Social, de Química e de Geociências.

O trabalho da Prefeitura também tem apoio técnico da Fundacentro (órgão do Ministério do Trabalho), da Funasa (órgão do Ministério da Saúde) e da Fiocruz (órgão do Ministério da Saúde e do Governo de Estado do Rio de Janeiro), além da assessoria dos Centros de Vigilância Sanitária e de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde e da DIR 12 (Direção Regional de Saúde de Campinas).

A Prefeitura prossegue com os estudos para reconhecer a extensão do problema, com identificação de outras rotas possíveis de contaminação. Os agentes de saúde têm estado presentes na área, sempre reforçando que os
moradores não devem utilizar água que provenha do solo, nem mesmo para irrigação de plantas e hortaliças ou piscicultura. Eles também orientam e informam as pessoas sobre o andamento do processo de investigação e sobre as providências que estão sendo adotadas.

Produtos perigosos
A Proclima trabalhava com a recuperação de solventes, a partir de resíduos industriais ou solventes contaminados e, a fabricação de produtos de limpeza utilizando as seguintes substâncias: isopropanol, metanol, hidrocarboneto clorado húmido, querosene, etanol, toluol, butanol, dicloroetano, percloroetileno, acetona, clorfórmio em metanol, piridina, nomilfenoletoxilado, isobutilglicol, ácido fosfórico, soda líquida, ácido sulfônico, xileno sulfonato de sódio, sal quaternário de amônio, barrilha e tall-oil.

Até 1990, a Proquima recebeu, da Cetesb, 13 penalidades de advertência e cinco multas. Em julho de 90, a indústria foi interditada. A medida foi suspensa em agosto daquele mesmo ano, pelo juiz da 8ª Vara Cível da Comarca de Campinas. A liminar permitiu que a fábrica funcionasse até 7 de abril de 1995, quando foi assinado termo de compromisso com o Poder Judiciário para desativação da empresa em 18 meses. Em 1996, a Proquima encerrou as atividades.

Concima
Em 1996, a Concima S/A Construções Civis adquiriu o terreno da Proquima. Em 1997 iniciou a construção de oito blocos de apartamentos, sendo quatro em cada terreno de 8 mil metros quadrados.
Em 2001, quando ia iniciar o segundo empreedimento, a Concima teve que solicitar a autorização no Grapohab (órgão estadual que analisa projetos imobiliários acima de 15 mil metros quadrados). O pedido foi, então,
indeferido pela Cetesb por se tratar de área suspeita de contaminação.

Em 25 de outubro de 2001, a Cetesb autuou a Concima, por meio de auto de infração, e determinou algumas providências. Dentre elas, isolar a área, paralisar obras de terraplanagem, interromper a venda de apartamentos, avaliar a qualidade da água de poços, avaliar qualitativamente os compostos orgânicos voláteis e avaliar os níveis de explosividade destes compostos.


Risco
O primeiro inquérito sobre a contaminação não aponta a necessidade de remover pessoas da área. Porém, a Prefeitura está fazendo levantamento clínico-epidemiológico preliminar dos moradores e vai verificar se existe algum problema de saúde que possa estar relacionado com a contaminação.

A Prefeitura trabalha com diferentes níveis de exposição à contaminação. 
Dois públicos estiveram mais expostos. São os trabalhadores da Concima - 64 -, que atuaram na fundação, e funcionários de uma empresa de ônibus - 40 -, que lidavam com a água de um poço que está altamente contaminado.

Há também 847 moradores das chácaras, alguns que moram há vários anos no local e consumiam água do solo, e 112 pessoas que moram nos apartamentos construídos pela Concima, que estão lá há menos tempo e só consumiram água tratada.

Atualmente, com a lacração dos poços e a proibição de movimentação de terra, estão estancadas as fontes de contaminação. A recuperação da área é de responsabilidade do dono do terreno que, atualmente, é a Concima.

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