Vigilância em Saúde de Campinas interdita medicamento suspeito de causar reações

02/09/2004

Comércio e uso do lote estão suspensos no País pela Anvisa; 
Medida é preventiva

Denize Assis

A Vigilância em Saúde (Visa) da Secretaria de Saúde de Campinas determinou a interdição cautelar do lote H1 51B do contraste iônico Conray (Iotalamato de meglumina) injetável 60% produzido pela empresa Mallinckrodt Inc. e importado e distribuído por Mallinckrodt do Brasil. A medida foi publicada no Diário Oficial do Município desta quinta-feira, dia 2 de setembro. Em todo o País, a venda e o uso do lote referido também estão suspensos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A medida foi publicada hoje no Diário Oficial da União por meio da Resolução RE nº 1.401/04.

O medicamento, utilizado como contraste radiológico para realização de exames de tomografia, é suspeito de ter causado reações adversas, como broncoespasmos - falta de ar - e urticária – vermelhidão e coceira pelo corpo - em quatro pacientes, dois homens e duas mulheres, atendidos no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, de Campinas, entre os dias 23 e 26 de agosto.

Todos os pacientes receberam intervenção imediata e três tiveram alta. Uma mulher, de 75 anos, que já apresentava um quadro bastante grave, morreu 24 horas depois. "A complexidade do quadro dificulta a conclusão do caso. Todos os casos, inclusive o dela, estão sendo investigados", afirma a enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora da Saúde Coletiva da Secretaria de Saúde de Campinas.

Segundo Andréa Von Zuben, coordenadora da Vigilância em Saúde (Visa) Sul, as medidas desencadeadas pela Visa Municipal e Anvisa são preventivas, até que se confirme se o produto foi ou não o causador das reações adversas. "Outros fatores também estão sendo investigados como procedimentos utilizados na parte técnica-hospitalar e se os pacientes apresentavam características ou elementos em comum", diz.

De acordo com a farmacêutica Natália Bonfante, da Visa Sul, amostras do lote interditado já foram encaminhadas pela Vigilância em Saúde de Campinas para análise no Instituto Adolfo Lutz. Não há previsão para o resultado dos exames, mas a Secretaria de Saúde solicitou urgência ao laboratório.

A Anvisa notificou a empresa importadora do produto a informar o mapa de distribuição do lote em questão e se houve alguma notificação de problemas relacionados ao uso do contraste. Trata-se de um medicamento de uso exclusivo hospitalar, ou seja, não é vendido em farmácias e drogarias.

Cabe a empresa e aos hospitais o cumprimento da medida que vale para todo o Brasil. Já as vigilâncias sanitárias municipais e estaduais são responsáveis por fiscalizar o cumprimento da determinação. O desrespeito à resolução da Anvisa implica em notificação, autuação e multa que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.

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