Campinas notificou 18 surtos de catapora

27/09/2004 

A Secretaria de Saúde de Campinas notificou na semana passada, entre os dias 20 e 25 de setembro, mais dois surtos de varicela, mais conhecida como catapora, em escolas da cidade. No total, desde junho, já foram registrados na Vigilância em Saúde (Visa) do município 18 surtos da doença, sendo seis deles neste mês. A maior parte dos casos – 87% - refere-se a crianças menores de nove anos.

"O aumento nas notificações confirma a característica sazonal da doença que ocorre com mais freqüência no final de inverno e início da primavera. As ações de controle e vigilância epidemiológica estão sendo realizadas de forma criteriosa e correta em todos os surtos informados à vigilância", informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância em Saúde de Campinas.

Segundo Brigina, a orientação da Secretaria de Saúde, conforme normas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS), é de que crianças com suspeita de catapora sejam encaminhadas aos centros de saúde e, confirmado o diagnóstico, afastadas da creche ou escola até o sétimo dia após o surgimento das lesões ou até que todas as crostas tenham caído.

Também é importante, informa Brigina, manter cuidados com a higiene, como aparar as unhas da criança e manter o banho diário. "Estas medidas simples podem evitar a infecção das vesículas por bactérias, que podem agravar o quadro", diz. A sanitarista afirma ainda que a aspirina nunca deve ser utilizada para o tratamento, pois pode causar complicação.

A enfermeira informa que a vacina contra a catapora não faz parte do calendário de imunização do Ministério da Saúde. No entanto, desde o ano passado, o Estado de São Paulo instituiu a distribuição de doses para vacinação em escolas, a partir da notificação de dois ou mais casos na mesma instituição. O objetivo é imunizar crianças menores de seis anos, suscetíveis à doença, ou seja que tenham mantido contato com o doente e não tenham tido catapora antes.

A enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira afirma que não existe este ano e não houve no ano passado, quando Campinas registrou 700 casos, nenhuma situação anormal com relação à catapora. O que aconteceu, segundo Carmo Ferreira, é que a entrega das vacinas está condicionada à comunicação de surtos e, por isso, Campinas passou a notificar casos com maior freqüência. Também não é possível ainda, diz a sanitarista, comparar dados de 2004 ou de 2003 com épocas anteriores já que a incidência da varicela é subnotificada.

Carmo Ferreira informa que a catapora é uma doença contagiosa, causada pelo vírus varicela-zoster, que atinge principalmente menores de 15 anos. A principal forma de manifestação da doença – segundo explicou a enfermeira – é o surgimento de pequenas bolhas pelo corpo, que evoluem para crostas e cicatrizam em aproximadamente cinco dias. O quadro também pode apresentar febre e indisposição.

"Na imensa maioria dos casos, a varicela é benigna. No entanto, pacientes com desnutrição ou quadro de baixa imunidade tendem a apresentar formas mais graves da doença, como pneumonia e complicações hemorrágicas, o que pode causar óbitos", diz Carmo Ferreira. "Em Campinas, nos últimos dois anos não foram registradas mortes de moradores da cidade por complicações desta doença", informa.

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