A Vigilância
Epidemiológica de Campinas informou nesta quinta-feira, 11 de
setembro, que registrou, somente nas últimas três semanas,
258 casos de varicela (catapora) em 22 instituições
municipais, a maioria escolas da Prefeitura, que recebem crianças
com até cinco anos de idade.
As novas
ocorrências reforçam as estatísticas do Centro de Vigilância
Epidemiológica Estadual (CVE) que apontam a região da Direção
Regional de Saúde 12 (Dir-12), que engloba Campinas e mais 41
cidades, como a que detém o maior número de notificações
de catapora no Estado, com 27% dos 5.896 casos. Em seguida vem
a Capital, com 22%, e a região de Piracicaba, com 21%.
A enfermeira
sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica municipal informa que catapora é uma doença
benigna, comum na infância e não é de notificação obrigatória.
Segundo ela, somente os surtos são informados às autoridades
sanitárias.
"E,
mesmo assim, muitas vezes as instituições não informam as
ocorrências. Por isso, estimamos que o número de casos seja
pelo menos quatro vezes maior do que o número de notificações",
afirma Brigina.
A enfermeira
explica que, com a falta de informações, as autoridades
sanitárias não conseguem estudar o comportamento da doença.
"Fica mais difícil saber se a doença está atingindo
mais pessoas ou com maior gravidade", diz. Mesmo assim,
ela afirma que, este ano, até o momento, a situação da
catapora no município não é diferente da ocorrida em anos
anteriores.
O sintoma
característico da catapora é a pele com pintas, pequenas
bolhas que coçam muito e que surgem primeiro no tronco e,
gradualmente, se espalham pelo face, onde acomete couro
cabeludo, lábios, boca e orelhas. Atinge também braços e
pernas. A criança pode ficar extremamente irritada pela
coceira intensa e ter febre, calafrios, náuseas e vômitos.
Foi o que
aconteceu com Bruna Gonçalves Machado, de 3 anos. A menina
estuda numa escola particular de Campinas e, no último dia 4,
quando retornou da aula apresentava algumas "feridinhas
na pele". No dia seguinte, as bolhas já haviam se
espalhado pelo corpo.
A tia de
Bruna, Janete Gonçalves, levou a menina ao Centro de Saúde São
Quirino e não se surpreendeu quando a médica informou ser
catapora. "Nesta data, a professora já havia me
informado que outras 12 crianças da escola estavam com
catapora", diz. Segundo Janete, Bruna ainda teve também
febre alta, enjôo, desânimo e muitas "feridinhas"
na garganta, boca e lábios. O tratamento só foi feito com
banhos de permanganato e com um medicamento para cortar a
febre. Bruna já se recuperou e deve voltar para a escola na
semana que vem.
Bruna também
recebeu outros cuidados que são indicados para todos os
casos. Dentre eles, consta afastar as crianças de creche ou
escola até o sexto dia após o aparecimento das lesões,
manter cuidados adequados de higiene e as unhas das mãos das
crianças doentes bem aparadas, para evitar lesões que
propiciam infecção por bactérias.
Também é
importante, de acordo com Brigina Kemp, procurar um serviço
de saúde para avaliação. Outra recomendação é não dar
medicamentos à base de ácido acetilsalicílico para crianças
com varicela pois pode causar complicações graves.
As escolas
também não devem receber novos alunos - que não tiveram a
doença ou que não tenham tomado a vacina - até 21 dias após
o último caso. E os casos devem ser notificados o mais rápido
possível, para avaliar a possibilidade e a indicação de
aplicação de vacina.
A vacina
contra a catapora não está disponível na rotina na rede pública
de saúde por não fazer parte do Programa Nacional de Imunização
do Ministério da Saúde. No entanto, este ano, a Secretaria
de Estado da Saúde adquiriu doses para disponibilizar,
mediante avaliação, em surtos em instituições coletivas.