Saúde disponibiliza biópsia hepática para pacientes co-infectados por HIV/hepatite C

04/09/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas oferece, desde agosto, um exame de biópsia hepática para pacientes co-infectados por HIV/hepatiteC. A análise é fundamental porque a partir do resultado é que a equipe de saúde avalia a necessidade ou não de medicação para a hepatite C. Somente o Centro de Referência de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (CR DST/AIDS) da Prefeitura atende mais de 320 pessoas com esta co-infecção.

Até agosto, os pacientes de Campinas que necessitavam realizar este exame tinham que ser encaminhados ao Hospital de Clínicas (HC), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ou ao Hospital Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).

De acordo com a dentista Regina Célia Mendes Rissi, coordenadora do Núcleo Assistência do CR DST/AIDS, só foi possível oferecer a nova modalidade de exame a partir da parceria entre Centro de Referência e Hospital Municipal Dr. Mário Gatti.

A médica infectologista Adriana Feltrin, do CR DST/AIDS, informa que o Ministério da Saúde só libera a medicação para tratar a co-infecção por HIV/hepatite C mediante o resultado da biópsia e dependendo do valor dos linfócitos CD4 (células da defesa). Os remédios utilizados são o Intérferon e a Ribavirina.

De acordo com Adriana, a indicação para a biópsia depende dos resultados dos exames de sangue para detectar o nível de enzimas hepáticas (ALT), feitos a cada dois meses. "O encaminhamento será feito se o paciente apresentar, por seis meses, um aumento de uma vez e meia no valor de referência da ALT", diz Adriana.

A biópsia indica o grau de inflamação do fígado e, dependendo do resultado, a equipe indica o tratamento. A médica afirma que quando o vírus da hepatite C está relacionado com o HIV, o quadro do paciente evolui num tempo muito mais curto para a cirrose ou para o câncer de fígado (hepatocarcinoma) do que quando a pessoa apresenta hepatite C isoladamente.

Campinas é reconhecida no Brasil como modelo na assistência e tratamento da Aids. A cidade tem notificados, desde 1982, 3.421 casos de Aids. Deste total, 60% já foram a óbito. Do total de registros, 2.586 são homens e 835 são mulheres, proporção de aproximadamente três casos em homens para cada caso em mulheres. Na década de 80, início da epidemia, esta proporção era em média de 50 homens para cada mulher.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente, existem entre 170 e 200 milhões de portadores do vírus da hepatite C em todo o mundo. Não existe vacina contra a doença. Somente medidas preventivas. No Brasil, as hepatites B e C matam mais de 20 mil pessoas por ano e são responsáveis pela metade dos transplantes de fígado. Na região da DIR XII, que inclui Campinas e outros 40 municípios, há 30 mil portadores da hepatite C.

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