Mais de 2 mil pessoas foram mobilizadas nesta quinta-feira, dia 24 de setembro, no Largo do Rosário, no Centro da cidade, durante mais um evento da Semana de Incentivo a Doação de Órgãos e Tecidos promovida em Campinas.
A atividade, que teve como tema “Preserve a Vida. Seja um doador de órgãos. Informe sua família”, reuniu na sua organização pacientes transplantados e famílias de doadores de órgãos, médicos e enfermeiros da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, equipes da Secretaria de Saúde, representantes do Lions Clube, Exército e do Laboratório DMS Burnier, entre outros parceiros.
A programação incluiu ações educação em saúde, com orientações por profissionais de saúde e distribuição de material informativo; apresentações artísticas; e realização de exames de controle de pressão arterial e diabetes, com atendimento de 700 pessoas até o meio da tarde. O ônibus do Hemocentro da Unicamp permaneceu no local para efetuar coleta de sangue e atendeu a 60 voluntários até 16h.
O secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, esteve presente no evento para ressaltar a importância da doação de órgãos para transplantes. “A doação de órgãos é um dos atos mais sublimes da existência humana”, disse.
Ele lembrou o papel fundamental da família na doação, pois somente os familiares podem autorizar a retirada de órgãos. Também lembrou o importante papel do médico neste processo. “São eles os primeiros a identificar um potencial doador”, afirmou.
Luciana Câmara Bertozzi, médica do Laboratório DMS Burnier e vice-presidente do Lions Club Campinas Leste, explicou que o grande interesse da população em procurar se informar sobre a doação mostra que a campanha está atingindo seus objetivos. “É importante que todos sejam conscientizados da grandeza desse ato de doar órgãos, que é algo que é feito em defesa da vida”, afirmou a médica.
O aposentado Antônio Donizetti Piacente, presidente da Associação dos Renais Crônicos de Campinas, reforçou as palavras de Luciana Bertozzi. Ele foi submetido a um transplante de rim há cinco anos e, desde então, deixou de fazer hemodiálise, um tratamento que já durava sete longos anos. Ele contou que sua vida ganhou outro sentido após o transplante. “Hoje eu procuro conscientizar as pessoas da importância de se doar um órgão porque eu vivo a experiência de quem foi beneficiado por esse ato. Se minha saúde e minha qualidade de vida melhoraram, eu devo isso a uma pessoa que praticou esse ato humanitário, que permitiu que seu órgão fosse doado”, testemunhou o aposentado.
A campanha da Semana de Doação de Órgãos, que acontece de forma coordenada em todo o País, foi aberta oficialmente em Campinas na última segunda-feira, dia 21, no Salão Vermelho da Prefeitura, com a presença do prefeito Hélio de Oliveira Santos. Na quarta-feira, dia 23, foi celebrada Missa em Ação de Graças na Catedral Metropolitana.
No domingo, 27 de setembro, Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, no encerramento da Campanha, na Chácara de Dalécio Pastor, o Dadá, será promovida uma partida de futebol entre médicos e transplantados.
Na torcida estão confirmadas as presenças de estrelas do futebol brasileiro, como Vampeta, Leivinha, César Maluco, Dicá, Careca, Ronaldão, André Cruz, Opiá e Narciso, sendo que este último já foi submetido a um transplante de medula.
Histórico. O programa de transplantes do Sistema Único de Saúde (SUS) é o segundo maior do mundo, superado apenas pelo da Espanha. Embora jovem, o programa tem passado por mudanças que o diferenciam na qualidade, em relação aos demais países que oferecem esse tipo de assistência médica gratuita.
Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizados a realizar transplantes, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do País, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes. Entre 2001 e 2007, foram realizados mais de 88 mil transplantes pelo SUS.
Neste contexto, o HC da Unicamp se destaca. Responsável por mais de 127 cidades, o hospital já realizou mais de 4 mil transplantes desde que iniciou este tipo de cirurgia. No interior do Estado, são seis OPOS e a OPO que tem maior número de doadores viáveis em número absoluto é a do HC/Unicamp.
Apesar disso, 70 mil brasileiros continuam na fila de espera de doação de órgãos para transplante. Somente no Estado de São Paulo, são 2,5 mil pessoas a espera de fígado, 100 de coração e 10 mil de rim.
Para ser um doador, a pessoa precisa conversar com sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual a pessoa manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.