A Coordenadoria de
Vigilância em Saúde (Covisa) notificou 17 surtos de
catapora (varicela) em Campinas desde o final de junho,
segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde nesta
segunda-feira, 18 de setembro. As ocorrências foram
registradas em escolas e outras instituições que atendem
crianças na cidade e somam 138 casos, sendo 83% em
crianças com até 4 anos de idade. Não houve mortes.
“A ocorrência dos surtos
nos últimos três meses confirma a característica sazonal
da doença, que incide com mais freqüência no final de
inverno e início da primavera. As ações de controle e
vigilância epidemiológica estão sendo realizadas de
forma criteriosa e correta em todos os surtos informados
à vigilância, o que inclui vacinação em escolas das
crianças menores de seis anos que tenham mantido contato
com o doente e não tenham tido catapora antes. O
bloqueio é realizado a partir da notificação de dois ou
mais casos na mesma instituição”, informa a enfermeira
sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica da Covisa.
Segundo Brigina, a
varicela não é de notificação obrigatória. No entanto,
surtos e epidemias devem ser registrados e acompanhados
para que se possa desencadear medidas de controle para
estas situações. A sanitarista informa que o número de
surtos notificados em 2006 é menor que o notificado no
mesmo período do ano passado – quando foram registrados
31 surtos - e não há, por enquanto, alteração na
situação epidemiológica em relação aos últimos quatro
anos.
Em 2005, foram
notificados no total 69 surtos de varicela em Campinas,
com 708 casos. Em 2004, foram notificados 37, num total
de 504 casos, com um óbito. Em 2003, foram 67 com 700
casos e não houve morte. No Estado de São Paulo, o
Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) registrou,
este ano, 608 surtos da doença num total de 2.273 casos,
dos quais oito foram a óbito.
Brigina informa que a
orientação da Secretaria de Saúde, conforme normas do
Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS),
é de que crianças com suspeita de catapora sejam
encaminhadas a um serviços de saúde e, confirmado o
diagnóstico, afastadas da creche ou escola até o sétimo
dia após o surgimento das lesões ou até que todas as
crostas tenham caído.
Também é importante,
afirma Brigina, manter cuidados com a higiene, como
aparar as unhas da criança e manter o banho diário.
“Estas medidas simples podem evitar a infecção das
vesículas por bactérias, que podem agravar o quadro”,
diz. A sanitarista diz ainda que medicamentos à base de
ácido acetilsalicílico nunca devem ser utilizados para o
tratamento, pois podem causar complicação.
A vacina contra a
catapora não é utilizada como rotina no calendário de
imunização da criança do Ministério da Saúde. No
entanto, é disponibilizada para os Centros de Referência
de Imunobiológicos Especiais (CRIEs) das Secretarias de
Saúde dos estados, para uso em pessoas de qualquer idade
que apresentam maior risco de desenvolver as formas
graves da doenças, suas complicações e óbito, de acordo
com as indicações da literatura médica.
No Estado de São Paulo, a
partir de 2003, a Secretaria de Saúde instituiu a
distribuição de doses para vacinação em escolas, a
partir da notificação de dois ou mais casos na mesma
instituição, para menores de seis anos suscetíveis à
doença.
Saiba mais
Causada pelo vírus
varicela-zoster, a catapora é uma doença contagiosa,
característica da infância, e que ocorre, geralmente,
sob forma de surtos epidêmicos no final do inverno e na
primavera em creches, jardins da infância, hospitais
gerais e pediátricos.
A principal forma de
manifestação da doença é o surgimento de pequenas bolhas
pelo corpo, que evoluem para crostas e cicatrizam em
aproximadamente cinco dias. O quadro também pode
apresentar febre e indisposição.
"Na imensa maioria dos
casos, a varicela é benigna. No entanto, pacientes com
desnutrição ou quadro de baixa imunidade tendem a
apresentar formas mais graves da doença, como pneumonia
e complicações hemorrágicas, o que pode causar óbitos",
diz Brigina.
Denize Assis