Autor: Denize Assis
Os homens jovens são as principais vítimas fatais de acidentes de trânsito – inclui
atropelamentos, acidentes com motociclistas e demais acidentes - em Campinas. O dado
consta no Boletim n° 39 – Mortalidade por Causas Externas, da Secretaria de Saúde.
O documento revela também que os atropelamentos aumentam com a idade, enquanto as mortes
de motociclistas diminuem após o pico na faixa etária de 15 a 24 anos.
Para os demais acidentes de trânsito, que atingem especialmente os motoristas e passageiros
de automóveis, existe um aumento do risco na faixa etária dos 15 aos 24 anos e, depois de
um declínio, as taxas voltam a crescer um pouco com o avançar da idade.
Os dados do Boletim mostram ainda que, no período de 2004-2006, as mortes por atropelamentos
e acidentes de trânsito apresentaram coeficientes mais elevados nas regiões Norte, Sul e
Sudoeste da cidade. As menores taxas foram verificadas na região leste.
O Boletim foi divulgado nesta terça-feira, dia 18 de setembro, pelo Secretário Municipal de
Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, durante o Seminário Mobilidade x Acidentalidade
no Auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp).
O evento abriu a sétima edição da Semana Municipal de Trânsito (Semutran) promovida pela
Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Transportes/Empresa Municipal de
Desenvolvimento de Campinas (EMDEC).
Problema de Saúde Pública. “As mortes por acidentes de trânsito vêm decrescendo em Campinas
e os números são satisfatórios quando comparados aos de outras cidades brasileiras com o mesmo
perfil. No entanto, este tipo de acidente ainda ceifa vidas na fase mais tenra em nossa cidade
e deixa muitas pessoas com seqüelas. A maior parte das vítimas são homens com até 30 anos de
idade. Trata-se de um problema de saúde pública. Por isso, a saúde participa deste evento hoje
para refletir, em conjunto, e buscar intervenções bem articuladas envolvendo diferentes
instituições e setores sociais e com a participação e comprometimento da população neste
processo”, disse José Francisco Saraiva.
O Secretário ressaltou ainda o papel importante do Programa de Saúde da Família, por meio dos
agentes comunitários de saúde, que podem atuar em seus territórios em ações de prevenção e
promoção. A Secretaria de Saúde de Campinas tem 580 agentes comunitários de saúde que atuam em
atividades de casa em casa, no primeiro contato da saúde pública com o cidadão.
Muitos destes agentes participaram do Seminário desta terça-feira. Entre eles estava Shirlene
Melo Maia, de 27 anos. Ela trabalha na equipe do Centro de Saúde São Domingos, no Módulo de
Saúde do Campo Belo, região sul da cidade.
“Este evento é muito importante. Na minha região de atuação, enfrentamos uma realidade que tem
tudo a ver com esta discussão. Trabalhamos num local cortado pela rodovia que liga Campinas a
Vinhedo. No local não existe passarela e são registrados muitos acidentes, incluindo
atropelamentos de crianças. Por isso, integra nosso trabalho a informação para as famílias
sobre o problema e a orientação sobre como evitar acidentes”, disse Shirlene.
Além do trabalho do Samu/192, dos Prontos-Socorros, dos agentes comunitários, na diretriz de
promoção e prevenção, a Secretaria de Saúde tem desenvolvido ações por meio do Núcleo de
Prevenção de Acidentes e Violências. O trabalho acontece de acordo com a Política Nacional
de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências, do Ministério da Saúde.
Vítima. O motoboy Alex Sandro Barbosa, de 27 anos, é uma das vítimas dos acidentes de trânsito
em Campinas. Há dois anos, um carro em alta velocidade ultrapassou um caminhão e bateu de
frente com a moto de Alex. No momento do acidente ele dirigia a trabalho. O motorista não
prestou socorro e fugiu.
Alex sofreu fraturas nas pernas, na clavícula - que teve como conseqüência uma lesão na
coluna - e mandíbula. Ele ficou 21 dias em coma, sofreu uma traqueostomia e teve que ser
submetido a inúmeros tratamentos devido a seqüelas.
Hoje, ele utiliza uma prótese no pé esquerdo, se alimenta e se movimenta com auxílio da esposa
e está impossibilitado de trabalhar, mas pensa em montar um negócio próprio que possa
administrar em sua casa. Alex é casado e tem um filho de 7 anos.
“Este tipo de Campanha da Prefeitura ajuda sim a alertar os motoristas e a conscientizá-los
para que sejam mais responsáveis. Espero que todos se tornem mais prudentes para que não
ocorram mais acidentes como o meu”, disse o motoboy.
Atualmente, Alex Sandro é atendido pelo Serviço de Atendimento a Pacientes Especiais e
Crônicos (Saec) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192), que o transporta
duas vezes por semana para sessões de fisioterapia e uma vez a cada dois meses para o Centro
de Referência em Reabilitação de Sousas. Tanto o Samu/192 quanto o Centro de Reabilitação
são serviços da Secretaria Municipal de Saúde.