Denize Assis
A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou na última
quinta-feira, dia 30 de setembro, a suspensão cautelar de venda
e uso de todos os medicamentos que contenham Rofecoxibe, o princípio
ativo do antiinflamatório e analgésico Vioxx. A medida foi
tomada depois que o fabricante do Vioxx, Merck Sharp Dohme,
informou à Agência, ao Food and Drug Administration (FDA), órgão
regulador de medicamentos nos Estados Unidos, e demais
autoridades sanitárias do aumento de problemas cardiovasculares
como infarto e derrame.
O medicamento
tornou-se muito popular em todo o mundo porque, diferentemente
dos antiinflamatórios tradicionais, não causa distúrbios
gastrointestinais com o uso contínuo. São dois milhões de usuários
nos 80 países em que o remédio é comercializado. No Brasil,
é o terceiro medicamento com prescrição médica mais vendido.
É comercializado em comprimidos de 25 e 50 miligramas e, a cada
mês, são vendidas 500 mil caixas do produto.
A empresa
informou que adotou todas as medidas para recolhimento do
produto, sendo responsável também por informar distribuidoras,
farmácias e drogarias sobre a determinação e a necessidade de
ressarcir consumidores. Esse trabalho está sendo acompanhado
pela Anvisa e, em Campinas, pela Vigilância Sanitária
Municipal, que considera as ações adequadas. As vigilâncias
sanitárias estaduais e municipais devem fazer a fiscalização
do recolhimento.
De acordo com a
Anvisa, a medida tem caráter preventivo. A Agência informa
ainda que não foi notificada por profissionais de saúde de
efeitos semelhantes com o medicamento no Brasil.
A Merck, que
tem filiais em dois municípios brasileiros, Campinas e São
Paulo, informou que os estudos apresentados demonstram que só
houve risco do aparecimento dos efeitos adversos depois de mais
de um ano de utilização ininterrupta do medicamento.
De acordo com o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da
Vigilância em Saúde de Campinas, consumidores que fazem uso
contínuo do produto devem procurar seu médico, que definirá
qual a melhor opção para o tratamento. "Não é preciso pânico
pois o risco é mínimo e refere-se a um uso contínuo por mais
de 18 meses", diz. O sanitarista informa que o aumento dos
riscos cardiovasculares com o uso continuado do remédio foi
revelado num estudo feito pelo próprio laboratório. A pesquisa
buscava avaliar a eficácia do medicamento no tratamento de pólipos
do colo retal, condição que, em muitos casos, evolui para câncer.
A empresa
descobriu que, depois de 18 meses de tratamento, os pacientes
que tomavam Vioxx apresentavam o dobro do risco de ter um ataque
cardíaco ou um derrame em comparação com aqueles que tomaram
placebo (substância inócua). O risco de uma pessoa apresentar
um problema cardiovascular é de 0,75%. De acordo com os
estudos, com o uso contínuo da droga, o risco aumenta para
1,48%. A empresa presta esclarecimentos no número 0800122232.