A Secretaria de
Saúde de Campinas oferece, desde agosto, um exame de biópsia
hepática para pacientes co-infectados por HIV/hepatiteC. A análise
é fundamental porque a partir do resultado é que a equipe de
saúde avalia a necessidade ou não de medicação para a
hepatite C. Somente o Centro de Referência de Doenças
Sexualmente Transmissíveis e Aids (CR DST/AIDS) da Prefeitura
atende mais de 320 pessoas com esta co-infecção.
Até agosto, os
pacientes de Campinas que necessitavam realizar este exame
tinham que ser encaminhados ao Hospital de Clínicas (HC), da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ou ao Hospital
Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(PUC-Campinas).
De acordo com a
dentista Regina Célia Mendes Rissi, coordenadora do Núcleo
Assistência do CR DST/AIDS, só foi possível oferecer a nova
modalidade de exame a partir da parceria entre Centro de Referência
e Hospital Municipal Dr. Mário Gatti.
A médica
infectologista Adriana Feltrin, do CR DST/AIDS, informa que o
Ministério da Saúde só libera a medicação para tratar a
co-infecção por HIV/hepatite C mediante o resultado da biópsia
e dependendo do valor dos linfócitos CD4 (células da defesa).
Os remédios utilizados são o Intérferon e a Ribavirina.
De acordo com
Adriana, a indicação para a biópsia depende dos resultados
dos exames de sangue para detectar o nível de enzimas hepáticas
(ALT), feitos a cada dois meses. "O encaminhamento será
feito se o paciente apresentar, por seis meses, um aumento de
uma vez e meia no valor de referência da ALT", diz
Adriana.
A biópsia
indica o grau de inflamação do fígado e, dependendo do
resultado, a equipe indica o tratamento. A médica afirma que
quando o vírus da hepatite C está relacionado com o HIV, o
quadro do paciente evolui num tempo muito mais curto para a
cirrose ou para o câncer de fígado (hepatocarcinoma) do que
quando a pessoa apresenta hepatite C isoladamente.
Campinas é
reconhecida no Brasil como modelo na assistência e tratamento
da Aids. A cidade tem notificados, desde 1982, 3.421 casos de
Aids. Deste total, 60% já foram a óbito. Do total de
registros, 2.586 são homens e 835 são mulheres, proporção de
aproximadamente três casos em homens para cada caso em
mulheres. Na década de 80, início da epidemia, esta proporção
era em média de 50 homens para cada mulher.
Segundo dados
da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente, existem
entre 170 e 200 milhões de portadores do vírus da hepatite C
em todo o mundo. Não existe vacina contra a doença. Somente
medidas preventivas. No Brasil, as hepatites B e C matam mais de
20 mil pessoas por ano e são responsáveis pela metade dos
transplantes de fígado. Na região da DIR XII, que inclui
Campinas e outros 40 municípios, há 30 mil portadores da
hepatite C.