A Secretaria de
Saúde de Campinas vai adotar uma série de medidas educativas
para prevenir e combater a dengue na Região Sudoeste de
Campinas. As ações, divididas em quatro modalidades de
trabalho, são direcionadas aos mais diversos grupos da
comunidade.
Uma delas, a Primavera
sem dengue, é voltada aos alunos das escolas públicas da
região e aos grupos de usuários dos 10 Centros de Saúde da
Sudoeste, do Módulo de Saúde do Caic e do Centro de Convivência
Tear das Artes.
As equipes
dos Centros de Saúde e os profissionais de controle ambiental
do Distrito Sudoeste vão promover oficinas com os estudantes
e usuários dos serviços para informá-los sobre a doença e
ensiná-los a confeccionar o vaso `anti-dengue`.
O artefato é
obtido a partir de metade da garrafa pet transformada num
cachepô artesanal com encaixe perfeito para os vasos de
violeta, planta mais encontrada nas casas e escritórios de
Campinas. A idéia é estabelecer o dia da troca para que a
comunidade possa levar os pratos de vasos de plantas e trocá-los
pelo cachepô.
Pesquisa
recente promovida pela Secretaria de Saúde aponta que o
criadouro mais freqüente encontrado dentro das casas dos
campineiros é o prato de vaso de plantas.
A Região
Sudoeste, que registrou 144 casos de dengue entre janeiro e
agosto de 2003, é a área de Campinas com o maior número de
ocorrências da doença este ano. Em toda cidade, foram
notificados 451 casos.
Outro projeto
que já está na terceira semana de execução é o Criadouro
Zero. Às quartas-feiras, uma equipe de controle ambiental
da Vigilância em Saúde (Visa) Sudoeste visita empresas do
Distrito Industrial para sensibilizar os funcionários para a
questão da dengue, informá-los sobre a situação de
Campinas e como evitar a proliferação do mosquito Aedes
aegypti, que transmite o vírus da doença.
Segundo a bióloga
Elen Fagundes, coordenadora da Visa Sudoeste, o Criadouro
Zero envolve também a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (Cipas) das empresas. "A intenção é que
estes profissionais passem a organizar as ações de combate
à dengue no ambiente de trabalho", diz Elen. Na Deicmar,
empresa onde os trabalhos já foram iniciados, a equipe
instalou larvitrampas – armadilhas para verificar a
proliferação do mosquito.
A
coordenadora da Visa Sudoeste informa que as equipes também vão
desenvolver atividades educativas voltadas para moradores de
condomínios. No projeto chamado Saúde nos condomínios,
as equipes vão trabalhar com grupos de condôminos para
instituir a Comissão Interna de Apoio à Saúde.
Segundo Elen,
o principal problema no combate à dengue nos condomínios são
as chamadas pendências. Trata-se dos endereços aos quais as
equipes não conseguem ter acesso pelo fato do apartamento
estar fechado ou porque o morador não se encontra ou porque o
imóvel está à venda ou disponível para alugar.
De acordo com
a bióloga, o objetivo é que a comissão colabore para
reduzir estas pendências. "Também queremos ampliar o
trabalho para além da dengue, para que estes moradores possam
atuar em outras questões como na separação do lixo reciclável,
no controle de vetores como baratas e escorpiões e para que
saibam como proceder no caso de infestação de pombas ou ao
encontrar morcegos", diz.
Uma outra
frente de trabalho é o Projeto de controle social e
participação comunitária no controle da dengue. A idéia,
explica Elen, é promover oficinas de sensibilização com
integrantes dos Conselhos Locais de Saúde, das pastorais,
associações de moradores e outros representantes da população
para que eles sejam conscientizados sobre o problema da dengue
e disseminem as informações entre os grupos das suas
comunidades.
A psicóloga
Fernanda Borges, supervisora das ações da dengue em
Campinas, informa que o mosquito transmissor da dengue, o Aedes
aegypti, pode se desenvolver tanto nos bairros mais ricos
da cidade como se esconder no depósito de ferro velho ou nas
casa da periferia. "Onde houver condições favoráveis
– qualquer filete de água parada – é aí mesmo que ele
pode se desenvolver e se multiplicar", diz Fernanda.
A psicóloga
diz que o Aedes aegypti também não escolhe suas vítimas.
Podem ser adultos, jovens e crianças. De acordo com ela,
quando o mosquito infectado pelo vírus da dengue ataca o
homem, alguns dias depois podem surgir sintomas como febre,
acompanhada de um ou mais sintomas como dor de cabeça, mal
estar geral, fortes dores nos olhos, nos músculos e nas
juntas. A pessoa pode ainda apresentar manchas avermelhadas na
pele. Além disso sente falta de apetite e pode apresentar
sangramentos.
Segundo
Fernanda, ao apresentar os sintomas, a pessoa deve procurar,
no local onde mora, o Centro de Saúde em busca de auxílio.
"É importante nunca se automedicar principalmente porque
o uso de medicamentos indevidos como os a base de ácido
acetilsalicílico podem levar a manifestações hemorrágicas
e, aí, atrapalhar o tratamento", afirma Fernanda.