Campinas já notificou 258 casos de catapora

11/09/2003

A Vigilância Epidemiológica de Campinas informou nesta quinta-feira, 11 de setembro, que registrou, somente nas últimas três semanas, 258 casos de varicela (catapora) em 22 instituições municipais, a maioria escolas da Prefeitura, que recebem crianças com até cinco anos de idade.

As novas ocorrências reforçam as estatísticas do Centro de Vigilância Epidemiológica Estadual (CVE) que apontam a região da Direção Regional de Saúde 12 (Dir-12), que engloba Campinas e mais 41 cidades, como a que detém o maior número de notificações de catapora no Estado, com 27% dos 5.896 casos. Em seguida vem a Capital, com 22%, e a região de Piracicaba, com 21%.

A enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica municipal informa que catapora é uma doença benigna, comum na infância e não é de notificação obrigatória. Segundo ela, somente os surtos são informados às autoridades sanitárias.

"E, mesmo assim, muitas vezes as instituições não informam as ocorrências. Por isso, estimamos que o número de casos seja pelo menos quatro vezes maior do que o número de notificações", afirma Brigina.

A enfermeira explica que, com a falta de informações, as autoridades sanitárias não conseguem estudar o comportamento da doença. "Fica mais difícil saber se a doença está atingindo mais pessoas ou com maior gravidade", diz. Mesmo assim, ela afirma que, este ano, até o momento, a situação da catapora no município não é diferente da ocorrida em anos anteriores.

O sintoma característico da catapora é a pele com pintas, pequenas bolhas que coçam muito e que surgem primeiro no tronco e, gradualmente, se espalham pelo face, onde acomete couro cabeludo, lábios, boca e orelhas. Atinge também braços e pernas. A criança pode ficar extremamente irritada pela coceira intensa e ter febre, calafrios, náuseas e vômitos.

Foi o que aconteceu com Bruna Gonçalves Machado, de 3 anos. A menina estuda numa escola particular de Campinas e, no último dia 4, quando retornou da aula apresentava algumas "feridinhas na pele". No dia seguinte, as bolhas já haviam se espalhado pelo corpo.

A tia de Bruna, Janete Gonçalves, levou a menina ao Centro de Saúde São Quirino e não se surpreendeu quando a médica informou ser catapora. "Nesta data, a professora já havia me informado que outras 12 crianças da escola estavam com catapora", diz. Segundo Janete, Bruna ainda teve também febre alta, enjôo, desânimo e muitas "feridinhas" na garganta, boca e lábios. O tratamento só foi feito com banhos de permanganato e com um medicamento para cortar a febre. Bruna já se recuperou e deve voltar para a escola na semana que vem.

Bruna também recebeu outros cuidados que são indicados para todos os casos. Dentre eles, consta afastar as crianças de creche ou escola até o sexto dia após o aparecimento das lesões, manter cuidados adequados de higiene e as unhas das mãos das crianças doentes bem aparadas, para evitar lesões que propiciam infecção por bactérias.

Também é importante, de acordo com Brigina Kemp, procurar um serviço de saúde para avaliação. Outra recomendação é não dar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico para crianças com varicela pois pode causar complicações graves.

As escolas também não devem receber novos alunos - que não tiveram a doença ou que não tenham tomado a vacina - até 21 dias após o último caso. E os casos devem ser notificados o mais rápido possível, para avaliar a possibilidade e a indicação de aplicação de vacina.

A vacina contra a catapora não está disponível na rotina na rede pública de saúde por não fazer parte do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. No entanto, este ano, a Secretaria de Estado da Saúde adquiriu doses para disponibilizar, mediante avaliação, em surtos em instituições coletivas.

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