Suspeitas de rotavírus já somam mais de 1,8 mil em Campinas

27/09/2004

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas recebeu, do final de julho até a última sexta-feira, dia 24 de setembro, notificações de 1.808 casos de diarréia aguda com sintomas compatíveis com diarréia provocada por rotavírus. No último balanço, divulgado dia 20, as notificações somavam 1.138.

A maior parte dos registros é da Região Sul, onde as ocorrências já chegam a 733, o que significa 40,5% do total. Em seguida consta a região Noroeste com 368 registros, o equivalente a 20,3%, e a Sudoeste com 315 (17,4%). As regiões Leste e Norte vêm após com 212 (11,7%) e 70 (3,8%) casos respectivamente. A faixa etária mais acometida é a de crianças menores de cinco anos, com 1.104 casos, ou seja 61% das notificações.

A infecção pelo rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia aquosa e duração limitada, a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo evoluir para óbito. A doença pode atingir todas as faixas etárias mas oferece maior risco para crianças muito pequenas e idosos. É sazonal e os casos aparecem com maior freqüência no final do inverno.

Segundo a Secretaria de Saúde, embora a maior parte casos tenham sido com sintomas leves – 724 (40%) -, 280 pacientes (15%) necessitaram de tratamento com aplicação de soro na veia (soroterapia endovenosa).

Para confirmar se o agente causador das diarréias é mesmo rotavírus, a cada 10 ocorrências a Vigilância em Saúde colhe uma amostra e envia para exame laboratorial. Até agora, dos 125 exames já concluídos, 71 confirmaram infecção por rotavírus e 39 deram negativo. Para os demais casos, o diagnóstico é feito com base nos sintomas e pelo histórico das pessoas, chamado tecnicamente de critério clínico-epidemiológico.

Em 2003, o município enfrentou um surto de diarréia na mesma época do ano, com mais de 1,2 mil casos. "Com base na experiência do ano passado e em outras de anos anteriores, com a notificação de casos de gastroenterite associada à Escherichia coli e por indicação do Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde de Campinas implementou este ano unidades-sentinela para o monitoramento e controle da diarréia", informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância em Saúde (Visa) da Prefeitura. "Estes sentinelas informam a vigilância sobre as ocorrências e a vigilância, ao constatar o aumento nos casos, alerta toda a rede de saúde e desencadeia as medidas necessárias para o controle", diz.

O médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Visa, informa que os rotavírus são transmitidos por via fecal-oral, por contato de pessoa a pessoa e também por meio de água, alimentos, utensílios ou superfícies contaminadas. Segundo ele, não há vacinas disponíveis nem tratamento específico para combater a doença. O tratamento é sintomático, ou seja: a pessoa recebe medicação para controlar os sintomas como febre persistente e vômito.

O sanitarista explica que, contra o rotavírus, existem somente medidas preventivas. "E a melhor forma de prevenção é o reforço dos cuidados com a higiene, como limpeza dos ambientes domésticos e lavagem de mãos, principalmente antes das refeições, após ir ao banheiro e antes de manipular alimentos", diz Vicente. Também é fundamental o controle da água e dos alimentos – verduras e frutas devem ser lavadas antes de serem ingeridas - e a destinação adequada do lixo e do esgoto.

De acordo com a médica sanitarista Naoko Silveira, que coordena o monitoramento das diarréias em Campinas, informações dos Centros de Saúde e das demais unidades da rede pública municipal de saúde apontam que, nos últimos dias, houve uma queda no atendimento de diarréias. "A redução deve ser verificada daqui a duas ou três semanas", diz Naoko.

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