Gravidez na adolescência é foco das ações do Projeto Cidade-Mãe

14/10/2003

Dados da ONU e do IBGE mostram que números crescem no mundo todo

Os dados divulgados na semana passada pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a gravidez na adolescência, e os últimos números revelados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a questão no Brasil, estão no centro de um trabalho desenvolvido, desde 2001, pela Secretaria de Saúde de Campinas. Estudo publicado pela ONU revelou que menos de 5% dos jovens mais pobres usam métodos para evitar filhos e, no Brasil, segundo o IBGE, em 20 anos, o índice de gravidez na adolescência aumentou em 15%. Em Campinas, desde 2001, a Secretaria de Saúde ampliou o atendimento à gestantes grávidas na rede pública, a partir do Projeto Cidade-Mãe.

Um dos exemplos das ações do Cidade-Mãe é o trabalho desenvolvido pelo Centro de Saúde (CS) Faria Lima, na região Sul, onde existe o maior número de registros de adolescentes grávidas em Campinas. O Centro desenvolve trabalhos educativos específicos para estas adolescentes e realiza todas as ações do Cidade-Mãe, que vão da assistência ao pré-natal ao nascimento, e ainda acompanha as jovens mães depois do parto.

De acordo com a enfermeira Ana Cláudia Mori Zorzetto, apesar das várias abordagens desenvolvidas pelas equipes do Paidéia, a gravidez na adolescência ainda representa um grande desafio para o município.

Parceria com ONG. "Muita coisa mudou na minha vida. Tenho freqüentado o grupo e aprendo coisas para meu futuro e como cuidar do bebê. Estou aprendendo a ser mãe", diz Cristiele de Oliveira Vieira, uma das adolescentes que recebem assistência da equipe do Faria Lima. Ela engravidou aos 17 anos e, mesmo antes da gestação, já não freqüentava mais a escola.

A história de Cristiele é exemplar. Segundo o estudo da ONU, em todo o mundo as jovens abandonam a escola para criar filhos, trabalhar ou cuidar de casa. A pesquisa ainda aponta que esta situação se repete em todos os países em desenvolvimento, onde 96 milhões de jovens mulheres não sabem ler nem escrever, contra 57 milhões de jovens homens.

O grupo de Cristiele tem outras 21 grávidas e seis adolescentes que deram à luz recentemente. Todas freqüentam a Organização não Governamental (ONG) Casa Divina Pastora. Cristiele foi encaminhada à instituição pelo Módulo de Saúde do Parque Oziel, onde foi acolhida e realizou o exame que detectou sua gravidez.

Na Casa Divina Pastora, as adolescentes recebem informações sobre sexualidade, álcool, drogas, gravidez e suas conseqüências. Também são esclarecidas sobre a importância do pré-natal, do aleitamento materno e dos cuidados com a saúde do bebê. Ainda são preparadas para o mundo do trabalho e reinserção na comunidade e conscientizadas para retornar à escola.

"Tentamos motivar, educar e instruir a gestante para que ela saiba da importância de questões como a saúde bucal, incorpore esses hábitos em sua rotina e, naturalmente, transmita para seus filhos", diz Cléa Pazinato, dentista do Faria Lima. A equipe do Centro visita a Casa Divina Pastora periodicamente ou quando é solicitada. O CS Faria Lima é referência para quase 36 mil pessoas moradoras da Região Sul de Campinas, 21 mil das quais totalmente dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Casa Divina Pastora age no cotidiano dos moradores

A Casa Divina Pastora é uma Organização não Governamental (ONG), criada em 2002, que desenvolve ações específicas para crianças e adolescentes. Além de abordar vários temas relacionados ao cotidiano deste público, desenvolve oficinas de culinária, corte e costura, pintura em tecido, biscuit e artesanatos em geral. Também promove atendimento psicossocial para as gestantes, suas famílias e as famílias dos respectivos parceiros. Oferece espaço lúdico para os bebês, para que as mães possam ser atendidas e possam participar das oficinas e grupos. Ainda providencia os documentos necessários para o exercício da cidadania.

As ações da Casa Divina Pastora são realizadas em parceria com outras ONGs, Organizações Governamentais (OGs), Conselho Tutelar, Vara da Infância, Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), Maternidade de Campinas, Hospital Municipal Mário Gatti e contam com apoio da Secretaria de Saúde de Campinas – Centros de Saúde, Módulos de Saúde da Família, Centro de Referência de Atenção Integral à Saúde do Adolescente (Craisa) e Centro de Referência e Informação sobre Álcool e Drogas (Criad).

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