Surto de diarréia atinge 522 em Campinas

12/09/2003

A Vigilância Epidemiológica de Campinas informou nesta sexta-feira, 12 de setembro, que notificou, desde agosto, 522 casos de pessoas com diarréias similares ao rotavírus. O surto já atingiu bairros de todas as regiões do município, porém a maior parte das ocorrências – 256 – refere-se a pessoas moradoras da região Noroeste do município. A faixa etária mais acometida é a de crianças menores de dez anos, público no qual estão concentrados 79% dos casos.

A enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica municipal informa que os sintomas principais do rotavírus são diarréia aquosa, vômitos e dores abdominais. "E a doença pode evoluir para desidratação grave", afirma.

Segundo Brigina, o final do inverno e início da primavera é uma época propícia para o aparecimento de surtos por rotavírus. Neste período, o número de ocorrências aumenta. "Este ano, porém, em relação a anos anteriores, o surto está aumentado e temos notificado quadros mais graves", diz.

No Hospital Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, referência para a região Noroeste, vários pacientes necessitaram ser internados, principalmente crianças, e há relato de pessoas que sofreram convulsão devido à desidratação.

Mário Gatti – A coordenação do Pronto-Socorro (PS) Infantil do Hospital Municipal "Dr. Mário Gatti" informou que, desde agosto, o número de ocorrências de diarréia acompanhada de febre e vômito nas crianças que permanecem em observação na unidade triplicou. O médico pediatra Wilson Norato, coordenador do PS Infantil, adverte que essa sintomatologia sugere doenças por rotavírus.

Na área de abrangência da Direção Regional de Saúde de Campinas (DIR-12), que inclui Campinas e outros 41 municípios, também foram registrados surtos da mesma gravidade.

Os rotavírus são transmitidos pela via fecal-oral, por contato de pessoa a pessoa e também por meio de água, alimentos ou superfícies contaminadas. Segundo a enfermeira Brigina Kemp, a infecção pelo rotavírus varia de quadro leve, com diarréia aquosa e duração limitada, a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo causar a morte.

Contra o rotavírus existem somente medidas preventivas. De acordo com Brigina, a melhor forma de prevenção é reforçar os cuidados com a higiene. Essa atenção, segundo a enfermeira, passa pelas práticas higiênicas tradicionais e universais como limpeza dos ambientes domésticos, lavagem de mãos sempre e principalmente antes das refeições, após ir ao banheiro e na confecção de alimentos, controle da água e dos alimentos, destino adequado dos dejetos e do esgoto.

A Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental (Covisa) da Secretaria de Saúde de Campinas divulgou nota, no início de setembro, para reforçar as orientações para profissionais da rede municipal de saúde e de educação. "Todo profissional de saúde deve estar alerta para notificar novos casos o mais rapidamente possível. Somente desta maneira poderemos esclarecer a causa da doença e adotar providências necessárias para conter surtos", informa a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Secretaria de Saúde.

Carmo Ferreira informa que os surtos por rotavírus são de difícil controle. Segundo ela, extensas epidemias ocorrem de tempos em tempos em países desenvolvidos. "O estímulo ao aleitamento materno tem fundamental importância na prevenção pelos altos níveis de anticorpos contra o rotavírus", finaliza a enfermeira.

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