Campinas já registrou 497 casos de catapora

08/10/2003

Estado só vai enviar doses da vacina para creches que registraram os últimos casos entre 25 de setembro e 2 de outubro

A Secretaria de Saúde de Campinas informou nesta quarta-feira, 8 de outubro, que já foram registrados 497 casos de varicela (catapora) na cidade desde agosto. A Vigilância Epidemiológica municipal informou ainda que quatro crianças necessitaram ser internadas por complicações em decorrência da doença, uma no Hospital Municipal Mário Gatti, uma no Hospital Celso Pierro e duas no Hospital de Sumaré. Todas apresentaram boa evolução e passam bem.

As ocorrências se referem a surtos em 52 instituições sendo a maioria delas escolas da Prefeitura que acolhem crianças menores de cinco anos. A faixa etária mais acometida é a de crianças de 0 a 5 anos, com 65% das ocorrências, seguida pelo público de 5 a 9 anos, que concentra 25%.

A situação de Campinas reflete o quadro do Estado de São Paulo, onde já foram registrados 1.010 surtos em mais de 70 municípios. Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (CVE), desde julho já foram notificados 21.196 casos e 20 óbitos. Em cidades mais próximas a Campinas, foram registradas mortes em Limeira - duas -, Piracicaba – 2 - e São João da Boa Vista – 1.

Existe vacina contra a catapora, mas o medicamento não é fornecido pela rede pública de saúde em nenhuma cidade do Brasil. No entanto, este ano, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo adquiriu doses para disponibilizar, mediante avaliação, em surtos em instituições coletivas. Até o momento, segundo o CVE, já foram vacinadas 43 mil crianças em todo o Estado.

Em Campinas, a Vigilância Epidemiológica solicitou 2.211 doses para as crianças que freqüentam todas as escolas onde foram notificados surtos. O município ainda aguarda a liberação de 945. Porém, um ofício enviado à Secretaria Municipal de Saúde na tarde desta quarta-feira, 8, pela direção técnica do CVE comunica que só serão enviadas doses para instituições que registraram os últimos casos entre 25 de setembro e 2 de outubro.

Segundo o informe, a Secretaria de Estado da Saúde estará impossibilitada de adquirir mais doses da vacina e, portanto, de dar continuidade às ações de bloqueio que vinham sendo desencadeadas. O Estado justifica que os laboratórios produtores estão com os estoques esgotados.

"No momento, temos em nosso estoque 4 mil doses e uma solicitação de 12 mil das regionais de saúde do estado. Pela limitação de doses disponíveis, foi elaborada uma grade que contempla apenas as creches que registraram os últimos casos entre 25 de setembro e 2 de outubro", informa o ofício que é assinado pelo médico Carlos Magno Fortaleza, diretor técnico do CVE. Ainda de acordo com a nota, os surtos e o levantamento das crianças suscetíveis devem continuar a ser registrados.

Segundo a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, a vacina é apenas um dos cuidados a serem adotados em casos de surto de catapora. também é recomendado afastar as crianças de creche ou escola até o sexto dia após o aparecimento das lesões, além de manter cuidados adequados de higiene e manter as unhas das mãos das crianças doentes bem aparadas, para evitar lesões que propiciam infecção por bactérias.

Também é importante, de acordo com Carmo Ferreira, procurar um serviço de saúde para avaliação. Outra recomendação é não dar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico para crianças com varicela pois pode causar complicações graves.

As escolas também não devem receber novos alunos até 21 dias após o último caso. E os casos devem ser notificados o mais rápido possível.

A catapora é uma doença benigna - que se cura sozinha -, comum na infância e as complicações são muito raras. Os casos ocorrem comumente no final do inverno e início da primavera e, este ano, não há nenhuma situação que indique maior incidência da doença ou casos de maior gravidade em relação a anos anteriores, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica Estadual (CVE).

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