Caravana em Defesa do SUS reúne mais mil pessoas na Praça Rui Barbosa

22/09/2009

“Foi um sucesso, mais do que isso, uma demonstração de força e um aviso de que a população continua atenta para garantir e ampliar as conquistas do SUS em Campinas e em todo o Brasil”. Dessa forma o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Campinas, Pedro Humberto Scavariello, definiu a Caravana em Defesa do SUS que reuniu mais de mil pessoas na Praça Rui Barbosa, atrás da Catedral, na manhã chuvosa do último sábado, dia 19.

A Caravana, incluída na agenda política do Conselho Nacional de Saúde, teve como proposta discutir temas relacionados ao repasse de recursos públicos à saúde, a participação do terceiro setor nessa área e o controle social nas ações públicas. Também foi discutida no evento a regulamentação da Emenda Constitucional 29/2000, que define percentuais mínimos de aplicação em ações e serviços públicos de saúde. Além disso, a Caravana teve como meta divulgar a campanha que lança o SUS como Patrimônio Social, Cultural, Imaterial da Humanidade.

O evento contou com a presença do secretário municipal de Saúde, o médico José Francisco Kerr Saraiva. Também participaram da Caravana uma delegação do Ministério da Saúde Pública do Governo da Costa Rica, que está em Campinas para conhecer os serviços prestados pela rede municipal de saúde da cidade.

Durante a Caravana em Defesa do SUS foram colhidas assinaturas para um abaixo-assinado contra a terceirização dos serviços públicos de saúde em Campinas, que será encaminhado ao prefeito de Campinas, Dr.Hélio.

A coleta de assinaturas teve a participação, entre outras entidades, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e da Associação dos Agentes Comunitários de Saúde, que também distribuiu no local uma carta aberta à população.

Estiveram presentes na Caravana, em Campinas, representantes dos conselhos de Saúde dos municípios de Mogi Mirim e Hortolândia. Os conselheiros de Mogi Mirim trouxeram um grupo de teatro com atores vestidos como fantoches representando o tratamento bucal no município.

Após a concentração na Praça Rui Barbosa, que começou às 9h e se entendeu até as 13h, os integrantes da Caravana seguiram para a Estação Cultura onde foi realizado um debate sobre os temas relacionados ao evento. Participaram como palestrantes na Estação Cultura o presidente do Sindsaúde/São Paulo, Benedito Augusto de Oliveira (Benão), o coordenador da Plenária Estadual dos Conselhos Municipais de Saúde, Arnaldo Marcolino e o médico sanitarista Emerson Elias Merhy, livre docente em Saúde Política da Unicamp.

Na Praça Rui Barbosa foram montadas diversas tendas e barracas identificadas com os diversos serviços e produtos oferecidos pelo SUS em Campinas. Durante todo o dia funcionou no local um posto de vacinação contra a poliomielite. A Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa), assim como todos os cinco Distritos de Saúde da cidade, alem dos centros de convivências, Centros de Atenção Psico-Social, Zoonose, entre outras unidades, se mostraram presentes na Caravana.

Uma unidade móvel do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) permaneceu na Praça Rui Barbosa durante toda a manhã de sábado. “O Samu é um dos equipamentos mais verdadeiramente SUS, pois todos os cidadãos, sem exceção, são potencialmente usuários desse serviço, que conta com o apoio dos nossos hospitais terciários”, afirmou José Roberto Hansen, coordenador do Samu.

O Programa Municipal DST/Aids instalou na praça uma tenda para a realização de testes rápidos para HIV, aconselhamento e distribuição de material educativo. Essa ação teve o apoio de representantes de grupos parceiros do Programa Municipal, como a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP) – Núcleo de Campinas – e do Grupo Identidade, que excuta ações em defesa dos direitos dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).

As pessoas presentes na Caravana puderam participar de danças e performances coordenadas pelo Movimento Vital Expressivo, que trabalha em parceria com todas as unidades de saúde de Campinas. Elisabeth Nogy, que coordena o Movimento Vital no Distrito Noroeste, explicou que o objetivo do Movimento é trabalhar em três eixos fundamentais do ser humano, o físico, o mental e o espiritual.

Denise Castanho Antunes, coordenadora do Centro de Convivência Toninha, também mobilizou os presentes para participar da Dança Circular que, segunda ela, tem a proposta de integrar povos e culturas, além de estimular a concentração, a memória e o senso de bem-estar. O Centro de Convivência Toninha é ligado ao Programa de Saúde Mental e reforça a rede de cuidados da atenção básica na Região Noroeste.

A ginástica Lian Gong foi outra atividade desenvolvida na Praça Rui Barbosa durante a Caravana da Saúde. A terapia envolveu um grande número de pessoas e foi coordenada por Olga Akemi Fukuda de Oliveira, do Centro de Saúde da Vila Ipê.

Debates na Estação Cultura

Reforçaram participação popular

No auditório da Estação Cultura, das 14h às 17h, os debates giraram em torno, basicamente, do subfinanciamento do SUS e das formas de mobilização popular. Todos foram unânimes, no entanto, quantos às críticas a qualquer forma de privatização dos serviços de saúde.

Arnaldo Marcolino, coordenador da Plenária Estadual dos Conselhos Municipais de Saúde, abriu a discussão lembrando que enquanto a saúde for tratada como mercadoria, inserida no projeto neolibelal, dificilmente permitirá o acesso de todos os brasileiros, de forma integral. Marcolino aproveitou para convocar a todos para integrar a caravana que segue para São Paulo, no próximo dia 8 de outubro, na Assembléia Legislativa, para pressionar a regulamentação da Emenda Constitucional 29/2000, que estabelece a vinculação de recursos nas três esferas de governo para um processo de financiamento mais estável do SUS.

Em seguida, o presidente do Sindsaúde/São Paulo, Benedito Augusto de Oliveira (Benão), em sua fala, fez duras críticas aos políticos que defendem um projeto paralelo ao do Estado para o financiamento da saúde. Segundo Benão, A Caravana em Defesa do SUS é um dos movimentos sociais de maior importância e com maior legitimidade que estão sendo realizados hoje no Brasil.

Na palestra final o médico sanitarista Emerson Elias Merhy fez referência aos grupos que ele identifica como “anti-SUS”, com raízes fincadas, principalmente, em São Paulo e Minas Gerais, “onde a saúde privada mais se desenvolve e onde os serviços públicos são mais carentes”. Emerson reforçou a importância da participação popular para a regulamentação da Emenda Constitucional 29. “Temos que nos manter unidos porque aqueles que trabalham para derrotar o SUS estão muito bem organizados, com uma estratégia pronta para ocupar os espaços que pertencem, por direito, ao Estado e a todos”.

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