Saúde vai usar mais rigor no controle de abrigo de idosos

31/10/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas vai ser ainda mais rigorosa a partir de agora no controle dos abrigos de idosos na cidade. A intensificação nas ações de vigilância atendem ao Estatuto do Idoso e ao projeto de lei do Executivo sobre casas de repouso para idosos encaminhado para aprovação da Câmara de Campinas.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Campinas tem, atualmente, uma população de 97.214 cidadãos com 60 anos ou mais. Aproximadamente 10% deste total vivem nos 53 asilos registrados pela Vigilância Sanitária Municipal. A maioria deles é particular ou de finalidade filantrópica. Entende-se por asilo o estabelecimento que presta assistência social e de saúde a idosos, em regime de internato.

O principal foco das ações da Secretaria de Saúde será o asilo clandestino. Segundo o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, coordenador da Vigilância Sanitária de Campinas, a experiência recente do município tem apontado a existência de abrigos irregulares na cidade, instituições das quais só se tem notícias por meio de denúncias.

A ocorrência mais recente sobre casa com situação irregular foi notificada nas últimas semanas. Trata-se do abrigo de idosos São Camilo, localizado na rua Dr. Quirino no Centro da cidade. O estabelecimento não possui alvará da Prefeitura nem alvará sanitário, segundo informou a tecnóloga de saneamento Janete Navarro, coordenadora da Vigilância em Saúde Leste (Visa).

Durante os trabalhos de vistoria no local, as equipes das Secretarias de Saúde e da Promoção Social e do Conselho Municipal do Idoso identificaram que o estabelecimento não apresenta condições técnicas de funcionamento.

Dentre as irregularidades foram constatadas falta de cuidados adequados de higiene e com a alimentação e carência de atividades de lazer. Parte dos idosos estão com sarna, o que confirma a negligência no trato pessoal e no cuidado com vestuário.

No entanto, a pedido de uma comissão dos familiares dos idosos, as Secretarias de Promoção Social e de Saúde deram prazo até 5 de dezembro para que o abrigo se regularize e passe a funcionar conforme a legislação. Até lá, as equipes da Prefeitura vão visitar o local regularmente para acompanhamento clínico dos cidadãos e orientações higiênico-sanitárias.

O pedido da comissão de familiares foi feito numa reunião nesta quinta-feira, 30 de outubro, onde estavam presentes profissionais das secretarias de Saúde e de Promoção Social e um representante do proprietário do abrigo. De acordo com Janete Navarro, os próprios familiares se comprometeram a transferir seus parentes e solicitar a interdição definitiva do abrigo caso o proprietário não cumpra o compromisso.

Melhor acomodação é com a família

O médico sanitarista Vicente Pisani informou que o melhor local para os idosos estarem acomodados é o ambiente familiar. No entanto, segundo ele, muitas vezes as famílias têm dificuldades de cuidar destas pessoas.

O médico explica que estas dificuldades podem ser superadas num esforço conjunto entre as equipes de saúde do Paidéia, Organizações não Governamentais (ONGs), pastorais da saúde, Conselho Municipal do Idoso e as próprias famílias para buscar recursos para atender adequadamente estas pessoas.

"As equipes do Paidéia estão preparadas para ajudar as famílias que têm idosos com maior dependência. Elas podem orientar sobre como cuidar adequadamente destas pessoas de maneira que as famílias se sintam mais confortáveis para mantê-las em casa", informou.

Orientações

Para proteger a saúde dos idosos que vivem em instituições fechadas, sejam elas privadas, públicas ou filantrópicas, a Secretaria de Saúde de Campinas lançou, no final de 2.002, o Manual de Orientações Técnicas para a Vigilância à Saúde em Instituições que Abrigam Idosos.

O guia contém orientações que tiveram como base as leis e regulamentações brasileiras que determinam como deve ser a vigilância à saúde do cidadãos com 60 anos ou mais e que moram em instituições de qualquer natureza.

A Secretaria também lançou no último dia 24 de outubro o Manual de cuidados domiciliares na terceira idade – guia prático para cuidadores informais. O objetivo é orientar o cuidador sobre como lidar com a pessoa acamada e sobre os cuidados a serem adotados para que o paciente recupere-se no período mais breve possível ou mantenha-se estabilizado.

De acordo com dados da Secretaria de Saúde divulgados esta semana, as equipes do Paidéia realizam, por mês, mais de 2,8 mil visitas domiciliares a pessoas restritas ao leito, a maioria delas na faixa etária acima dos 60 anos.

Volta ao índice de notícias