Anvisa suspende venda e uso do antiinflamatório Vioxx

01/10/2004

Denize Assis

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou na última quinta-feira, dia 30 de setembro, a suspensão cautelar de venda e uso de todos os medicamentos que contenham Rofecoxibe, o princípio ativo do antiinflamatório e analgésico Vioxx. A medida foi tomada depois que o fabricante do Vioxx, Merck Sharp Dohme, informou à Agência, ao Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos nos Estados Unidos, e demais autoridades sanitárias do aumento de problemas cardiovasculares como infarto e derrame.

O medicamento tornou-se muito popular em todo o mundo porque, diferentemente dos antiinflamatórios tradicionais, não causa distúrbios gastrointestinais com o uso contínuo. São dois milhões de usuários nos 80 países em que o remédio é comercializado. No Brasil, é o terceiro medicamento com prescrição médica mais vendido. É comercializado em comprimidos de 25 e 50 miligramas e, a cada mês, são vendidas 500 mil caixas do produto.

A empresa informou que adotou todas as medidas para recolhimento do produto, sendo responsável também por informar distribuidoras, farmácias e drogarias sobre a determinação e a necessidade de ressarcir consumidores. Esse trabalho está sendo acompanhado pela Anvisa e, em Campinas, pela Vigilância Sanitária Municipal, que considera as ações adequadas. As vigilâncias sanitárias estaduais e municipais devem fazer a fiscalização do recolhimento.

De acordo com a Anvisa, a medida tem caráter preventivo. A Agência informa ainda que não foi notificada por profissionais de saúde de efeitos semelhantes com o medicamento no Brasil.

A Merck, que tem filiais em dois municípios brasileiros, Campinas e São Paulo, informou que os estudos apresentados demonstram que só houve risco do aparecimento dos efeitos adversos depois de mais de um ano de utilização ininterrupta do medicamento.
De acordo com o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde de Campinas, consumidores que fazem uso contínuo do produto devem procurar seu médico, que definirá qual a melhor opção para o tratamento. "Não é preciso pânico pois o risco é mínimo e refere-se a um uso contínuo por mais de 18 meses", diz. O sanitarista informa que o aumento dos riscos cardiovasculares com o uso continuado do remédio foi revelado num estudo feito pelo próprio laboratório. A pesquisa buscava avaliar a eficácia do medicamento no tratamento de pólipos do colo retal, condição que, em muitos casos, evolui para câncer.

A empresa descobriu que, depois de 18 meses de tratamento, os pacientes que tomavam Vioxx apresentavam o dobro do risco de ter um ataque cardíaco ou um derrame em comparação com aqueles que tomaram placebo (substância inócua). O risco de uma pessoa apresentar um problema cardiovascular é de 0,75%. De acordo com os estudos, com o uso contínuo da droga, o risco aumenta para 1,48%. A empresa presta esclarecimentos no número 0800122232.

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