Campinas já registrou 850 casos suspeitos de diarréia por rotavírus

13/09/2004

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas informou nesta segunda-feira, dia 13 de setembro, que as notificações de casos suspeitos de diarréia por rotavírus subiram para 850. No último balanço, divulgado dia 6 de setembro, as ocorrências somavam 667. O surto atingiu bairros de todas as regiões do município, mas a maioria das ocorrências foram registradas na região Sul, com 433 casos, o que corresponde a 51% dos registros. A faixa etária mais acometida é a de menores de 5 anos, com 473 casos, número que representa 56% do total.

A médica sanitarista Naoko Silveira, da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas, afirma que a infecção pelo rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia aquosa e duração limitada, a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo evoluir para óbito. A doença pode atingir todas as faixas etárias mas oferece maior risco para crianças muito pequenas e idosos. A doença é sazonal e os casos aparecem com maior freqüência no final do inverno. A Secretaria de Saúde de Campinas registrou em 2003, também nos meses de agosto e setembro, um surto com mais de 1,2 mil casos.

Naoko informa que, em situação de surto, a Vigilância recomenda colher amostra de fezes em um a cada grupo de dez pacientes para análise laboratorial no Instituto Adolfo Lutz e no Laboratório da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para os demais casos, o diagnóstico é feito com base nos sintomas e pelo histórico das pessoas, chamado tecnicamente de critério clínico-epidemiológico. Até o momento foi confirmado rotavírus em 43 das 62 análises concluídas. A positividade é maior em menores de cinco anos – 70% - e especialmente em menores de 1 ano – 84,6%.

O médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Visa de Campinas, informa que os rotavírus são transmitidos por via fecal-oral, por contato de pessoa a pessoa e também por meio de água, alimentos, utensílios ou superfícies contaminadas. Vicente informa que não há vacinas disponíveis nem tratamento específico para combater a doença.

"O tratamento é sintomático, a pessoa recebe medicação para controlar os sintomas como febre persistente e vômito. Muitas vezes você entra com o soro oral primeiro e se a pessoa não apresenta melhora, o profissional entra com soro endovenoso para hidratar o doente", diz a enfermeira Maria Ângela Bordin, do Centro de Saúde (CS) São José.

Ela explica que, contra o rotavírus, existem somente medidas preventivas para minimizar os riscos. "E a melhor forma de prevenção é o reforço dos cuidados com a higiene, como limpeza dos ambientes domésticos e lavagem de mãos, principalmente antes das refeições, após ir ao banheiro e antes de manipular alimentos", diz Maria Ângela. Também é fundamental o controle da água e dos alimentos – verduras e frutas devem ser lavadas antes de serem ingeridas - e a destinação adequada do lixo e do esgoto.

"Para a população em geral, as maneiras de prevenção estão sendo divulgadas pelas equipes do Paidéia de Saúde da Família durante os trabalhos em campo e nos próprios serviços", diz Maria Ângela. Mães de crianças com início de sintomas de diarréia ou vômitos são orientadas para oferecer imediatamente soro caseiro e água tratada para prevenir a desidratação, não suspender alimentação e procurar imediatamente o serviço médico para o tratamento adequado. O estímulo ao aleitamento materno – o leite materno contém altos níveis de anticorpos – está entre as recomendações da Secretaria de Saúde.

Para os profissionais de saúde, a Secretaria de Saúde divulga informe técnico semanal onde relata o número de casos, ressalta a necessidade das ocorrências serem notificadas e orienta sobre como devem ser colhidas as amostras para análise laboratorial e sobre outras providências.

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