Campinas registra 420 casos novos de tuberculose a cada ano

03/09/2003

Doença continua sendo grave problema de saúde pública pelo grande número de mortes que provoca

A cada ano, o Brasil tem descoberto cerca de 90 mil doentes de tuberculose e registrado mais de 6 mil mortes. Em Campinas, a situação também é grave. Anualmente, são notificados 420 casos novos. Em 2001, 24 moradores do município morreram em conseqüência da doença.

Os dados foram divulgados por profissionais da Vigilância Epidemiológica Municipal na última terça-feira, 2 de setembro, durante a 9a Edição do Fórum Estadual de Tuberculose, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo.

No encontro, a equipe da Prefeitura de Campinas expôs os avanços obtidos no controle da tuberculose e as estratégias que estão sendo colocadas em prática no município. Foram relatadas as experiências desenvolvidas no Centro de Saúde (CS) Vila Rica, na Região sul, e nos CS Dic 1 e Santa Lúcia, na Região Sudoeste.

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, durante o Fórum, as autoridades sanitárias enfatizaram a questão da multirresistência do bacilo que causa a tuberculose. Ela explica que quando o paciente abandona o tratamento, ele pode adoecer novamente e desenvolver uma forma da doença que já não responde aos remédios que eram usados anteriormente.

"Além disso, é provável que o paciente espalhe esta forma de tuberculose mais forte e menos curável, conhecida como tuberculose resistente aos medicamentos", afirma Brigina.

No Brasil, atualmente, há 1.345 casos de pessoas que desenvolveram resistência aos medicamentos. Destes, 50% já iniciaram o tratamento pela terceira vez e 33% pela segunda. O percentual restante corresponde aos casos de pacientes que numa primeira vez já adquiriram o bacilo resistente.

Desafio

Segundo a enfermeira, Campinas também enfrenta o desafio de diminuir o número de pacientes que abandonam o tratamento. Do total de casos tratados na rede municipal (uma média de 560 por ano – incluindo 420 casos novos), 10,5% abandonam o tratamento antes de estarem curados. Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que, em 1995, a taxa de abandono era de 19%.

Na tentativa de superar este desafio, a Secretaria de Saúde de Campinas desenvolve, desde 2001, por meio do Programa de Saúde Paidéia, o Tratamento Supervisionado Modificado, uma forma de tratar que vai além de ver o paciente tomar a medicação. Segundo Brigina, neste modelo, o profissional de saúde também acolhe, assiste e estimula a pessoa a se tratar, além de trabalhar para que o paciente desenvolva autonomia no tratamento.

E, de acordo com a enfermeira, a grande diferença do Tratamento Supervisionado Modificado está na construção do vínculo entre pacientes e profissionais da saúde e da promoção social. "A freqüência dos contatos entre a equipe de saúde e o paciente é maior. Além disso, são desenvolvidos projetos terapêuticos individuais e a cidadania também é estimulada", diz.

A experiência de Campinas aponta que, quando o tratamento é auto administrado – feito pelo próprio paciente –, a taxa de cura fica em torno de 50%. Quando o tratamento é realizado com o apoio dos profissionais de saúde, este índice sobe para perto de 75%.

Quando suspeitar

O sintoma mais freqüente da tuberculose é a tosse, muitas vezes acompanha de escarro. Além da tosse, podem surgir febre baixa, geralmente no final da tarde, fraqueza no corpo, perda de apetite, dores no peito e nas costas, suores noturnos e, às vezes, escarro com sangue. A pessoa com tuberculose transmite a doença através das gotículas de saliva eliminadas através da tosse, fala ou espirro. A tuberculose tem cura. O tratamento é gratuito e todos os medicamentos estão disponíveis na rede pública de saúde.

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