Doença
continua sendo grave problema de saúde pública pelo grande número
de mortes que provoca
A cada ano, o
Brasil tem descoberto cerca de 90 mil doentes de tuberculose e
registrado mais de 6 mil mortes. Em Campinas, a situação
também é grave. Anualmente, são notificados 420 casos
novos. Em 2001, 24 moradores do município morreram em conseqüência
da doença.
Os dados
foram divulgados por profissionais da Vigilância Epidemiológica
Municipal na última terça-feira, 2 de setembro, durante a 9a
Edição do Fórum Estadual de Tuberculose, no Centro de
Convenções Rebouças, em São Paulo.
No encontro,
a equipe da Prefeitura de Campinas expôs os avanços obtidos
no controle da tuberculose e as estratégias que estão sendo
colocadas em prática no município. Foram relatadas as experiências
desenvolvidas no Centro de Saúde (CS) Vila Rica, na Região
sul, e nos CS Dic 1 e Santa Lúcia, na Região Sudoeste.
Segundo a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica de Campinas, durante o Fórum, as autoridades
sanitárias enfatizaram a questão da multirresistência do
bacilo que causa a tuberculose. Ela explica que quando o
paciente abandona o tratamento, ele pode adoecer novamente e
desenvolver uma forma da doença que já não responde aos remédios
que eram usados anteriormente.
"Além
disso, é provável que o paciente espalhe esta forma de
tuberculose mais forte e menos curável, conhecida como
tuberculose resistente aos medicamentos", afirma Brigina.
No Brasil,
atualmente, há 1.345 casos de pessoas que desenvolveram
resistência aos medicamentos. Destes, 50% já iniciaram o
tratamento pela terceira vez e 33% pela segunda. O percentual
restante corresponde aos casos de pacientes que numa primeira
vez já adquiriram o bacilo resistente.
Desafio
Segundo a
enfermeira, Campinas também enfrenta o desafio de diminuir o
número de pacientes que abandonam o tratamento. Do total de
casos tratados na rede municipal (uma média de 560 por ano
– incluindo 420 casos novos), 10,5% abandonam o tratamento
antes de estarem curados. Dados da Secretaria Municipal de Saúde
apontam que, em 1995, a taxa de abandono era de 19%.
Na tentativa
de superar este desafio, a Secretaria de Saúde de Campinas
desenvolve, desde 2001, por meio do Programa de Saúde Paidéia,
o Tratamento Supervisionado Modificado, uma forma de tratar
que vai além de ver o paciente tomar a medicação. Segundo
Brigina, neste modelo, o profissional de saúde também
acolhe, assiste e estimula a pessoa a se tratar, além de
trabalhar para que o paciente desenvolva autonomia no
tratamento.
E, de acordo
com a enfermeira, a grande diferença do Tratamento
Supervisionado Modificado está na construção do vínculo
entre pacientes e profissionais da saúde e da promoção
social. "A freqüência dos contatos entre a equipe de saúde
e o paciente é maior. Além disso, são desenvolvidos
projetos terapêuticos individuais e a cidadania também é
estimulada", diz.
A experiência
de Campinas aponta que, quando o tratamento é auto
administrado – feito pelo próprio paciente –, a taxa de
cura fica em torno de 50%. Quando o tratamento é realizado
com o apoio dos profissionais de saúde, este índice sobe
para perto de 75%.
Quando
suspeitar
O sintoma
mais freqüente da tuberculose é a tosse, muitas vezes
acompanha de escarro. Além da tosse, podem surgir febre
baixa, geralmente no final da tarde, fraqueza no corpo, perda
de apetite, dores no peito e nas costas, suores noturnos e, às
vezes, escarro com sangue. A pessoa com tuberculose transmite
a doença através das gotículas de saliva eliminadas através
da tosse, fala ou espirro. A tuberculose tem cura. O
tratamento é gratuito e todos os medicamentos estão disponíveis
na rede pública de saúde.