Saúde capacita profissionais para atender crianças com obesidade

03/09/2010

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Coordenação da Saúde da Criança e do Adolescente, mobilizou nesta quinta-feira, 2 de setembro, mais de 120 profissionais das unidades de saúde envolvidas com o Programa Educação para uma Vida Saudável. O encontro, na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), teve como objetivo qualificar pediatras, enfermeiros e agentes comunitários de saúde (ACS) para acolher crianças e adolescentes com distúrbios nutricionais e atendê-los conforme as diretrizes do Programa Municipal de Prevenção das Doenças Cardiovasculares, que inclui a prevenção de obesidade e sedentarismo. A iniciativa de Campinas atende à Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.

O Programa Educação para uma Vida Saudável é voltado a alunos das escolas municipais e visa promover mudanças positivas na tendência de adoecimento e mortalidade por doenças do coração por meio de ações educativas e intervenções primárias e secundárias. Os trabalhos são multidisciplinares e envolvem as Secretarias Municipais de Saúde, Educação, Ação Social, Esportes e Ceasa.

Segundo o médico Roberto Mardem Farias, coordenador da Atenção Básica, este é um dos programas mais relevantes da Secretaria de Saúde porque lida com um dos determinantes mais sérios em relação à saúde da população que é a questão dos hábitos alimentares inadequados, no sentido de qualidade e quantidade.

“Os brasileiros estão substituindo alimentos naturais por industrializados. Hoje tem menos arroz e feijão, salada e frutas na alimentação do brasileiro e mais comidas gordurosas e ricas em açúcar, o que contribui para o aumento de peso. Como consequência, enfrentamos uma epidemia de obesidade”, afirma Roberto.

Além disso, este programa é importante porque é voltado a crianças, o que significa que atua no sentido de formar uma geração de adultos saudáveis. Outro ponto muito positivo é que trata-se de um trabalho articulado e integrado com outras secretarias. “É um programa muito completo que busca qualificar, aperfeiçoar e trabalhar de maneira mais radical as políticas de governo que envolvam toda a sociedade no enfrentamento deste grande problema de saúde pública, que é a obesidade”, diz Roberto.

A médica pediatra Maria Fernanda Costa Haddad informou que, atualmente, 12 Centros de Saúde de Campinas e 25 escolas municipais estão preparados para acolher à demanda de crianças e adolescentes com distúrbios nutricionais. “Gradativamente, vamos envolver todos os centros de saúde e escolas municipais. Este é um trabalho que tem reflexo a médio e longo prazo, já que envolve mudança de hábitos. Além disso, cada escola e centro de saúde vai desenvolver ações específicas, de acordo com a realidade local”, diz.

Fernanda informa que as principais linhas de trabalho do programa são constituídas por ações educativas junto a alunos, pais e professores, inclusive, com distribuição de material didático para orientar atividades nas escolas e ações intersetoriais e multidisciplinares para tratamento da obesidade e síndrome metabólica.

Excesso de peso.

De acordo com o estudo apresentado no livro “As Dimensões da Saúde, Inquérito Populacional em Campinas”, de 2008, a incidência de sobrepeso entre moradores de Campinas é de 27,3% em mulheres e 37,2% em homens. A de obesidade é de 14,4% em mulheres e 13% em homens na faixa etária acima de 18 anos.

Na faixa etária de 12 a 19 anos, as prevalências de sobrepeso e obesidade são, respectivamente, 10,5% e 4,4% no sexo masculino e 11,9% e 2,8% no sexo feminino.

A obesidade é maior entre adolescentes de famílias em que os chefes têm menor escolaridade e com renda per capita inferior a um salário mínimo. É mais prevalente nos adolescentes que não praticam atividade física com destaque para meninas tabagistas.

Uma outra pesquisa, amostral, de 2007, apontou que entre alunos de escolas municipais de Campinas de 6 a 10 anos, 12% tinham sobrepeso e 10,7% obesidade. Na faixa de 11 a 14 anos, 12,7% apresentavam sobrepeso e 11,3% obesidade. Entre os alunos de 15 a 17 anos, 16,6% estavam acima do peso normal.

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