A Secretaria de
Saúde de Campinas notificou na semana passada, entre os dias
20 e 25 de setembro, mais dois surtos de varicela, mais
conhecida como catapora, em escolas da cidade. No total, desde
junho, já foram registrados na Vigilância em Saúde (Visa)
do município 18 surtos da doença, sendo seis deles neste mês.
A maior parte dos casos – 87% - refere-se a crianças
menores de nove anos.
"O
aumento nas notificações confirma a característica sazonal
da doença que ocorre com mais freqüência no final de
inverno e início da primavera. As ações de controle e vigilância
epidemiológica estão sendo realizadas de forma criteriosa e
correta em todos os surtos informados à vigilância",
informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância
em Saúde de Campinas.
Segundo
Brigina, a orientação da Secretaria de Saúde, conforme
normas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de
Saúde (OMS), é de que crianças com suspeita de catapora
sejam encaminhadas aos centros de saúde e, confirmado o diagnóstico,
afastadas da creche ou escola até o sétimo dia após o
surgimento das lesões ou até que todas as crostas tenham caído.
Também é
importante, informa Brigina, manter cuidados com a higiene,
como aparar as unhas da criança e manter o banho diário.
"Estas medidas simples podem evitar a infecção das vesículas
por bactérias, que podem agravar o quadro", diz. A
sanitarista afirma ainda que a aspirina nunca deve ser
utilizada para o tratamento, pois pode causar complicação.
A enfermeira
informa que a vacina contra a catapora não faz parte do
calendário de imunização do Ministério da Saúde. No
entanto, desde o ano passado, o Estado de São Paulo instituiu
a distribuição de doses para vacinação em escolas, a
partir da notificação de dois ou mais casos na mesma
instituição. O objetivo é imunizar crianças menores de
seis anos, suscetíveis à doença, ou seja que tenham mantido
contato com o doente e não tenham tido catapora antes.
A enfermeira
sanitarista Maria do Carmo Ferreira afirma que não existe
este ano e não houve no ano passado, quando Campinas
registrou 700 casos, nenhuma situação anormal com relação
à catapora. O que aconteceu, segundo Carmo Ferreira, é que a
entrega das vacinas está condicionada à comunicação de
surtos e, por isso, Campinas passou a notificar casos com
maior freqüência. Também não é possível ainda, diz a
sanitarista, comparar dados de 2004 ou de 2003 com épocas
anteriores já que a incidência da varicela é subnotificada.
Carmo
Ferreira informa que a catapora é uma doença contagiosa,
causada pelo vírus varicela-zoster, que atinge
principalmente menores de 15 anos. A principal forma de
manifestação da doença – segundo explicou a enfermeira
– é o surgimento de pequenas bolhas pelo corpo, que evoluem
para crostas e cicatrizam em aproximadamente cinco dias. O
quadro também pode apresentar febre e indisposição.
"Na
imensa maioria dos casos, a varicela é benigna. No entanto,
pacientes com desnutrição ou quadro de baixa imunidade
tendem a apresentar formas mais graves da doença, como
pneumonia e complicações hemorrágicas, o que pode causar óbitos",
diz Carmo Ferreira. "Em Campinas, nos últimos dois anos
não foram registradas mortes de moradores da cidade por
complicações desta doença", informa.