Campinas lança campanha para Incentivar doação de órgãos para transplantes

22/09/2009

Autor: Denize Assis

O prefeito de Campinas, dr. Hélio de Oliveira Santos, e o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, abriram nesta segunda-feira, 21 de setembro, a Campanha da Semana Nacional de Doação de Órgãos e do Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos, comemorado dia 27 de setembro.

A cerimônia, ocorrida de manhã, no Salão Azul do Gabinete do Prefeito, no 4º andar da Prefeitura, reuniu parceiros na realização da semana que são médicos e enfermeiros da Organização da Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); pacientes transplantados e suas entidades representativas; Lions Clube Campinas; e Laboratório DMS Burnier.

Também participaram do evento gestores e servidores da Secretaria Municipal de Saúde; presidência do Conselho Municipal de Saúde; representantes da Câmara de Vereadores; e a imprensa.

A Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, promovida em Campinas entre os dias 21 e 27 de setembro de 2009, traz o slogan Preserve a Vida. Seja um doador de órgãos. Informe sua família. A mensagem visa sensibilizar a comunidade e estimular o debate nas famílias, a quem cabe a palavra final para que a doação ocorra.

A campanha inclui Missa em Ação de Graças na Catedral Metropolitana, às 18h15 do dia 23; ações de comunicação, informação e mobilização social no Largo do Rosário, durante todo dia 24; e jogo de futebol entre pacientes transplantados e médicos, na manhã do dia 27, ocasião que contará com a torcida de craques do futebol brasileiro. Em todas as atividades serão distribuídos folhetos e outros materiais educativos e haverá depoimentos de transplantados e de famílias de doadores.

Durante a abertura da Semana, o prefeito dr. Hélio lembrou que o Brasil avançou muito na questão da doação de órgãos para transplantes, mas ressaltou que ainda há 70 mil brasileiros na fila aguardando por um órgão.

“Somente no Estado de São Paulo são 2,5 mil na fila por fígado, 100 à espera de coração e 10 mil de rim. São números expressivos e Campinas tem a obrigação de se mobilizar por esta causa. A mensagem é que a doação é um ato de amor. Salva vidas. Conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos depende de um trabalho contínuo e a Administração, por meio da Secretaria de Saúde, é co-responsável neste processo”, disse o prefeito.

Dr. Hélio orientou que em todas as reuniões e eventos da Prefeitura seja veiculada a mensagem sobre a importância da doação de órgãos. “É preciso manter acesa a chama em favor da vida e este será também um compromisso cotidiano nosso para chamar a atenção da comunidade para este gesto sublime”, afirmou.

E informou que a Secretaria de Saúde de Campinas firmou compromisso com o Ministério da Saúde de implementar um Centro de Treinamento de Captação de Órgãos no Complexo Hospitalar Ouro Verde. “Campinas precisa, o Estado necessita e o Brasil espera esta contribuição para o avanço da Política Nacional de Transplantes”, disse e lembrou que o médico tem papel fundamental neste processo porque são eles os primeiros a identificar um potencial doador.

O Secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, afirmou, durante a abertura da Campanha, que são muitos os envolvidos no processo de doação: o doador, que deve expressar em vida sua vontade, para que a família tome a decisão de forma tranqüila; os familiares do doador, que autorizam o procedimento; o médico intensivista, que faz o diagnóstico da morte encefálica; o neurologista que vai ajudar neste processo; e as comissões intra-hospitalares de transplantes e captação de órgãos.

Lembrou ainda de outros agentes que também colaboram para que o sistema cumpra seu papel social e para que os transplantes possam acontecer. “Trata-se de um trabalho que depende de um esforço coordenado muito grande. E para o bom resultado é necessário a integração entre poder público, universidade, famílias e a sociedade civil organizada”, afirmou.

O secretário também ressaltou o compromisso de estabelecer no Hospital Ouro Verde um centro de capacitação para captação. E disse que o gesto de doar órgãos consiste em um “dos atos mais nobres, mais sublimes da existência humana”.

O neurocirurgião Hélder Zambelli, coordenador da OPO/HC da Unicamp, afirmou, na abertura da Semana, que nos últimos anos tem ocorrido uma melhora no número de doadores e um avanço importante no número de transplantes realizados em Campinas. Ele disse que isso se deve também à parceria entre o HC e a Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde.

“Temos avançado muito, mas ainda estamos muito aquém da necessidade. São 70 mil na fila e precisamos trabalhar para que o tempo de espera seja cada vez menor. É neste sentido que realizamos a campanha. O objetivo é estimular o debate na comunidade com a idéia principal de que as pessoas se lembrem de avisar à família seu desejo de ser um doador”, disse.

Hélder informou que, para ser um doador, não é necessário fazer nenhum documento por escrito. Basta que a família esteja ciente da vontade da pessoa. Assim, quando for constatada a morte encefálica do paciente, uma ou mais partes do corpo que estiverem em condições de serem aproveitadas poderão ajudar a salvar as vidas de outras pessoas.

Brasil. O Brasil possui hoje um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizados a realizar transplantes, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes.

Neste contexto, o HC da Unicamp se destaca. Responsável por mais de 127 cidades, o hospital já realizou mais de 4 mil transplantes desde que iniciou este tipo de cirurgia. No interior do Estado, são seis OPOS e a OPO que tem maior número de doadores viáveis em número absoluto é a do HC/Unicamp.

Política. A política Nacional de Transplantes de órgãos e tecidos está fundamentada na Legislação (Lei nº 9.434/1997 e Lei nº 10.211/2001), tendo como diretrizes a gratuidade da doação, a beneficência em relação aos receptores e não maleficência em relação aos doadores vivos. Estabelece também garantias e direitos aos pacientes que necessitam destes procedimentos e regula toda a rede assistencial através de autorizações e reautorizações de funcionamento de equipes e instituições. Toda a política de transplante está em sintonia com as Leis nº 8.080/1990 e nº 8.142/1990, que regem o funcionamento do SUS.

Volta ao índice de notícias