Denize Assis
A Secretaria
de Saúde de Campinas recebeu, do final de julho até a última
sexta-feira, dia 24 de setembro, notificações de 1.808 casos
de diarréia aguda com sintomas compatíveis com diarréia
provocada por rotavírus. No último balanço, divulgado dia
20, as notificações somavam 1.138.
A maior parte
dos registros é da Região Sul, onde as ocorrências já
chegam a 733, o que significa 40,5% do total. Em seguida
consta a região Noroeste com 368 registros, o equivalente a
20,3%, e a Sudoeste com 315 (17,4%). As regiões Leste e Norte
vêm após com 212 (11,7%) e 70 (3,8%) casos respectivamente.
A faixa etária mais acometida é a de crianças menores de
cinco anos, com 1.104 casos, ou seja 61% das notificações.
A infecção
pelo rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia aquosa
e duração limitada, a quadros graves com desidratação,
febre e vômitos, podendo evoluir para óbito. A doença pode
atingir todas as faixas etárias mas oferece maior risco para
crianças muito pequenas e idosos. É sazonal e os casos
aparecem com maior freqüência no final do inverno.
Segundo a
Secretaria de Saúde, embora a maior parte casos tenham sido
com sintomas leves – 724 (40%) -, 280 pacientes (15%)
necessitaram de tratamento com aplicação de soro na veia
(soroterapia endovenosa).
Para
confirmar se o agente causador das diarréias é mesmo rotavírus,
a cada 10 ocorrências a Vigilância em Saúde colhe uma
amostra e envia para exame laboratorial. Até agora, dos 125
exames já concluídos, 71 confirmaram infecção por rotavírus
e 39 deram negativo. Para os demais casos, o diagnóstico é
feito com base nos sintomas e pelo histórico das pessoas,
chamado tecnicamente de critério clínico-epidemiológico.
Em 2003, o
município enfrentou um surto de diarréia na mesma época do
ano, com mais de 1,2 mil casos. "Com base na experiência
do ano passado e em outras de anos anteriores, com a notificação
de casos de gastroenterite associada à Escherichia coli
e por indicação do Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde
de Campinas implementou este ano unidades-sentinela para o
monitoramento e controle da diarréia", informa a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância em Saúde
(Visa) da Prefeitura. "Estes sentinelas informam a vigilância
sobre as ocorrências e a vigilância, ao constatar o aumento
nos casos, alerta toda a rede de saúde e desencadeia as
medidas necessárias para o controle", diz.
O médico
sanitarista Vicente Pisani Neto, da Visa, informa que os rotavírus
são transmitidos por via fecal-oral, por contato de pessoa a
pessoa e também por meio de água, alimentos, utensílios ou
superfícies contaminadas. Segundo ele, não há vacinas
disponíveis nem tratamento específico para combater a doença.
O tratamento é sintomático, ou seja: a pessoa recebe medicação
para controlar os sintomas como febre persistente e vômito.
O sanitarista
explica que, contra o rotavírus, existem somente medidas
preventivas. "E a melhor forma de prevenção é o reforço
dos cuidados com a higiene, como limpeza dos ambientes domésticos
e lavagem de mãos, principalmente antes das refeições, após
ir ao banheiro e antes de manipular alimentos", diz
Vicente. Também é fundamental o controle da água e dos
alimentos – verduras e frutas devem ser lavadas antes de
serem ingeridas - e a destinação adequada do lixo e do
esgoto.
De acordo com
a médica sanitarista Naoko Silveira, que coordena o
monitoramento das diarréias em Campinas, informações dos
Centros de Saúde e das demais unidades da rede pública
municipal de saúde apontam que, nos últimos dias, houve uma
queda no atendimento de diarréias. "A redução deve ser
verificada daqui a duas ou três semanas", diz Naoko.