Autor: Denize Assis
Sob o sol forte que atingiu Campinas na manhã deste domingo, 27 de setembro, uma partida de futebol chamou a atenção para uma causa nobre: a doação de órgãos. A competição, que encerrou no município a Campanha de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos – 2009, reuniu médicos e pacientes transplantados do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp e da Secretaria Municipal de Saúde.
Na torcida, estavam presentes jogadores de times paulistas, médicos e outros servidores da Saúde, famílias de doadores de órgãos e convidados. Ao todo, o evento mobilizou cerca de 100 pessoas.
Em todo Brasil, neste domingo, outras partidas de futebol – no Rio de Janeiro, futebol de areia – buscaram mobilizar as pessoas para a importância de informar seus familiares sobre a opção de ser um doador.
“Nas partidas de futebol disputadas por transplantados e médicos há um simbolismo forte, que é a vitória da vida - já que para jogar bola embaixo de um sol de mais de 30 graus é necessário ter saúde boa e qualidade de vida. A mensagem deste ano é converse com sua família. Seja um doador”, afirmou o neurologista Hélder Zambelli, da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HC/Unicamp, que reforçou o time de médicos.
No time dos transplantados estava Roberto Alves, 51 anos. Ele foi submetido a um transplante em 5 de março de 1996. “Agradeço muito à pessoa, à família doadora. Foi um dia de muita felicidade. Por isso estou aqui hoje para celebrar a vida”, disse.
A partida em Campinas, batizada de ‘Festa da Vida’, ocorreu na Chácara de Dalécio Pastor, o jogador Dadá, que recebeu um fígado há 14 anos. “Nosso objetivo é celebrar a vida e conscientizar as famílias sobre a importância deste gesto”, afirmou.
Apesar de craques como Dadá do lado dos transplantados, o time de médicos venceu por 6 a 4. Após a partida, a programação continuou com um churrasco. “Deixamos que eles vencessem para não nos internarem depois”, disse Roberto Alves.
Campanha. A atriz Danielli Haloten – a personagem Anita, da novela Caras e Bocas, da TV Globo – é uma das protagonistas da Campanha Nacional de Doação de Órgãos do Ministério da Saúde para 2009. “Vamos conversar com nossas famílias porque é muito egoísmo não doar os nossos órgãos após a nossa partida”, afirmou Danielli. A atriz, que é portadora de deficiência visual, passa o recado de que ninguém precisa deixar nenhum documento por escrito para expressar sua vontade de doar órgãos. Basta conversar com seus familiares sobre sua intenção.
O foco da campanha deste ano é a importância de comunicar os familiares sobre a decisão de se tornar um doador. Com o slogan “A vida é feita de conversas. Basta uma para salvar vidas”, a campanha está sendo veiculada nas televisões e rádios de todo o Brasil.
Em Campinas, a campanha foi lançada antecipadamente, no dia 21 de setembro, com a presença do prefeito dr. Hélio de Oliveira Santos. Também foi celebrada uma Missa em Ação de Graças, dia 24, e promovidas atividades no Largo do Rosário, dia 25, com distribuição de folders com orientações e explicações sobre a importância deste ato de solidariedade, além da realização de exames preventivos. No local, o ônibus do Hemocentro da Unicamp atendeu a pessoas candidatas a doação de sangue.
A promoção da Campanha foi da Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, em parceria com o Hospital de Clínicas da Unicamp, Lions Clube, Associação dos Renais Crônicos de Campinas e Associação de Assistência aos Portadores de Hepatites, Candidatos e Transplantados do Interior de São Paulo (Aphoie). O apoio é do Exército Brasileiro, Hemocentro da Unicamp, Unimed Campinas, Câmara Municipal de Campinas e o Laboratório DMS Burnier.
Estatísticas. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que o número de transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido, subiu 24,3% no primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. Entre janeiro e junho de 2009, foram feitos 2.099 transplantes de órgãos. No primeiro semestre, de 2008, foram 1.688. Nesse mesmo intervalo, houve crescimento nacional da quantidade de transplantes de rim de 30,28%. O transplante de fígado aumentou 23,17%.
“O Brasil tem avançado ano a ano com aumento nos investimentos na realização de transplantes. Mas, precisamos buscar cada vez números mais crescentes de doadores. Por isso, reforçamos a necessidade das famílias se engajarem nessa campanha e na doação de órgãos. A doação é um dos atos mais sublimes da existência”, afirmou o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva.
Atualmente, cerca de 70 mil brasileiros aguardam por um órgão na lista de espera do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Somente no Estado de São Paulo, são 2,5 mil pessoas a espera de fígado, 100 de coração e 10 mil de rim.
