Denize Assis
A Vigilância em
Saúde (Visa) da Secretaria de Saúde de Campinas determinou a
interdição cautelar do lote H1 51B do contraste iônico Conray (Iotalamato
de meglumina) injetável 60% produzido pela empresa Mallinckrodt
Inc. e importado e distribuído por Mallinckrodt do Brasil. A
medida foi publicada no Diário Oficial do Município desta
quinta-feira, dia 2 de setembro. Em todo o País, a venda e o uso
do lote referido também estão suspensos pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa). A medida foi publicada hoje no
Diário Oficial da União por meio da Resolução RE nº 1.401/04.
O medicamento,
utilizado como contraste radiológico para realização de exames
de tomografia, é suspeito de ter causado reações adversas, como
broncoespasmos - falta de ar - e urticária – vermelhidão e
coceira pelo corpo - em quatro pacientes, dois homens e duas
mulheres, atendidos no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, de
Campinas, entre os dias 23 e 26 de agosto.
Todos os
pacientes receberam intervenção imediata e três tiveram alta.
Uma mulher, de 75 anos, que já apresentava um quadro bastante
grave, morreu 24 horas depois. "A complexidade do quadro
dificulta a conclusão do caso. Todos os casos, inclusive o dela,
estão sendo investigados", afirma a enfermeira sanitarista
Salma Balista, coordenadora da Saúde Coletiva da Secretaria de Saúde
de Campinas.
Segundo Andréa
Von Zuben, coordenadora da Vigilância em Saúde (Visa) Sul, as
medidas desencadeadas pela Visa Municipal e Anvisa são
preventivas, até que se confirme se o produto foi ou não o
causador das reações adversas. "Outros fatores também estão
sendo investigados como procedimentos utilizados na parte técnica-hospitalar
e se os pacientes apresentavam características ou elementos em
comum", diz.
De acordo com a
farmacêutica Natália Bonfante, da Visa Sul, amostras do lote
interditado já foram encaminhadas pela Vigilância em Saúde de
Campinas para análise no Instituto Adolfo Lutz. Não há previsão
para o resultado dos exames, mas a Secretaria de Saúde solicitou
urgência ao laboratório.
A Anvisa
notificou a empresa importadora do produto a informar o mapa de
distribuição do lote em questão e se houve alguma notificação
de problemas relacionados ao uso do contraste. Trata-se de um
medicamento de uso exclusivo hospitalar, ou seja, não é vendido
em farmácias e drogarias.
Cabe a empresa e
aos hospitais o cumprimento da medida que vale para todo o Brasil.
Já as vigilâncias sanitárias municipais e estaduais são
responsáveis por fiscalizar o cumprimento da determinação. O
desrespeito à resolução da Anvisa implica em notificação,
autuação e multa que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.