Pauta sobre Redução de Danos dá início à elaboração do Plano de Ações e Metas do Programa Municipal de DST e Aids de Campinas

14/09/2007

Autor: Eli Fernandes

Primeira reunião de trabalho com diretrizes que balizam a resposta à epidemia foi realizada nesta segunda-feira e os trabalhos serão retomados amanhã

Técnicos da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, usuários e parceiros do Sistema Único de Saúde (SUS) deram início nesta segunda-feira, dia 11 de setembro de 2007, à elaboração do Plano de Ações e Metas (PAM) do Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (PMDST/Aids) para 2008.

Quando estiver concluído, o documento será enviado ao Conselho Municipal de Saúde (CMS), órgão deliberativo máximo às políticas públicas no setor. O plano baliza as ações de assistência e promoção da prevenção às DSTs, ao HIV e à aids na cidade.

"É a resposta de Campinas a esta pandemia. Neste momento, prestamos contas das ações realizadas e metas atingidas, reavaliamos as que não apresentaram resultados satisfatórios, discutimos e apontamos novas estratégias", disse a enfermeira sanitarista Maria Cristina Feijó Januzzi Ilario, coordenadora do Programa.

A reunião de ontem focou o Programa de Redução de Danos (PRD) do Centro de Referência do PMDST/Aids de Campinas, com participação de profissionais da Atenção Básica, Saúde Mental, representantes de usuários do SUS e gestores de unidades e áreas programáticas da SMS e conselheiros municipais de Saúde.

A abertura foi com a apresentação de uma peça de teatro produzida pelos redutores de danos com apoio do Núcleo de Educação e Comunicação Social (Necs) do CR-PMDST/Aids. A montagem, "Reduzindo Danos, Promovendo a Saúde", demonstra parte do quotidiano destes profissionais que atuam para redução da vulnerabilidade às DSTs e ao HIV/aids de usuários de drogas.

Durante o restante do período, os participantes organizaram-se em três grupos de trabalho. No final da tarde cada grupo pode apresentar o conteúdo das discussões e suas decisões foram submetidas à plenária final deste encontro, realizada ontem.

Os trabalhos de elaboração do Plano de Ações e Metas do PMDST/Aids estão organizados em eixos temáticos: Redução de Danos (realizado nesta segunda-feira), Assistência (nesta quinta-feira, dia 13) e, na área de prevenção, Mulheres (na sexta-feira), Lésbicas, Gays, Bissexuais, outros Homens que Fazem Sexo com Homens, Travestis e Transexuais (sábado) e Jovens (segunda-feira).

Nos dias 24 e 25 de setembro serão realizadas novas reuniões de trabalho e a Plenária Final do Plano de Ações e Metas 2008. Nesta semana as reuniões são realizadas no Euro Suíte Hotel, ao lado do Centro de Referência do PMDST/Aids. Dias 24 e 25 os encontros serão no Centro de Convenções Business Institute (BI) de Campinas – Fundação Getúlio Vargas (FGV) / Espaço Arcadas, à Rua José Paulino, 1395, Centro.

Programa de Redução de Danos

Redução de Danos é o conceito utilizado para um conjunto de estratégias em Saúde Pública que visam promover a prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, ao vírus hiv e à aids, entre outros agravos decorrentes do uso de drogas.

O Programa de Redução de Danos trabalha sob uma ótica pragmática e humanitária, não repressora ou punitiva, que agrega os conceitos da saúde e da cidadania. O Programa de Redução de Danos de Campinas é uma política pública no município desde 2001 que tem como estratégias pilares a oferta de insumos de prevenção, tais como seringas e agulhas descartáveis, preservativos e educação em saúde como direito do cidadão.

O trabalho se desenvolve em campo (trabalho face a face nas ruas) e em Centros de Saúde do Município, buscando também parcerias com secretarias afins e outros segmentos da sociedade civil. Atualmente, para além das drogas injetáveis, o PRD-Campinas tem ampliado as ações para os outros tipos de uso de drogas, devido à vulnerabilidade acrescida dessa população.

Situação epidemiológica

De acordo com dados divulgados no dia 30 de novembro de 2006 pelo PMDST/Aids, Campinas tem 4.763 casos de aids notificados no município desde a década de 80. A epidemia se apresenta estável no município, com declínio para algumas categorias - como usuários de drogas injetáveis. A letalidade é reduzida e está atualmente em 7%.

Dentro desta estabilidade existem movimentações importantes, como o crescimento persistente entre as mulheres – feminização da epidemia –, sexo em que a principal categoria de exposição – forma de transmissão - é por relações heterossexuais. Esta tendência também é verificada no Brasil.

Em relação à distribuição por sexo, no início da epidemia havia uma predominância grande de casos no sexo masculino sobre os casos no sexo feminino. Em 1987, para cada 11 homens com aids havia uma mulher (11/1). Atualmente, a razão é de 1,5/1. "Isto mostra o quanto a epidemia aumenta mais rapidamente entre mulheres", disse Cristina.

Segundo a sanitarista, a análise dos dados é fundamental no sentido de incrementar as ações educativas e de prevenção. "A aids, como toda doença, tem uma epidemiologia dinâmica em função das mudanças tecnológicas, culturais, demográficas entre outras. É importante estarmos atentos para estas mudanças para que possamos ser mais efetivos nas medidas de controle que incluem também e principalmente orientação à população e priorização de grupos para enfocar medidas de prevenção", afirma Maria Cristina.

Centro de Referência do PMDST/Aids

A aids é uma síndrome que pode ser tratada através do SUS. O tratamento é complexo e realizado em serviços especializados, como o Centro de Referência do Programa DST/Aids de Campinas. O Centro de Referência fica na rua Regente Feijó, 637, Centro, e está aberto de segunda a sexta-feira (exceto aos feriados) das 7h às 20h. O telefone, para mais informações sobre este serviço é (19) 3234 – 5000.

A estimativa, com base em dados do Ministério da Saúde, é que cerca de 2.000 pessoas têm o vírus HIV em Campinas e não sabem. O teste é oferecido gratuitamente através do SUS e deve ser feito em qualquer Centro de Saúde (CS) de Campinas ou no Centro de Referência do PMDST/Aids. A melhor forma de prevenção à aids e às doenças sexualmente transmissíveis é o uso de camisinha em todas as relações sexuais. As camisinhas também são distribuídas gratuitamente nos Centros de Saúde através do SUS.

Para saber mais sobre o teste de HIV e sífilis, em Campinas, a população deve informar-se no Centro de Saúde mais próximo ou através do telefone (19) 3236 – 3711, do Centro de Referência. O teste é gratuito e só a pessoa que faz o exame deve ficar sabendo o resultado. Para saber mais sobre aids a população pode acessar o site http://www.aids.gov.br ou ligar para o Disk-Saúde: 0800 61 1997 (do Ministério da Saúde) ou para o Disk-DST/Aids: 0800 16 2550 (do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo).



Mais informações à Imprensa: (19) 3231 – 2244 / 9232 – 4092, com Eli Fernandes

Volta ao índice de notícias