Saúde divulga informe técnico sobre carrapatos e febre maculosa

29/09/2005

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, divulgou nesta quarta-feira, 28 de setembro, informe técnico sobre carrapatos e febre maculosa direcionado aos serviços da rede pública munipal de saúde e para divulgação para a população nas próprias unidades e nos trabalhos desenvolvidos em campo pelas equipes de saúde da família.

O objetivo é atualizar técnicos de saúde sobre a situação epidemiológica da febre maculosa no município e na região e orientar a população sobre medidas a serem tomadas em relação ao parasita e cuidados para reduzir riscos da doença.

Nos últimos dias, a Vigilância em Saúde (Visa) Municipal tem recebido inúmeras demandas da população, diretamente ou via serviço 156 da Prefeitura, solicitando orientações quanto a infestação de carrapatos e esclarecimentos quanto ao risco deste parasita transmitir a febre maculosa.

“Por isto, com o objetivo de esclarecer dúvidas, informar sobre as providências adotadas pela Saúde Coletiva Municipal e orientar quanto aos procedimentos a serem adotados para controlar a infestação de carrapatos e evitar parasitismo humano, a Secretaria de Saúde elaborou o informe”, diz o médico sanitarista André  Ribas de Freitas, da Visa.

Segundo a coordenação do 156, este ano, as solicitações aumentaram em todos os meses em relação a 2004. De janeiro a agosto do ano passado, houve 106 pedidos ao 156. Este ano, foram 208.

Segundo a médica veterinária Tosca de Lucca, da Visa Norte, os carrapatos estão presentes no ambiente em todas as estações. “Em 2005, até o momento, não identificamos situação que chame atenção. Entretanto é necessário valorizar o aumento das demandas para o 156”, diz Tosca de Lucca, médica veterinária da Visa Norte.

Ela informa, ainda, que existem gêneros diferentes de carrapatos – Amblyomma, Boophiolus, Anocentor e Ripicephalus – e que até o momento, na região, as notificações da febre maculosa estão relacionadas ao Amblyomma principalmente da espécie cajennense. “Em mais de 90% das solicitações sobre infestações em Campinas, o carrapato encontrado não é o Amblyomma”, diz.

Segundo Tosca, a partir de março e até novembro, os carrapatos estão na fase de larva e ninfa. Nesta época, a população deles no ambiente é maior, eles são pequenos, possuem uma picada que não é tão dolorida e, por isso, a pessoa demora mais para perceber o parasita aderido à pele. “Nestes meses, como é mais comum o parasitismo humano, aumenta o risco da ocorrência da febre maculosa”, afirma. Segundo dados da Secretaria de Saúde, é justamente nesta época do ano que aumentam as notificações de casos suspeitos da doença na cidade.  

De acordo com o informe da Secretaria de Saúde, para evitar o parasitismo humano pelo carrapato é necessária a adoção de cuidados com o ambiente e animais domésticos e também a modificação do comportamento humano.  

Em relação ao ambiente, a maneira mais adequada de controlar a quantidade de carrapatos é a poda da vegetação, o que torna o local menos atrativo para eles. O uso de carrapaticidas não é indicado. Por isso, a Prefeitura promove a roçada freqüente das áreas públicas de Campinas.  

Os cuidados com os animais domésticos exigem aplicações de carrapaticidas e remoção mecânica das formas adultas nos animais, principalmente cavalos. A responsabilidade deste procedimento é do proprietário que deve adotá-lo sempre com orientação de um veterinário.  

Para a população em geral, a orientação da Secretaria de Saúde é que evitem contato direto com a vegetação em áreas infestadas, principalmente onde habitam capivaras e cavalos, pois estes animais são hospedeiros preferenciais do Amblyomma cajennense.

Quando for invetitável transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve proteger todo corpo usando roupas com mangas compridas e calças compridas e de cor clara, para facilitar a visualização do carrapato. É indicada, imediatamente após caminhar por estas áreas, que a pessoa faça um auto-exame para verificar se há carrapatos aderidos à pele.

De acordo com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante para a prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de inoculação de bactérias – e portanto de surgir febre maculosa – e de complicações locais como reação inflamatória ou infecção secundária.

Por isso, a orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde. Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o carrapato. Ele também pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de saúde e maneiras de prevenção. Não há vacinas disponíveis eficazes para a doença e não existe indicação de terapia com antibióticos como medida profilática.

Em 2004, foram notificados 105 casos de febre maculosa em moradores de Campinas. Destes, oito foram confirmados e todos foram tratados e curados. Em 2005, até o momento, foram 125, com dois casos confirmados, também com cura.

Os sintomas da febere maculosa são parecidos com os de outras doenças, como leptospirose e dengue hemorrágica. Os principais sinais são febre alta com início súbito, dor de cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. Também podem surgir dor abdominal e prostração. A doença tem tratamento e quanto mais precoce a terapia for iniciada, maiores as chances de cura.

Denize Assis

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