Notificações de casos suspeitos de rotavírus sobem para 1.138

20/09/2004

Denize Assis

O número de casos de diarréia com sintomas similares às causadas por rotavírus subiu para 1.138 em Campinas segundo informou a Secretaria de Saúde nesta segunda-feira, dia 20 de setembro. No último balanço, divulgado dia 13, as notificações somavam 850. O surto atingiu bairros de todas as regiões do município, mas a maioria das ocorrências foram registradas na região Sul. A faixa etária mais acometida é a de menores de 5 anos. Em 2003, o município registrou um surto, na mesma época, com mais de 1,2 mil casos.

A infecção pelo rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia aquosa e duração limitada, a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo evoluir para óbito. A doença pode atingir todas as faixas etárias mas oferece maior risco para crianças muito pequenas e idosos. É sazonal e os casos aparecem com maior freqüência no final do inverno.

"Com base na experiência do ano passado, a Secretaria de Saúde implementou este ano unidades sentinela para o monitoramento e controle da diarréia. Inclusive uma destas unidades, o Pronto Atendimento do São José, é que identificou o surto este ano", informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância em Saúde (Visa) da Prefeitura.

Segundo Brigina, a Visa tem divulgado, semanalmente, informe técnico a todos profissionais e serviços da Secretaria de Saúde e solicitado que todos notifiquem surtos e casos sugestivos de rotavírus. Além disso, com apoio do Instituto Adolfo Lutz e do Laboratório de Virologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), numa amostra dos casos são feitos exames para confirmação laboratorial.

Para os demais casos, o diagnóstico é feito com base nos sintomas e pelo histórico das pessoas, chamado tecnicamente de critério clínico-epidemiológico. Até o momento foi confirmado rotavírus em 43 das 62 análises concluídas. A positividade é maior em menores de cinco anos – 70% - e especialmente em menores de 1 ano – 84,6%.

Outra providência da Visa, segundo Brigina, é a orientação à população e aos profissionais de saúde sobre sintomas, maneiras de prevenção e quando procurar um serviço de saúde para receber cuidados adequados. "Não existe um tratamento específico para o rotavírus. A pessoa recebe medicação para controlar os sintomas como febre persistente e vômito. Muitas vezes é administrado o soro oral primeiro e, se a pessoa não apresenta melhora, o profissional entra com soro endovenoso para hidratar o doente", diz Brigina.

O médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Visa de Campinas, informa que a contaminação do rotavírus ocorre por via fecal-oral. "A pessoa com sua mãos contaminadas com o vírus, por uma higienização não correta após o banheiro, contamina objetos, alimentos ou outras pessoas", diz.

Contra o rotavírus, afirma Vicente, existem somente medidas preventivas para minimizar os riscos. "E a melhor forma de prevenção é o reforço dos cuidados com a higiene, como limpeza dos ambientes domésticos e lavagem de mãos, principalmente antes das refeições, após ir ao banheiro e antes de manipular alimentos", diz. Também é fundamental o controle da água e dos alimentos – verduras e frutas devem ser lavadas antes de serem ingeridas - e a destinação adequada do lixo e do esgoto.

Estas recomendações estão sendo divulgadas pelas equipes do Paidéia de Saúde da Família durante os trabalhos em campo e nos próprios serviços. Mães de crianças com início de sintomas de diarréia ou vômitos são orientadas para oferecer imediatamente soro caseiro e água tratada para prevenir a desidratação, não suspender alimentação e procurar imediatamente o serviço médico para o tratamento adequado. O estímulo ao aleitamento materno – o leite materno contém altos níveis de anticorpos – está entre as recomendações da Secretaria de Saúde.

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