Saúde orienta cadetes sobre doenças transmitidas por carrapatos

08/10/2003

Aula ocorre nesta quinta-feira na Espcex e será ministrada por profissionais da Visa Norte e do Centro de Controle de Zoonoses

Os 470 cadetes da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (Espcex) de Campinas assistem nesta quinta-feira, 9 de outubro, das 13h30 às 14h30, aula sobre doenças transmitidas por carrapatos. A atividade é parte dos trabalhos desenvolvidos pela Secretaria de Saúde de Campinas para orientar os cidadãos que freqüentam áreas de risco para febre maculosa, doença de Lyme e babesiose. A aula será ministrada por profissionais da Vigilância em Saúde (Visa) Norte e do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).

De acordo com a médica veterinária Tosca de Lucca Benini, da Visa Norte, durante a atividade, os cadetes serão informados sobre as características do carrapato, como locais que o aracnídeo prefere, e medidas de prevenção como que tipo de roupa usar ao freqüentar estes ambientes, importância da inspeção corporal a cada duas horas e conseqüente remoção dos carrapatos e quando procurar o serviço de saúde.

De acordo com a Secretaria de Saúde, existe um caso suspeito de febre maculosa notificado na área que abrange Círculo Militar, Especex e Batalhão de Infantaria Blindada (BIB). O local é considerado de risco para infecção de doenças transmitidas por carrapatos por suas características ambientais que incluem vegetação, água e capivara. "Também levamos em conta o número de pessoas que circulam na área", informa Tosca.

Um outro fator considerado pela Secretaria de Saúde é o fato dos cadetes desenvolverem atividades que podem submetê-los a maior risco de infecção como participarem de treinamento que exige pernoitar em matas. "Portanto, a chance de contato destes profissionais com carrapatos é maior", diz a médica veterinária.

Segundo Tosca, conscientizar os cadetes com este nível de informação é importante porque, além de contribuir para a prevenção, ajuda no diagnóstico precoce das doenças.

Comum na região de Campinas, a febre maculosa se manifesta com febre alta com início súbito, dor de cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. Também podem surgir dor abdominal e prostração. Estes sintomas são parecidos com os de outras doenças, como leptospirose e dengue hemorrágica. Então, segundo Tosca, o paciente deve informar à equipe de saúde que teve contato com carrapato.

De acordo com a médica veterinária Jeanette Trigo Nasser, coordenadora do CCZ, apesar de atingir menos gente do que outras doenças infecciosas, a febre maculosa preocupa pela alta taxa de letalidade – entre 40% e 50%.

Entretanto, segundo Jeanette, se tratada no começo do aparecimento dos sintomas, geralmente tem boa evolução. "Quanto mais precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de cura". Ela informa que em 2001 em Campinas a taxa de cura atingiu 100% - dos quatro casos confirmados, todos se recuperaram.

Notificação obrigatória

A febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória na região da Dir 12 (Direção Regional de Saúde de Campinas) em 1989. Desde lá, o número de casos suspeitos vem aumentando. Em Campinas, as notificações quase dobraram desde 2001 para 2002. A Secretaria de Saúde confirmou quatro casos em 2001 e nenhum em 2002. Não houve mortes neste período. Este ano, já foram investigadas 26 ocorrências, sendo que duas estão confirmadas, 19 foram descartadas e cinco ainda estão sendo analisadas.

Em 2001, a febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória em todo País. Estados como o Rio de Janeiro e Minas Gerais Também são áreas de transmissão.

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