Culto ecumênico na Unicamp abre Semana do Doador de Órgãos

18/09/2003

Um culto ecumênico, às 10h do próximo dia 24, no pátio da Pediatria do Hospital de Clínicas da Unicamp, abre em Campinas a Semana Nacional do Doador de Órgãos. O evento está sendo organizado por entidades voltadas a transplantes de órgãos em Campinas e região.

A iniciativa segue as celebrações em torno do Dia Nacional do Doador de Órgãos, em 27 de setembro. Durante a Semana, em todo o País, serão realizados cerimônias religiosas, atividades culturais e atos de conscientização.

No dia 27, sábado, das 9h às 12h, no Largo do Rosário, acontece uma apresentação de bandas e distribuição de folhetos. Às 12h15 haverá missa na Catedral em memória dos doadores de órgãos, com distribuição de folhetos no final.

Em Campinas, estão envolvidos na organização dos eventos, entre outras entidades, representantes da Central de Captação da Unicamp, Comissão Intra-Hospitalar de Transplante do Hospital Municipal "Dr. Mário Gatti" e Associação das Crianças e Adolescentes Renais (Acar).  

Obstáculos

O médico urologista Adriano Fregonesi, coordenador da Central de Captação de Órgãos da Unicamp, na reunião que definiu a programação da Semana, no HC, explicou que o principal problema enfrentado pelos hospitais, para a captação de órgãos, reside em dois pontos principais: a falta de notificação dos potenciais doadores e a recusa dos familiares desses doadores em autorizar a retirada dos órgãos.

Ele explica que o primeiro problema pode ser minimizado com a realização de campanhas voltadas para o médico que trabalha em UTI. “Essa campanha, obviamente, seria acompanhada de medidas que tornem o diagnóstico mais fácil”, afirma.  

Uma dessas medidas, que já está sendo tomada, segundo Fregonesi, é a disponibilização para o Hospital Mário Gatti, pela Unicamp, do aparelho de ultrassom Doppler Transcraniano, utilizado na confirmação de diagnóstico de morte encefálica.  

Já a resistência por parte dos familiares, no entender do médico, precisa ser trabalhada com campanhas de conscientização que envolvam todos os setores da sociedade. “Hoje existe uma grande desinformação em torno do assunto. Muita gente – argumenta Fregfonesi – ainda alimenta notícias fantasiosas em torno de comércio de órgãos, diagnósticos errados e coisas do gênero”.

Ele faz questão de lembrar que, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes, a captação de órgãos e tecidos só pode ser realizada por equipes e hospitais autorizados e fiscalizados pelo Ministério da Saúde.  

Rigor absoluto

Acerca dos boatos que envolvem o “comércio de órgãos”, o coordenador da Central de Captação coloca que esse argumento não tem sustentação, uma vez que os receptores integram uma  lista única e a ordem dessa lista é seguida com rigor absoluto, sob supervisão do Ministério Público. O cadastro, conforme explica, é separado por órgãos, tipos sangüíneos e outras especificações técnicas.

Outro ponto importante nessa questão fica por conta da consulta obrigatória à família. “A consulta é obrigatória mesmo que o paciente tenha autorizado a doação em vida. Assim, se a família não for localizada, a doação não ocorre”, garante o médico.

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