A Secretaria de Saúde
de Campinas deu início nesta quarta-feira, 23 de outubro, ao
processo de investigação das condições de saúde das pessoas
que estiveram mais expostas à contaminação ambiental do
loteamento Mansões Santo Antônio, no bairro Santa Cândida, na
região Leste de Campinas. Tecnicamente, este tipo de avaliação
é denominada de investigação clínico-epidemiológica.
Os primeiros a
serem atendidos foram os cidadãos que moram na área há mais
de 10 anos e que consumiram água que provém do solo. Eles
foram organizados em grupos e três turmas já receberam
atendimento nesta quarta-feira.
Inicialmente,
23 pessoas destas turmas foram esclarecidas sobre todos os
procedimentos a serem adotados e sobre os motivos que indicam a
necessidade da investigação. O atendimento está sendo
realizado pelos profissionais do Centro de Saúde Taquaral e da
Vigilância Ambiental de Campinas.
Também foram
agendadas as datas de coleta das amostras para exames
laboratoriais. O material será colhido no dia 4 de novembro.
Ainda foi agendada consulta médica para 13 de novembro, quando
estas 23 pessoas passarão pela avaliação clínica. A
Prefeitura informou individualmente estes cidadãos sobre os
trabalhos e deixou-os à vontade para decidir se querem ou não
participar da investigação.
Esta primeira
avaliação servirá como referencial para a continuidade dos
trabalhos da Secretaria de Saúde. Dependendo dos resultados
apontados, o restante da população que mora na área de influência
da contaminação também será submetida à investigação clínico-epidemiológica.
No levantamento preliminar da Prefeitura, este público é
constituído por 1.000 pessoas.
Trabalhadores
que atuaram na área de influência da contaminação em
qualquer obra que implica em remoção de terra também serão
investigados. Além disso, funcionários de uma empresa de ônibus
que utilizavam água de um poço contaminado também foram
convidados para se submeter aos exames.
O procedimento
adotado para a investigação foi definido em conjunto por
profissionais do CRST (Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador), Distrito de Saúde Leste e Vigilância Leste,
Centro de Saúde Taquaral e Vigilância Ambiental e teve
assessoria da Secretaria de Estado da Saúde e da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas).
Entenda o que
ocorre na área das Mansões
A contaminação
ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio foi ocasionada
por uma já extinta indústria de produtos químicos, a Proquima.
A empresa trabalhava na recuperação de solventes, a partir de
resíduos
industriais ou solventes contaminados, e na fabricação de
produtos de limpeza. A empresa esteve instalada no local por
mais de vinte anos e foi fechada em 1996.
Depois de
encerrar as atividades, o proprietário vendeu o terreno para a
construtora Concima que, em 1997, iniciou lá a construção de
um condomínio. Atualmente, já estão construídos na área três
blocos de apartamentos, sendo que um deles já está ocupado por
43 famílias.
Em 15 de abril deste ano, a Prefeitura Municipal de Campinas foi
informada oficialmente pela Cetesb, órgão responsável pelo
Meio Ambiente no Estado de São Paulo, sobre a situação
ambiental inadequada.
Desde então, a Prefeitura tem adotado uma série de intervenções
para conter ou atenuar a contaminação da área e para conter
os riscos que ela possa trazer às pessoas. A população foi
orientada para não utilizar água que provém do solo. Equipes
da Secretaria de Saúde interditaram 19 poços, lacraram uma
nascente e outros três poços. Também foi providenciada ligação
de água tratada pela Sanasa em imóveis que dispunham deste
serviço.
A Secretaria de Saúde, por meio dos agentes de saúde do Paidéia,
cadastrou imóveis e orientou moradores de toda área de influência
da contaminação. A população ainda foi esclarecida e as dúvidas
puderam ser sanadas, por profissionais da Secretaria de Saúde,
numa reunião pública realizada no último dia 23 de setembro.
A Prefeitura
também embargou, em 27 de setembro, quatro construções que
estão naquela área. As obras tiveram que ser suspensas porque,
por necessitarem de movimentação de solo, poderiam oferecer
risco para a saúde dos trabalhadores. A suspensão tem como
base o decreto 14.091, publicado no Diário Oficial do Município
de 27 de setembro.