Prefeitura inaugura sua farmácia de fitoterapia

20/09/2004

Botica da Família vai garantir fornecimento 
e
qualidade dos fitoterápicos

Denize Assis

A Prefeitura de Campinas inaugura nesta quarta-feira, dia 22 de setembro, às 16h, numa cerimônia com a presença da prefeita Izalene Tiene e da secretária municipal de Saúde Maria do Carmo Cabral Carpintéro, a Botica da Família, farmácia que vai manipular os medicamentos de fitoterapia para usuários dos Centros de Saúde, Módulos Paidéia de Saúde da Família e demais unidades da Secretaria Municipal de Saúde.

Atualmente, cerca de 10 mil pessoas se utilizam da fitoterapia como opção terapêutica no Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade segundo dados da Secretaria de Saúde. Os profissionais de saúde ainda prescrevem estes medicamentos para uso complementar da alopatia. Os fitoterápicos, fornecidos gratuitamente, até então eram comprados pela Prefeitura.

A Botica fica na rua Lauro Vanucci, 1.020, no Jardim Santa Cândida, - onde acontece a inauguração - e ocupa um espaço da Companhia do Pólo de Tecnologia de Campinas (Ciatec) que é uma incubadora de empresas (leia matéria nesta página). Para a reforma e adequação do local e aquisição de equipamentos foram investidos aproximadamente R$ 45 mil. Também foram feitos investimentos de R$ 26 mil para compra de material de consumo como embalagens e matéria-prima e equipamentos como balança, estufa, destilador de água e computador entre outros.

"A Botica da Família permite garantir o abastecimento dos medicamentos fitoterápicos com qualidade ainda melhor pelo fato da manipulação ser feita por técnicos capacitados e porque a unidade também terá um controle maior da matéria-prima. E, além da questão da qualidade, a intenção é que a Botica garanta o fornecimento contínuo dos fitoterápicos", diz a médica homeopata e sanitarista Eloísa Cavassani Pimentel, coordenadora da área de Fitoterapia da Secretaria Municipal de Saúde.

Eloísa informa que a Secretaria de Saúde adquire a matéria-prima e ervas de fornecedores. Futuramente o fornecimento de parte das plantas para a produção será feito pelo Serviço de Saúde Cândido Ferreira. Por meio de uma parceria, os usuários do Cândido já começaram a semear e cultivar parte das ervas e, num segundo momento, vão fazer também a secagem. Cada pessoa que atua no processo recebe uma bolsa em dinheiro. O cultivo é orgânico, livre de agrotóxicos, e conta com supervisão do Centro de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Segundo Pascoalina de Souza, uma das farmacêuticas da Botica, a farmácia já está manipulando cremes, géis, xaropes nas formas simples e diet e fracionando os chás. No total a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas tem doze plantas medicinais padronizadas. Neste momento inicial, estão sendo disponibilizados medicamentos à base de nove plantas.

"Ampliar a fitoterapia na rede pública faz parte do programa Paidéia Saúde da Família, que tem como diretriz oferecer mais possibilidades para a população e estimular o auto-cuidado. Nosso objetivo é oferecer esta opção para todos que se interessarem pelo tratamento com fitoterápicos", diz Pascolina. Ela informa que a fitoterapia é diferente de homeopatia e de florais e que nem sempre um medicamento preparado em farmácia de manipulação trata-se de um fitoterápico.

O médico sanitarista Roberto Mardem Farias, diretor municipal de saúde, informa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem incentivado e recomendado o uso de plantas medicinais para prevenção e tratamento de doenças. "Em Campinas, a Secretaria de Saúde tem trabalhado para ampliar o acesso a possibilidades como fitoterapia, homeopatia, acupuntura, ginástica chinesa entre outras opções até pouco tempo restritas a consultórios e clínicas particulares. Nosso objetivo é que os cidadãos conheçam as alternativas e possam fazer sua escolha", afirma.

Segundo Mardem, esta política fortalece os princípios do SUS, de humanização e integralidade. Para ter acesso à fitoterapia é necessário o interesse do cidadão. O médico também pode sugerir a opção. Quem tiver interesse precisa passar por uma consulta médica com o profissional da sua equipe do Paidéia e manifestar seu interesse. Se houver indicação, o médico prescreve o tratamento.

Uso milenar. A utilização de plantas medicinais para prevenção e tratamento de doenças é milenar. Há registros da fitoterapia de até 2 mil anos atrás. Outros países, como a Alemanha, equiparam esses medicamentos aos alopáticos. No Brasil, o Ministério da Saúde publicou, no ano passado, uma resolução para que os fitoterápicos ganhem mais segurança e maior credibilidade.

A resolução, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), define as categorias de fitoterápicos e tem como objetivo garantir qualidade científica aos remédios extraídos das plantas. A resolução também ampliou o número de plantas consideradas de uso medicinal. Em Campinas, a fitoterapia foi oficializada na rede pública de Saúde pela portaria 13/01 de novembro de 2001.

Medicamentos fitoterápicos padronizados pela Secretaria de Saúde de Campinas:

Arnica montana (Arnica) – creme, gel 5% e tintura (contusões e dores)

Aloe vera (Babosa) – creme e gel à 25% (queimaduras)

Calendula officinalis (Calêndula) – creme, gel à 5% e tintura (lesões de pele)

Camomila recutita (Camomila) – Chá/flores (anti-infalmatória, antiespasmódica)

Ginkgo biloba (Ginkgo biloba) – Cápsula 40mg (insuficiência vascular periférica e cerebral – memória, vertigem)

Hamamelis virginiana (Hamamélis) – Creme e gel 10% (varizes e escaras)

Hypericum perforatum (Hypericum) – Cápsula 300mg (depressão)

Maytenus ilicifolia (Espinheira santa) – chá/folhas (gastrites e úlceras gástricas)

Mikania laevigata (Guaco) – xarope e xarope diet à 10% (tosse, broncodilatador)

Malva sylvestris (Malva) – Chá/folhas (anti-séptica)

Passiflora alata (Maracujá) – chá/folhas (insônia e ansiedade leve)

Phyllanthus niruri (Quebra-pedra) – chá/folhas (litíase renal)

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