Risco de morte por derrame cerebral Reduz 55% em 30 anos em Campinas

28/09/2011

Autor: Denize Assis

Informação consta no boletim 47 de Mortalidade por Doenças Cerebrovasculares, lançado nesta segunda-feira, dia 26 de setembro, Dia Mundial do Coração

O risco de um cidadão de Campinas morrer de doença cerebrovascular ou por Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou derrame reduziu 55% entre 1980 e 2010. E a queda é mais acentuada no sexo masculino. Nas últimas três décadas, entre os homens, a taxa tem caído 1,82 pontos por ano. Entre as mulheres, 1,19.

A boa notícia consta no boletim 47 de Mortalidade por Doenças Cerebrovasculares. O documento foi lançado nesta segunda-feira, dia 26 de setembro, no Salão Vermelho do Paço municipal durante evento que marcou o Dia Mundial do Coração.

Na ocasião, foi enfatizado que as doenças cardiovasculares persistem como a principal causa de óbito no município e respondem por 29,2% das mortes. Dentro deste grupo – das cardiovasculares -, dois terços das mortes são causados pelas doenças cerebrovasculares ou AVCs e pelas doenças isquêmicas do coração.

Isto significa que, dos 6.519 moradores de Campinas que morreram em 2010, 1.898 morreram por doenças do aparelho circulatório. E, deste total - de 1.898 -, 38,9% morreram por doenças do coração e 26,9% por cerebrovasculares.

O boletim é mais um fruto do Projeto de Monitorização dos Óbitos no município de Campinas, desenvolvido desde 1.989 numa parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenadoria de Informação e Informática, e a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, por meio do Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde do Departamento de Medicina Preventiva e Social (DMPS).

O boletim também informa que a taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares em Campinas é inferior à do Brasil e à verificada no município de São Paulo. “Mas, quando a gente compara Campinas com outros países, nós percebemos que ainda temos um caminho enorme para trilhar. A taxa ainda é muito superior às verificadas nos países desenvolvidos e mesmo em alguns latino-americanos, como o Chile e México”, informou a médica sanitarista e epidemiologista Marilisa Berti Barros, professora-doutora da FCM/Unicamp e uma das responsáveis pelo boletim.

O risco de morrer por doença cerebrovascular cresce com o aumento da idade e, em todas as faixas etárias, a probabilidade de óbito é maior nos homens do que nas mulheres.

O boletim ainda revela que as regiões leste e norte, as mais ricas, apresentam as menores taxas de mortalidade por este grupo de doenças, enquanto as regiões noroeste e sudoeste, mais carentes, mostram os maiores coeficientes, sendo o risco de morrer 50% maior entre moradores destas duas últimas em relação às primeiras.

Estas diferenças são resultantes das condições de vida, de maior exposição aos fatores de risco e de cuidado menos oportuno e efetivo dos pacientes acometidos. A população mais pobre tende a ser mais obesa, fumar mais, ter mais sedentarismo no lazer e mais hipertensão. “Isto mostra que a desigualdade social precisa ser enfrentada”, disse Marilisa.

O boletim aponta, também, a atuação dos serviços de saúde e revela que os hipertensos e portadores de diabetes, independente da classe socioeconômica, têm acesso a consulta médica e a medicamentos. “Porém, a desigualdade persiste na questão das práticas de promoção da saúde, de atividade física, de dieta. Então, o setor saúde tem que investir mais nestes fatores, nestes aspectos de promoção da saúde de comportamentos saudáveis”, afirmou Marilisa.

O secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, ressaltou a importância do lançamento do boletim. Segundo ele, o documento tem a função de acompanhar as diferentes causas de morte e alertar sobre o que tá acontecendo, se determinada causa de óbito tem aumentado ou diminuído

“Além de fornecer a informação clara, o boletim norteia e ajuda a planejar as ações. A construção deste documento ainda mostra que a universidade cumpre seu papel na construção das políticas de saúde”, disse.

José Francisco Saraiva ressaltou, ainda, que o principal fator de risco para o AVC é a hipertensão arterial e informou que a grande estratégia de prevenção consiste em praticar de exercício, reduzir o sal da alimentação, perder peso, beber moderadamente e evitar o tabagismo.

“Temos que não só atuar em relação às ações de promoção da saúde, mas também em relação ao diagnóstico, sabendo que 30% da nossa população é hipertensa. Feito o diagnóstico, é necessário acompanhar os pacientes e, se as medidas de redução de peso, atividade física e dieta equilibrada não forem suficientes, temos que entrar com o medicamento para que a pressão possa ser controlada”, disse o secretário.

O evento de lançamento do boletim também contou com uma aula do médico Andrei Sposito, professor de cardiologia da FCM/Unicamp e com a presença da médica sanitarista Solange Almeida, que integra a equipe responsável pelo Boletim. Na plateia estavam presentes gestores e trabalhadores da Saúde, integrantes do Conselho Municipal de Saúde e representantes da imprensa.

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