Campinas anuncia medidas para restabelecer estoques de sangue

15/09/2008

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Campinas, o Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Diretoria Regional de Saúde 7 (DRS-7) anunciaram nesta sexta-feira, dia 12 de setembro, medidas para restabelecer os estoques de sangue e hemoderivados no município.

No último mês houve uma baixa maior do que o esperado para esta época do ano nos hemocentros de todo País devido à Campanha de Vacinação contra a Rubéola, iniciada em 9 de agosto, e que tem como público-alvo as pessoas entre 20 e 39 anos de idade que é onde está concentrada a maioria dos doares de sangue no Brasil. Depois de tomar a dose, a pessoa deve aguardar um período de 28 dias para fazer a doação.

Em Campinas, a redução mais importante de bolsas ocorreu no grupo sanguíneo mais freqüente na população, o tipo O+, que tem regularmente uma média de 300 bolsas disponíveis e hoje dispõem de aproximadamente 60 bolsas - queda de cerca de 70%. Para os outros grupos sanguíneos a queda geral do estoque foi de 40 por cento. Isto levou ao cancelamento de 16 cirurgias no Hospital de Clínicas da Unicamp, 12 no Celso Pierro e uma no Mário Gatti, todas de pacientes com tipo sanguíneo O+, desde segunda-feira, dia 8 de setembro.

Entre as medidas anunciadas, a principal é a de educação em saúde. A equipe do Hemocentro vai capacitar na próxima terça-feira, dia 16, auxiliares de enfermagem, enfermeiros e agentes comunitários de saúde para que atuem em suas unidades para sensibilizar, divulgar e captar doadores, além de serem multiplicadores nos seus territórios.

Também será enfatizada nas unidades de saúde, em universidades e em outros locais de grande concentração de pessoas a necessidade dos cidadãos comparecerem às unidades fixas de coleta que estão localizadas no HC, no Celso Pierro e no Mário Gatti e que, neste sábado, ficam abertas. O HC das 7h30 às 15h e o Celso Pierro e o Mário Gatti das 8h às 14h.

Uma outra providência é a ampliação dos postos de coleta, para facilitar o acesso aos doadores. Até meados da próxima semana, devem estar abertos um posto no Complexo Hospitalar Ouro Verde e outro no Paço Municipal.

Também será promovido um mutirão no Paço para captar todos os servidores em condições de doar. Além disso, a Secretaria de Saúde vai entrar em contato com gestores da Guarda Municipal, universidades e todos os cidadãos que sejam potencialmente doadores.

O telefone 156 da Prefeitura passará a dar informações sobre os postos de coleta. Além disso, os locais de coleta externa serão redirecionados.

“Queremos, numa ação coordenada entre poder público municipal, hospitais, Estado, Guarda Municipal e universidades, conscientizar a população chamando aqueles que têm disponibilidade para doar para que compareçam aos postos de coleta. É muito importante que os doadores que já se vacinaram há mais de mês voltem a doar. A doação é um ato de cidadania, previsto em lei, que protege o doador. Assim, num prazo pequeno, pretendemos recuperar os limites de estoque e evitar que novas cirurgias sejam canceladas”, afirmou o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, durante entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira.

O coordenador do Hemocentro, o médico hematologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Carmino Antonio de Souza, que também participou da coletiva, informou aos jornalistas que não há uma situação de caos.

“Quero tranqüilizar a todos. O que houve foi uma rejeição das pessoas por conta da vacinação da rubéola. O hemocentro conta com 7 mil a 7,5 mil doadores por mês. Em agosto este número baixou para 4,8 mil. Passamos a ter uma rejeição de 40% dos doadores enquanto a média é de 30%. Então, o que gostaríamos é que as pessoas que já ultrapassaram o prazo de 30 dias da dose da vacina e que não doaram no período anterior regulamentar e os cidadãos com mais de 40 anos, portanto que não são alvo da campanha de vacinação, que compareçam para doar”, disse.

Segundo ele, a intenção é recuperar os estoques, retomar o ritmo normal de cirurgias e continuar tendo um estoque de segurança para atender aos maiores alvos da transfusão sanguínea que são os acidentados e os pacientes de câncer. Ele citou a importância de agregar esforços do município e da região. “Tenho a expectativa de que num prazo de uma semana ou 10 dias a gente deve regularizar porque não há um nível tão crítico”, afirmou.

Carmino ressaltou que a doação de sangue é um procedimento absolutamente seguro, tanto do ponto de vista da saúde do doador - em relação à sua proteção, à utilização de materiais absolutamente seguros, que acaba passando por uma checagem de saúde e que ganha por ser um ato de solidariedade que só ele pode fazer -, quanto para o paciente, para o qual trata-se de um grande benefício.

O coordenador destacou ainda que o sangue jamais será produzido por um laboratório, jamais irá para a prateleira. “Existem produtos que são muito complexos e que só vêm do ser humano”, disse.

Para ser doador a pessoa tem que ser sadia, ter entre 18 e 65 anos e pesar no mínimo 55 quilos (homens) e 50 quilos (mulheres). Homens podem doar 4 vezes ao ano e mulheres três. O procedimento todo de doação leva cerca de 1 hora e meia.

No Brasil, cerca de 1% da população é doadora. O ideal é que fossem pelo menos 2%. Países como a França e Cuba contam com 6% de doadores.

O Hemocentro da Unicamp atua até o litoral de São Paulo, sendo responsável por uma população de 7 milhões de habitantes em mais de 60 municípios. Realiza em média a coleta de 5,5 mil bolsas de sangue, sendo 35% resultante da coleta externa através do ônibus. O sangue com maior freqüência entre os doadores é do tipo “A” e “O” positivos e os mais raros são os de Rh negativo. O telefone do Hemocentro para mais informações sobre doações é (19) 3521-8705.

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