Ações em série marcam Semana Da Doação de Órgãos em Campinas

18/09/2009

Autor: Denize Assis

Campinas lançou na manhã desta quinta-feira, dia 17 de setembro, a programação da edição 2009 da Semana Nacional da Doação de Órgãos, de 21 a 27 de setembro, e do Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos, comemorado dia 27. O tema deste ano é: Preserve a Vida. Seja um doador de órgãos. Informe sua família.

O evento aconteceu no Plenário da Câmara de Vereadores e reuniu gestores e servidores do Sistema Único de Saúde (SUS) de Campinas, pacientes transplantados e suas associações representativas, Organizações Não-Governamentais, instituições da sociedade civil organizada, presidência do Conselho Municipal de Saúde, além da coordenação da Organização da Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. A solenidade foi transmitida ao vivo pela TV Câmara.

A programação inclui solenidade de abertura na próxima segunda-feira, dia 21, com café da manhã com a imprensa; Missa em Ação de Graças na Catedral Metropolitana, no dia 23; ações de comunicação, informação e mobilização social no Largo do Rosário, no dia 24; e jogo de futebol entre pacientes transplantados e médicos, no dia 27, ocasião que contará com a torcida de craques do futebol brasileiro.

A Semana acontece de forma articulada em todo País e o objetivo é mobilizar a sociedade brasileira para a doação de órgãos para transplantes. Em Campinas, a promoção do evento é da Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, em parceria com o Hospital de Clínicas da Unicamp, Lions Clube, Associação dos Renais Crônicos de Campinas e Associação de Assistência aos Portadores de Hepatites, Candidatos e Transplantados do Interior de São Paulo (Aphoie). O apoio é do Exército Brasileiro, Hemocentro da Unicamp, Unimed Campinas, Câmara Municipal de Campinas e o Laboratório DMS Burnier.

Atualmente, cerca de 70 mil brasileiros aguardam por um órgão na lista de espera do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Somente no Estado de São Paulo, são 2,5 mil pessoas a espera de fígado, 100 de coração e 10 mil de rim.

Segundo o coordenador da OPO/HC da Unicamp, o neurocirurgião Hélder Zambelli, nos últimos anos houve um avanço importante no número de transplantes realizados em Campinas. Ele ressaltou, no lançamento da programação na Câmara, que para esta melhora contribuíram a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que se organizou, se estruturou e tem dado incentivo às ações; a legislação de 97; e a parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e com os hospitais municipais que tem se intensificado, especialmente no período mais recente.

“Temos estabelecido uma parceria muito boa e isto é de grande importância. Desde a implantação da OPO/HC/Unicamp, a primeira em captação das centrais do interior do Estado, já são mais de 4 mil transplantes realizados”, afirmou.

Segundo Zambelli, a população brasileira é boa para doação. Mesmo assim, ainda há uma recusa em torno de 30% das famílias com potenciais doadores, o que consiste em um índice muito alto se comparado a outros países, como os europeus.

“Mas esta recusa tem diminuído no decorrer dos anos, com a melhora do sistema de saúde, do atendimento hospitalar e das campanhas realizadas todos os anos pelo Ministério da Saúde. Neste sentido, esta campanha que se inicia em Campinas e está em consonância com todo o País numa articulação do Ministério da Saúde é extremamente importante”, disse.

O neurocirurgião disse que a principal mensagem para a população é que cada pessoa converse sobre doação de órgãos com sua família, na escola, nos espaços da comunidade. A idéia é que as pessoas se lembrem de avisar a família seu desejo de ser um doador. Segundo ele, o papel da família na doação é fundamental, pois somente os familiares podem autorizar a retirada de órgãos.

Ele também lembrou a função importante dos médicos neste processo. São eles os primeiros a identificar um potencial doador. Citou ainda os laboratórios, as equipes intra-hospitalares de transplante e captação de órgãos e todos os outros agentes que colaboram para que o sistema cumpra seu papel. “O trabalho de captação de órgãos é o resultado de um esforço coordenado muito grande e abrangente”, disse.

O médico Pedro Humberto Scavariello, secretário-adjunto de Saúde de Campinas reforçou, também na abertura do evento, a importância da parceria neste tipo de campanha. Informou que a Secretaria de Saúde tem tido grande êxito nas ações conjuntas com universidades e com o legislativo municipal.

Informou, ainda, que, na contribuição para a Política Nacional de Transplantes, Campinas vai implementar no Complexo Hospitalar Ouro Verde um programa de capacitação de equipes de transplantes. Lembrou também que as campanhas são fundamentais para o estímulo a doação. “A participação social também é importante neste processo”, disse.

No lançamento estavam presentes também pacientes transplantados, como a assistente social e ex-funcionária pública Terezinha Melo Lemos, da Associação dos Renais Crônicos de Campinas e Região.

Terezinha foi submetida a um transplante renal há 3 anos. Antes disso, ficou 5 anos e 10 meses à espera de um doador cadáver e só conseguiu o transplante por conta de um doador vivo, uma pessoa da sua própria família.

“Eu tive a felicidade, a bênção de receber um órgão por um transplante entre vivos. Mas quero ressaltar o quanto é importante um doador cadáver, porque um único doador pode beneficiar muitas pessoas, permitindo transplante de fígado, rins, coração, pâncreas, pulmão, pele, córneas, válvulas cardíacas, tecidos musculares e ossos. É como se fosse a multiplicação da vida. As famílias precisam refletir sobre a importância desta cultura da doação, porque a doação prolonga vida. Convoco todas as pessoas a participarem desta campanha e a tirarem suas dúvidas. Compareçam às atividades, informem-se”.

Histórico. O Brasil possui hoje um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizados a realizar transplantes, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes.

Para ser um doador, não é necessário fazer nenhum documento por escrito. Basta que a sua família esteja ciente da sua vontade. Assim, quando for constatada a morte encefálica do paciente, uma ou mais partes do corpo que estiverem em condições de serem aproveitadas poderão ajudar a salvar as vidas de outras pessoas. Lembre-se que alguns órgãos podem ser doados em vida. São eles: fígado, rim, pâncreas e medula óssea.

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