Campinas intensifica ações contra a doença meningocócica

16/09/2011

Autor: Denize Assis

A Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), vai intensificar as ações contra a doença meningocócica no município por conta da taxa de letalidade verificada neste ano de 2011, que está maior quando comparada aos anos anteriores.O reforço das ações inclui divulgação de informes técnicos periódicos e capacitação das equipes de saúde para que os profissionais estejam sensibilizados para o diagnóstico e tratamento precoces e notificação imediata das ocorrências.

Embora atualmente não esteja entre as doenças infecciosas mais prevalentes, a meningite meningocócica é o agravo que mais se associa à letalidade. Desde janeiro, Campinas notificou 25 casos de pacientes com doença meningocócica – inclui meningite meningocócica e meningococcemia – dos quais dez foram a óbito, o que dá uma letalidade de 40%.

Ainda, do total de 25, 22 casos se manifestaram com meningococcemia, forma mais grave da doença, que ocorre quando a infecção se dissemina pelo corpo. O sorogrupo mais prevalente foi o tipo C, com 15 casos. A faixa etária mais acometida foi a de maiores de 15 anos. Entre os dez casos de pacientes que evoluíram para óbito, este perfil se manteve com sete deles maiores de 15 anos e sete do tipo C.

Em 2010, Campinas notificou 54 casos de doença meningocócica, com uma letalidade de 27%. Deste total, quarenta ocorreram de janeiro a agosto. Em 2009, foram 39 casos, sendo 26 até agosto, com uma letalidade de 20,5%. Ou seja, se considerado o mesmo período deste ano em relação ao ano passado e a 2009, a incidência em 2011 é menor.

No entanto, a letalidade é maior. Segundo o médico infectologista Rodrigo Angerami, a situação este ano não se configura como surto ou epidemia e o número de casos está dentro do esperado. A preocupação, de acordo com Angerami, é mesmo com a letalidade.

Para alertar as equipes de saúde sobre esta situação, a Visa tem divulgado informes técnicos e, em junho, reuniu-se com a equipe do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde para discutir a questão. A partir deste encontro, iniciou análise junto com a Regional Campinas da Secretaria de Estado da Saúde, que é a Direção Regional de Saúde (DRS-7), e o Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Segundo a Visa, neste momento, não há uma explicação para esta taxa de letalidade. Uma das possibilidades que se pode inferir é que a doença tem se manifestado na forma mais grave, a meningococcemia, que pode apresentar letalidade superior a 50%.

Também está sendo avaliado o atendimento prestado pelas equipes de saúde, já que a intervenção nas primeiras horas do início dos sintomas da meningite é fundamental para a boa evolução do caso. “Por isso, o diagnóstico e tratamento precoces, a notificação rápida e o esforço no sentido de identificar o agente etiológico são extremamente importantes”, diz a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica municipal.

Segundo Brigina, Campinas tem atuado bem para manter a qualidade dos bloqueios de casos, realizado com profilaxia com antibiótico, mediante a notificação das ocorrências, para todos que tiveram contato próximo com o doente. Esta doença é transmitida de pessoa a pessoa por meio de gotículas. A Visa também tem promovido atualização e qualificação dos profissionais para que as equipes estejam sensibilizadas para identificar, tratar e notificar precocemente os casos. Em relação à população, a orientação é para que os pais mantenham a vacinação em dia, já que há vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para o sorotipo C para crianças menores de dois anos; evitem locais fechados e pouco arejados; fiquem atentos e procurem atendimento médico frente a sinais como febre acompanhada de dor de cabeça, vômito e, nas crianças muito pequenas, irritabilidade, choro, gemido, e letargia entre outros.

Diante destes sinais, segundo a Visa, a pessoa deve ser encaminhada imediatamente ao serviço de saúde. No caso da meningococcemia, que pode ocorrer com ou sem sinais meníngeos – que são os descritos acima -, observa-se a presença de lesões ou manchas arroxeadas e avermelhadas na pele.

Saiba mais.

A doença meningocócica é uma infecção aguda causada por bactéria, a Neisseria meningitidis (meningococo). Acomete pessoas de todas as faixas etárias, porém a maior incidência é observada em crianças menores de 5 anos, sobretudo em menores de 1 ano. Existe tratamento para a doença meningocócica.

Às vezes, esta doença pode deixar sequelas, como amputação de membros periféricos e algum comprometimento cerebral. Além disso, pode provocar surtos e epidemias. Ocorre durante todos os meses do ano. Mas, nas épocas mais frias e secas, como acontece com todas as doenças de transmissão respiratória, observa-se aumento nas ocorrências.

A doença meningocócica pode se manisfestar como uma meningite – infecção das meninges - e, na sua forma mais grave, a bactéria se espalha no organismo como uma septicemia, chamada meningococcemia. Também podem aparecer casos em que há presença de meningite e meningococcemia associadas.

Prevenção.

Em 2010, a vacina contra a meningite meningocócica C foi introduzida na rotina do calendário básico de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). A criança deve tomar três doses no primeiro ano de vida, aos 3 e 5 meses com um reforço aos 12 meses. A dose também está disponível para grupos específicos da população constituídos por pessoas com fatores de risco associados.

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