Cirurgia plástica: muito além da estética e boa aparência

05/09/2012

Autor: Juliana Perrenoud

Comumente associada à estética, a cirurgia plástica também é responsável por reparar traumas, queimaduras e problemas de má formação congênita. Com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Municipal Dr. Mário Gatti realiza cerca de 80 cirurgias plásticas ambulatoriais por mês (de pequeno e médio porte, com anestesia local e sem necessidade de internação) e 25 cirurgias de grande porte (com anestesia geral).

A principal porta de entrada para cirurgia plástica são as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Lá, o paciente recebe o primeiro atendimento e, caso identificada necessidade, é encaminhado para o Ambulatório de Cirurgia Plástica do Hospital Mário Gatti.

Referência técnica em cirurgia no hospital, Ronaldo Roston, explica que "o Mário Gatti privilegia a primeira, mas como somos um hospital de ensino, credenciado em Cirurgia Plástica pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, temos a obrigação de incluir cirurgias estéticas no aprendizado dos residentes. O custo dessas poucas cirurgias acaba sendo absorvido pelo próprio hospital", explica Roston.

São consideradas cirurgias reparadoras as que corrigem más formações congênitas, queimados (fase aguda/crônica), tumores de pele, blefaroplastia (pálpebras), otoplastia (orelha em abano), sequelas de queimaduras e alguns traumas de pequeno e médio porte. As cirurgias estéticas são a mamoplastia (redução ou aumento de mamas e inclusão de prótese), lipoaspiração, cirurgia de abdômen (abdominoplastia), nariz (rinoplastia), cirurgia de ex-obeso e lifting facial. "Porém, muitas vezes uma cirurgia que é considerada estética, pode ser classificada também como reparadora, como por exemplo, a reconstrução de mamária para alguém que se submeteu a mastectomia (retirada total da mama) por câncer", conta o médico.

O cirurgião geral Salvador Affonso Fernandes Pinheiro, presidente do Mário Gatti, explica outro caso de cirurgia que pode ser reclassificada como reparadora. "Caso um ex-obeso tenha excesso de dobra de pele que possa prejudicá-lo, a cirurgia é caracterizada como reparadora apor meio de um protocolo do serviço de cirurgia plástica". conta.

É o caso de Cibele Zumerle Peres. A ex-gordinha mostra orgulhosa, aos 34 anos, a barriga "sequinha", resultado de uma abdominoplastia. Cibele, que chegou a pesar 104 quilos, com 1,56 de altura, se submeteu a uma gastroplastia e ficou com a chamada "barriga avental" após reduzir seu peso para 65 quilos.

"Todos os dias me levanto, olho no espelho, agradeço a Deus e aos profissionais que realizaram minha cirurgia", conta Cibele. "Não vejo a hora de colocar o biquíni e arrasar com meu novo corpo", diverte-se. A recuperação da paciente, que se submeteu ao procedimento em março deste ano no Mário Gatti foi simples: 15 dias em repouso e 30 dias sem poder dirigir.

A mãe de Breno, de onze anos, levou o filho para operar da otoplastia. "Acho que é melhor corrigir o problema quando a criança é ainda pequena. Além de a recuperação ser mais simples, acredito que não vai passar pelo constrangimento do bulling na infância e adolescência", declara a mãe, Fabíola Silva de Melo.

"Antes de se submeter a uma cirurgia plástica, o paciente precisa fazer uma autoanálise: é isso que eu realmente quero? Como o imaginário não tem limites, o resultado pode não ser o que a pessoa esperava. É preciso ter maturidade para entender que a cirurgia oferece riscos e que não irá resolver os problemas da pessoa", orienta Roston. "Muitos procuram a cirurgia como uma forma de melhorar a autoestima, imaginando que poderão salvar um relacionamento. Mas ela pode não significar nada disso", completa. Portanto, essa é uma cirurgia que deve ser muito bem indicada e o paciente deve estar bem preparado.

Mas a maior parte do tempo da equipe é dedicada às urgências que chegam pela Sala Vermelha. As equipes permanecem de plantão 24 horas por dia, todos os dias da semana. "Recebemos muitos acidentados de trânsito, que tem de ser atendidos na hora. São pessoas atropeladas, os que colidiram de moto ou de carro", explica Roston. Por isso, os cirurgiões precisam estar preparados para todos os tipos de situação.

Fotos de Carlos Bassan.

Cibele Zumerle Peres mostra foto de quando pesava 104 quilos

Cibele Zumerle Peres mostra foto de quando pesava 104 quilos

Cibele Zumerle Peres sentada em frente a um computador

Cibele Zumerle Peres em pé e de braços cuzados

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