Dança Sênior une e ajuda pacientes do Centro de Referência do Idoso

27/09/2012

Autor: Amanda Romero

A Dança Sênior, uma atividade que reúne interação social e atividade física de baixo impacto, faz parte da rotina dos usuários do Centro de Referência do Idoso (CRI). A prática é pioneira do Sistema Único de Saúde (SUS) e é realizada, em Campinas, somente pelo CRI.

A ginástica é feita com movimentos lentos com coreografias, buscando trabalhar membros inferiores, superiores, quadril, postura e a memória recente. Ela trabalha capacidades individuais, como mobilidade, flexibilidade, agilidade, resistência e equilíbrio corporal, além de estimular a coordenação motora, a atenção, a concentração, o ritmo, a orientação espacial e o condicionamento físico.

Também conhecida como dança circular, a prática foi instaurada no CRI em abril de 2008, quando o Centro foi inaugurado, e o serviço, atualmente, acolhe cerca de 300 idosos em seus atendimentos. É uma atividade livre, que não precisa de agendamento e é realizada toda segunda-feira, das 11h às 12h. Ela acontece na sala de espera e até os acompanhantes são bem vindos. Os idosos se revezam entre entrar e sair das consultas e participar.

Augusta Fátima da Silva, de 52 anos, veio da cidade de Ourinhos para morar com a filha em Campinas. Há quatro meses frequenta o CRI e participa da dança. Ela é a acompanhante do seu João, João Vitor da Silva, de 62 anos, que depois de sofrer dez derrames precisou da assistência do centro. Enquanto o marido está passando por consultas, ela participa da atividade na sala de espera. "Na primeira vez que eu vi, não sabia o que era, pra mim (a atividade) era apenas uma dança, uma brincadeira, depois que percebi que estava fazendo ginástica também", conta Augusta.

Atividade

No início da prática é feita uma meditação, momento de concentração, equilíbrio e paz para os idosos, que depois irão gastar suas energias armazenadas nos movimentos estimulatórios, criados por meio de situações divertidas e histórias, como o remar de um barco em alto mar, que trabalha ombros e braços.

A sala ganha um clima nostálgico quando o grupo de idosos embala e entoa o forró "Vida do Viajante", de Luiz Gonzaga. "Minha vida é andar por esse país / pra ver se um dia descanso feliz / guardando as recordações das terras por onde passei" é o que eles cantam, lembrando as experiências vividas com muita alegria.

Laércio Valvassoura, enfermeiro do CRI e um dos responsáveis pela aplicação da dança, conta que uma aula acaba sendo diferente da outra conforme ele vai agregando novas músicas. "Estou sempre ligado, quando eu estou dirigindo e ouço alguma música no rádio ou até que o vizinho está tocando, já penso se ela seria boa para se usar nas aulas. Crio uma coreografia e a gente a incorpora", conta.

Origem

A Dança Sênior, ou Dança Circular, constitui-se de um conjunto sistematizado de coreografias baseado em danças folclóricas de diversos povos, especialmente adaptadas às possibilidades e necessidades da pessoa idosa. É uma atividade grupal, de baixo impacto, curta duração e não utilização de esforços intensos.

Foi criada em 1971, na Alemanha, por Ilse Tutt, coreógrafa e psicopedagoga social, juntamente com um grupo de psicopedagogos sociais, para a ocupação do tempo livre e estimulação da população idosa daquele país. As músicas alegres e ritmadas do folclore mundial, e agora também nacional, são fatores de motivação e estimulação de todo o sistema motor e sua escolha depende da conotação emocional que se deseja associar ao movimento.

Terapias

Além da dança, o Centro de Referência do Idoso conta com atividades terapêuticas como os ateliês e o grupo de homens. Essas atividades ajudam a resgatar a autonomia e o máximo de independência, para melhorar a qualidade de vida do idoso. Segundo Valvassoura, o isolamento social é comum em idosos e nas atividades se cultivam amizades. "É um grupo que eles próprios formaram, às vezes até quem está de alta costuma frequentar", conta.

Presente nos ateliês por um período e ativa na Dança Sênior, Alzira Pavan, de 81 anos, já está de alta dos atendimentos que recebeu. Ela frequenta o centro há quatro anos e conta que tem muito carinho pelos profissionais pelos quais passou. "Até hoje, quando não há espaço físico para a realização dos ateliês, o grupo se reuni na casa do Laércio (enfermeiro Valvassoura)", conta Alzira. Com os filhos e os netos estudando e trabalhando em diversas cidades do Brasil, Alzira mora sozinha em Campinas e faz questão de usar o CRI também para se socializar. "Volto muito também porque a ginástica realizada durante a dança é muito importante como atividade muscular. Semana passada trouxe um bolo para o pessoal daqui e eles adoraram".

Outro grupo importante é o de medicação, que é educativo e criado a partir da observação, por parte dos profissionais de saúde, dos hábitos dos idosos. Foi percebido que a maioria dos idosos faz o uso incorreto das medicações. Neste grupo eles são orientados sobre, por exemplo, a dosagem correta e o local correto para armazenar os remédios.

Direcionamento e atendimento

A porta de entrada para os idosos atendidos no CRI são as unidades básicas de saúde (Centros de Saúde) e os outros serviços de referência, como o Centro de Reabilitação de Sousas e os Serviços de Assistência e Internação Domiciliar (SAID). Os idosos atendidos estão dentro do perfil de fragilidade.

Lucismenia Sousa Lima, de 74 anos, está sendo acompanhada pelo CRI há dois anos. Seu tratamento era feito, inicialmente, no Pronto Socorro do Centro, que a encaminhou para o serviço especializado devido ao grau de fragilidade que a paciente apresentava. "Não vejo a hora de chegar segunda-feira para que eu venha à dança, sempre falo muito bem daqui e dos profissionais daqui para minhas amigas e meus filhos, gostaria que todos conhecessem, temos um atendimento e um ambiente diferenciados", afirma Lucismenia.

Fotos de Fernanda Sunega

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