Seminário prepara equipes para diagnosticar e tratar sífilis e HIV na gestação

27/09/2005

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio do Grupo de Apoio Técnico Institucional Leste, da Vigilância em Saúde (Visa) Leste e da Saúde Coletiva, promoveu nesta terça-feira, dia 27 de setembro, Seminário de Atualização em Sífilis Gestacional e Congênita e Transmissão Vertical do Vírus HIV. O evento aconteceu na Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), na avenida Brasil, 2.340.

Direcionado a médicos, enfermeiros e outros profissionais do Distrito de Saúde Leste que atuam no pré-natal, o evento reuniu cerca de 70 servidores e foi dividido em duas turmas que assistiram a palestras com os temas Recomendação para profilaxia da transmissão vertical do HIV e Atualização em sífilis na gestação e sífilis congênita.

“O seminário é uma estratégia da Secretaria Municipal de Saúde no sentido de promover diagnóstico e tratamento adequados destas doenças durante a gestação com o objetivo de eliminar a sífilis congênita e prevenir a transmissão vertical do vírus HIV”, diz o médico pediatra, sanitarista e de saúde da família Augusto César Lazarin, um dos coordenadores do evento.

O intuito, de acordo com Lazarin, é que os profissionais que participaram do seminário reproduzam as informações, no cotidiano, nas suas unidades e nos grupos de trabalho. Além de Lazarin, também participaram da organização do evento a residente Cristiane Lourenço Ribeiro, da medicina preventiva e social da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o médico pediatra e sanitarista Roberto Araújo, do Apoio Técnico da Leste, e as enfermeiras sanitaristas Cristina Albuquerque, do Apoio Técnico da Leste, e Thaís Fernanda Degam Klemz, da Visa Leste.

Casos. Em 2004, em Campinas, foram registrados 22 casos de sífilis congênita num total de 13.697 nascidos vivos filhos de mães residentes no município, o que dá 1,68 para cada grupo de mil nascidos vivos. O índice preconizado pelo Ministério da Saúde é de até 1 para mil nascidos vivos. Em 2005, de janeiro a agosto, foram notificados 28 casos.

Segundo a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, se comparado com períodos anteriores, os números de sífilis congênita no ano passado e este ano cresceram bastante. No entanto, isto decorre de um trabalho de busca ativa, da mudança de definição dos casos – que ficou mais ampla, mais sensível – e das ações implementadas tendo como meta a eliminação da sífilis congênita.

Em relação ao vírus HIV, desde 2000, três crianças foram infectadas durante a gestação e parto resultando numa taxa de transmissão vertical de 1,8%. A taxa esperada é de até 1%.

Carmo Ferreira informa que o pré-natal bem feito, conforme protocolo do Ministério da Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde, com a realização de dois exames de VDRL (sífilis) - um logo no início e outro no terceiro trimestre de gravidez – e um para detecção de HIV, são fundamentais na eliminação da sífilis congênita e da prevenção da transmissão vertical do HIV.

“Em Campinas, que conta com uma rede de serviços de saúde estruturada, com recurso laboratorial e tecnológico, e onde 98% das gestantes realizam pré-natal, é totalmente possível eliminar a sífilis congênita e reduzir a transmissão vertical do HIV”, diz. Segundo ela, para as duas doenças os exames e respectivos tratamentos são gratuitos.

No caso da sífilis, o tratamento é feito com penicilina. Se a mãe for alérgica a esta substância, ela toma outro remédio. A gestante tem que fazer o tratamento completo com orientação do seu médico. Para o acompanhamento de cura, a gestante deverá repetir o exame para sífilis todo mês. “O companheiro da gestante com sífilis também deve se tratar e a camisinha deve ser usada porque trata-se de uma doença sexualmente transmissível”, explica a sanitarista.

Para a gestante HIV positivo, o médico institui a profilaxia que reduz o risco da transmissão vertical. A mulher também recebe orientação para o período pós-parto e é encaminhada para tratamento e acompanhamento.

Carmo informa ainda que toda gestante e toda mulher que pretende engravidar, independente de apresentar qualquer sintoma, deve fazer os exames para sífilis e HIV. “A gestante tem direito aos testes e deve solicitá-los, se o médico não o fizer”, afirma.

Nos casos eventuais de gestantes que não tenham feito os exames, no momento da internação para o parto a maternidade deve realizar os testes rápidos, conforme protocolo do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde de Campinas. A regra vale para os casos de aborto, já que o aborto pode ter sido causado pela sífilis.

A sanitarista lembra que a sífilis congênita e os casos de transmissão vertical de HIV são de notificação compulsória e que, portanto, todas as ocorrências devem ser informadas obrigatoriamente à Vigilância em Saúde.

Denize Assis

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