Denize Assis
O número de
casos de diarréia com sintomas similares às causadas por
rotavírus subiu para 1.138 em Campinas segundo informou a
Secretaria de Saúde nesta segunda-feira, dia 20 de setembro.
No último balanço, divulgado dia 13, as notificações
somavam 850. O surto atingiu bairros de todas as regiões do
município, mas a maioria das ocorrências foram registradas
na região Sul. A faixa etária mais acometida é a de menores
de 5 anos. Em 2003, o município registrou um surto, na mesma
época, com mais de 1,2 mil casos.
A infecção
pelo rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia aquosa
e duração limitada, a quadros graves com desidratação,
febre e vômitos, podendo evoluir para óbito. A doença pode
atingir todas as faixas etárias mas oferece maior risco para
crianças muito pequenas e idosos. É sazonal e os casos
aparecem com maior freqüência no final do inverno.
"Com
base na experiência do ano passado, a Secretaria de Saúde
implementou este ano unidades sentinela para o monitoramento e
controle da diarréia. Inclusive uma destas unidades, o Pronto
Atendimento do São José, é que identificou o surto este
ano", informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da
Vigilância em Saúde (Visa) da Prefeitura.
Segundo
Brigina, a Visa tem divulgado, semanalmente, informe técnico
a todos profissionais e serviços da Secretaria de Saúde e
solicitado que todos notifiquem surtos e casos sugestivos de
rotavírus. Além disso, com apoio do Instituto Adolfo Lutz e
do Laboratório de Virologia da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), numa amostra dos casos são feitos exames
para confirmação laboratorial.
Para os
demais casos, o diagnóstico é feito com base nos sintomas e
pelo histórico das pessoas, chamado tecnicamente de critério
clínico-epidemiológico. Até o momento foi confirmado rotavírus
em 43 das 62 análises concluídas. A positividade é maior em
menores de cinco anos – 70% - e especialmente em menores de
1 ano – 84,6%.
Outra providência
da Visa, segundo Brigina, é a orientação à população e
aos profissionais de saúde sobre sintomas, maneiras de prevenção
e quando procurar um serviço de saúde para receber cuidados
adequados. "Não existe um tratamento específico para o
rotavírus. A pessoa recebe medicação para controlar os
sintomas como febre persistente e vômito. Muitas vezes é
administrado o soro oral primeiro e, se a pessoa não
apresenta melhora, o profissional entra com soro endovenoso
para hidratar o doente", diz Brigina.
O médico
sanitarista Vicente Pisani Neto, da Visa de Campinas, informa
que a contaminação do rotavírus ocorre por via fecal-oral.
"A pessoa com sua mãos contaminadas com o vírus, por
uma higienização não correta após o banheiro, contamina
objetos, alimentos ou outras pessoas", diz.
Contra o
rotavírus, afirma Vicente, existem somente medidas
preventivas para minimizar os riscos. "E a melhor forma
de prevenção é o reforço dos cuidados com a higiene, como
limpeza dos ambientes domésticos e lavagem de mãos,
principalmente antes das refeições, após ir ao banheiro e
antes de manipular alimentos", diz. Também é
fundamental o controle da água e dos alimentos – verduras e
frutas devem ser lavadas antes de serem ingeridas - e a
destinação adequada do lixo e do esgoto.
Estas
recomendações estão sendo divulgadas pelas equipes do Paidéia
de Saúde da Família durante os trabalhos em campo e nos próprios
serviços. Mães de crianças com início de sintomas de diarréia
ou vômitos são orientadas para oferecer imediatamente soro
caseiro e água tratada para prevenir a desidratação, não
suspender alimentação e procurar imediatamente o serviço médico
para o tratamento adequado. O estímulo ao aleitamento materno
– o leite materno contém altos níveis de anticorpos –
está entre as recomendações da Secretaria de Saúde.