Vacinação contra a pólio termina nesta quinta-feira, 2 de setembro

02/09/2010

Autor: Denize Assis

Campinas encerra nesta quinta-feira, dia 2 de setembro, a segunda fase da Vacinação contra Poliomielite. Portanto, a Secretaria Municipal de Saúde informa aos pais que não tiveram oportunidade de levar as crianças menores de 5 anos na campanha, que ainda há tempo de tomar a vacina até amanhã em todos os centros de saúde, no horário de funcionamento de cada unidade.

Se possível, o responsável deve levar o cartão da criança porque na oportunidade também podem ser atualizadas doses de outras vacinas que estiverem em atraso. Informações sobre o horário de funcionamento das unidades podem ser obtidas pelo telefone 156 ou pelo Disque-Saúde, no 160.

Segundo a Vigilância em Saúde (Covisa) Municipal, é importante que toda população-alvo seja protegida na campanha. “Esta estratégia, que consiste na distribuição de muitas doses ao mesmo tempo na comunidade, tem como objetivo disponibilizar uma grande quantidade de vírus inativados no ambiente e proporcionar a proteção coletiva”, informa a enfermeira sanitarista Maria Alice Satto, da Visa.

Segundo a sanitarista, todos os menores de cinco anos devem ser vacinados durante o período da campanha, mesmo os que estiverem com febre, tosse ou rinite e até os que estão com a carteira de vacinação em dia. “Quem recebeu a vacina recentemente e mesmo quem já participou de várias campanhas anteriormente precisa repetir a dose”, diz.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o objetivo era vacinar pelo 95% das crianças no sábado, 14 de agosto, dia nacional da campanha. No entanto, como esta meta não foi alcançada, a campanha foi prorrogada até quinta-feira, 2 de setembro. Segundo o último informe da Visa Municipal, em 26 de agosto, 59,7 mil crianças foram vacinadas em Campinas, o que corresponde a 83,4% dos cidadãos menores de 5 anos na cidade, que constituem uma população de 71 mil pessoas.

Maria Alice ressalta que, nos últimos anos, Campinas não tem conseguido atingir a meta de vacinar 95% da população menor de cinco anos durante as campanhas contra a poliomielite, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde (OMS). Nos últimos anos, a cobertura vacinal tem ficado em torno de 85% a 90%.

Segundo a sanitarista, a Secretaria de Saúde avalia que existem algumas explicações para esta baixa cobertura. “Uma delas é a de que as pessoas ainda não compreenderam a importância da vacina e usam o raciocínio, incorreto, de que por terem participado de várias campanhas anteriores e já terem recebido a dose na rotina, não é necessário mais uma dose. Mas este raciocínio é equivocado”, informa.

A sanitarista reforça que é necessário que as pessoas compreendam que participar da campanha é um ato de responsabilidade, de cidadania. “É importante que cada um entenda que vacinar seus filhos nestas ocasiões, também ajuda a proteger as outras crianças. Vacinar todos ao mesmo tempo garante a homogeneidade necessária para impedir que a pólio volte a ocorrer na nossa cidade, no nosso país”, afirma.

Outra justificativa, segundo os técnicos da Visa Municipal, é a de que tanto a população em geral como os profissionais de saúde não valorizam o risco da reintrodução da pólio em nosso meio. No Brasil, a última ocorrência de poliomielite foi registrada em Sousa, na Paraíba, em 1989. Em Campinas, o último caso foi em 1984.

No entanto, apesar do Brasil não registrar casos há mais de vinte anos, a doença ainda é comum em outras partes do mundo. A imunização previne contra os riscos de importação de casos provenientes de outros países que ainda registram casos da doença, principalmente dos que têm relações comerciais ou registram um fluxo migratório com o nosso país, como é o caso de alguns países africanos e asiáticos.

De acordo com a OMS, 26 países ainda registram casos de poliomielite. Desses quatro são endêmicos, ou seja, possuem transmissão constante: Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão. Outros 22 países têm registro de casos importados: Tajiquistão, Angola, Chade, Sudão, Uganda, Quênia, Benin, Togo, Burkina Faso, Níger, Mali, Libéria, Serra Leoa, Mauritânia, Senegal, República Centro Africana, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Nepal, Guiné, Camarões e Burundi.

Sobre a vacina.

Oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra a paralisia infantil é administrada via oral, em gotas, e está disponível durante todo o ano nos centros de saúde para a imunização de rotina. Pelo calendário básico de vacinação, os bebês devem receber a vacina aos dois, quatro e seis meses. Aos 15 meses, as crianças recebem o primeiro reforço. Porém, é importante que todas as crianças menores de cinco anos (de 0 a 4 anos 11 meses e 29 dias) tomem as duas doses da vacina durante a Campanha Nacional, mesmo que já tenham sido vacinadas anteriormente.

A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa grave. Na maioria das vezes, a criança não morre quando é infectada, mas adquire sérias lesões que afetam o sistema nervoso, provocando paralisia, principalmente nos membros inferiores. A doença é causada e transmitida por um vírus (o poliovírus) e a contaminação se dá principalmente por via oral.

A OMS estima que a imunização contra a poliomielite em todo o mundo previna 550 mil casos da doença a cada ano. Antes do desenvolvimento da vacina, na década de 50, a poliomielite matava ou deixava seqüelas físicas em cerca de 600 mil pessoas todos os anos.

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