Campinas elabora Política de Saúde do Homem

08/09/2009

Autor: Denize Assis

Política vai muito além da prevenção do câncer de próstata e exige mudanças culturais

A Política de Saúde do Homem é o mais novo projeto em elaboração pela Secretaria de Saúde de Campinas. A iniciativa atende à Política Nacional de Saúde do Homem, do Ministério da Saúde, e é uma resposta à observação de que os agravos do sexo masculino são um problema de saúde pública. Inicialmente, 38 municípios brasileiros vão implementar a nova política.

Em Campinas, a cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres no município. Os homens bebem mais, fumam mais e estão mais expostos aos riscos de inatividade física, consumo de gorduras e excesso de peso do que as mulheres.

A taxa de mortalidade masculina por homicídios é cerca de 12 vezes maior do que a feminina, chegando a 15 vezes entre 20 e 29 anos. As principais causas de morte entre homens de 15 a 59 anos são violência e acidentes de trânsito, doenças do aparelho circulatório, tumores, doenças do aparelho digestivo e do aparelho respiratório, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade.

Pesquisas demonstram que, ao contrário das mulheres, os homens resistem mais a procurar o médico e se automedicam mais. Essas conclusões inspiraram o Ministério da Saúde na adoção de medidas para estimular a frequência da população masculina aos centros de saúde, sobretudo em caráter preventivo.

Um dos objetivos da Política é justamente aumentar o acesso e a adesão dos homens com idade entre 25 e 59 anos à rede do Sistema Único de Saúde desde a atenção primária, até a especializada e hospitalar. Em especial, visa promover a saúde e prevenir agravos. A população masculina nesta faixa etária é a maior no País, com 42,1 milhão de pessoas. Isto representa 22% do total de brasileiros e 45,2% do total de homens no País.

A política tem um plano dividido em eixos de ação a serem executados até 2011, entre eles os de comunicação, promoção à saúde, expansão dos serviços, qualificação de profissionais e investimento na estrutura da rede pública.

“Está em fase final de elaboração pela Secretaria de Saúde de Campinas um documento técnico sobre a atenção à saúde do homem para a qualificação dos profissionais nos diferentes níveis para que eles tenham um olhar qualificado para os problemas que atingem os homens”, informa a médica sanitarista Taniella Carvalho Mendes, gestora do convênio com do Complexo Hospitalar Ouro Verde e uma das colaboradoras na elaboração do documento técnico.

Também está em confecção um folheto com informações básicas sobre os cuidados necessários para a promoção da saúde que será distribuído para a população masculina. Segundo Taniella, a mensagem principal é: homens, se cuidem e tenham melhor qualidade de vida. Isso inclui também exercício físico e a manutenção de uma alimentação saudável.

Complexo Ouro Verde. Taniella informa, ainda, que a porta de entrada para a assistência continua sendo o Centro de Saúde. Mas o Complexo Hospitalar Ouro Verde surge como um serviço mais estruturado, como outras referências, para atender o homem principalmente em relação aos problemas digestivos, cardiovasculares e urológicos, sendo que a unidade terá retaguarda dos hospitais Mário Gatti, Celso Pierro e HC da Unicamp para atender casos de maior complexidade.

Segundo o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, a nova política coloca Campinas na vanguarda das ações voltadas para a saúde do homem. O Brasil será o primeiro da América Latina e o segundo do continente americano a implementar uma política nacional de atenção integral à saúde do homem. O primeiro foi o Canadá. “E Campinas sai na frente como um dos primeiros municípios do Brasil a implementar esta política”, diz o secretário.

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