Denize Assis
A Prefeitura
de Campinas inaugura nesta quarta-feira, dia 22 de setembro,
às 16h, numa cerimônia com a presença da prefeita Izalene
Tiene e da secretária municipal de Saúde Maria do Carmo
Cabral Carpintéro, a Botica da Família, farmácia que vai
manipular os medicamentos de fitoterapia para usuários dos
Centros de Saúde, Módulos Paidéia de Saúde da Família e
demais unidades da Secretaria Municipal de Saúde.
Atualmente,
cerca de 10 mil pessoas se utilizam da fitoterapia como opção
terapêutica no Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade
segundo dados da Secretaria de Saúde. Os profissionais de saúde
ainda prescrevem estes medicamentos para uso complementar da
alopatia. Os fitoterápicos, fornecidos gratuitamente, até
então eram comprados pela Prefeitura.
A Botica fica
na rua Lauro Vanucci, 1.020, no Jardim Santa Cândida, - onde
acontece a inauguração - e ocupa um espaço da
Companhia do Pólo de Tecnologia de Campinas (Ciatec) que é
uma incubadora de empresas (leia matéria nesta página).
Para a reforma e adequação do local e aquisição de
equipamentos foram investidos aproximadamente R$ 45 mil. Também
foram feitos investimentos de R$ 26 mil para compra de
material de consumo como embalagens e matéria-prima e
equipamentos como balança, estufa, destilador de água e
computador entre outros.
"A
Botica da Família permite garantir o abastecimento dos
medicamentos fitoterápicos com qualidade ainda melhor pelo
fato da manipulação ser feita por técnicos capacitados e
porque a unidade também terá um controle maior da matéria-prima.
E, além da questão da qualidade, a intenção é que a
Botica garanta o fornecimento contínuo dos fitoterápicos",
diz a médica homeopata e sanitarista Eloísa Cavassani
Pimentel, coordenadora da área de Fitoterapia da Secretaria
Municipal de Saúde.
Eloísa
informa que a Secretaria de Saúde adquire a matéria-prima e
ervas de fornecedores. Futuramente o fornecimento de parte das
plantas para a produção será feito pelo Serviço de Saúde
Cândido Ferreira. Por meio de uma parceria, os usuários do Cândido
já começaram a semear e cultivar parte das ervas e, num
segundo momento, vão fazer também a secagem. Cada pessoa que
atua no processo recebe uma bolsa em dinheiro. O cultivo é
orgânico, livre de agrotóxicos, e conta com supervisão do
Centro de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA)
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo
Pascoalina de Souza, uma das farmacêuticas da Botica, a farmácia
já está manipulando cremes, géis, xaropes nas formas
simples e diet e fracionando os chás. No total a Secretaria
Municipal de Saúde de Campinas tem doze plantas medicinais
padronizadas. Neste momento inicial, estão sendo
disponibilizados medicamentos à base de nove plantas.
"Ampliar
a fitoterapia na rede pública faz parte do programa Paidéia
Saúde da Família, que tem como diretriz oferecer mais
possibilidades para a população e estimular o auto-cuidado.
Nosso objetivo é oferecer esta opção para todos que se
interessarem pelo tratamento com fitoterápicos", diz
Pascolina. Ela informa que a fitoterapia é diferente de
homeopatia e de florais e que nem sempre um medicamento
preparado em farmácia de manipulação trata-se de um fitoterápico.
O médico
sanitarista Roberto Mardem Farias, diretor municipal de saúde,
informa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem
incentivado e recomendado o uso de plantas medicinais para
prevenção e tratamento de doenças. "Em Campinas, a
Secretaria de Saúde tem trabalhado para ampliar o acesso a
possibilidades como fitoterapia, homeopatia, acupuntura, ginástica
chinesa entre outras opções até pouco tempo restritas a
consultórios e clínicas particulares. Nosso objetivo é que
os cidadãos conheçam as alternativas e possam fazer sua
escolha", afirma.
Segundo
Mardem, esta política fortalece os princípios do SUS, de
humanização e integralidade. Para ter acesso à fitoterapia
é necessário o interesse do cidadão. O médico também pode
sugerir a opção. Quem tiver interesse precisa passar por uma
consulta médica com o profissional da sua equipe do Paidéia
e manifestar seu interesse. Se houver indicação, o médico
prescreve o tratamento.
Uso milenar.
A utilização de plantas medicinais para prevenção e
tratamento de doenças é milenar. Há registros da
fitoterapia de até 2 mil anos atrás. Outros países, como a
Alemanha, equiparam esses medicamentos aos alopáticos. No
Brasil, o Ministério da Saúde publicou, no ano passado, uma
resolução para que os fitoterápicos ganhem mais segurança
e maior credibilidade.
A resolução,
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
define as categorias de fitoterápicos e tem como objetivo
garantir qualidade científica aos remédios extraídos das
plantas. A resolução também ampliou o número de plantas
consideradas de uso medicinal. Em Campinas, a fitoterapia foi
oficializada na rede pública de Saúde pela portaria 13/01 de
novembro de 2001.
Medicamentos
fitoterápicos padronizados pela Secretaria de Saúde de
Campinas:
Arnica
montana
(Arnica) – creme, gel 5% e tintura (contusões e dores)
Aloe vera
(Babosa) – creme e gel à 25% (queimaduras)
Calendula
officinalis
(Calêndula) – creme, gel à 5% e tintura (lesões de pele)
Camomila
recutita
(Camomila) – Chá/flores (anti-infalmatória, antiespasmódica)
Ginkgo biloba
(Ginkgo biloba) – Cápsula 40mg (insuficiência vascular
periférica e cerebral – memória, vertigem)
Hamamelis
virginiana
(Hamamélis) – Creme e gel 10% (varizes e escaras)
Hypericum
perforatum
(Hypericum) – Cápsula 300mg (depressão)
Maytenus
ilicifolia
(Espinheira santa) – chá/folhas (gastrites e úlceras gástricas)
Mikania
laevigata
(Guaco) – xarope e xarope diet à 10% (tosse,
broncodilatador)
Malva
sylvestris
(Malva) – Chá/folhas (anti-séptica)
Passiflora
alata
(Maracujá) – chá/folhas (insônia e ansiedade leve)
Phyllanthus
niruri
(Quebra-pedra) – chá/folhas (litíase renal)