Equipes são capacitadas para tratar tabagismo

14/10/2004

Talita El Kadri

Mais de 40 representantes de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Cipa´s) participaram na última quarta-feira, dia 13 de outubro, da capacitação em "ambiente de trabalho livre do tabaco", no Salão Vermelho da Prefeitura. O evento, promovido pela comissão de Cipeiros da Prefeitura com o apoio do Instituto Nacional de Combate ao Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde, dá continuidade ao projeto anti-tabagismo Pandemia de Tabagismo – Campinas responde desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde.

Os palestrantes foram o médico da Secretaria de Saúde, Mário Becker, a assistente social da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Laura Helena Hoffmann, e o pediatra, também da Unicamp, Roberto Teixeira Mendes.

De acordo com a auxiliar de enfermagem da Policlínica III e uma das seis componentes da comissão de cipeiros, Carmen Sílvia Scadalon Linke, o objetivo é que os participantes, componentes de 19 Cipa´s da prefeitura, de 5 autarquias e dos hospitais Irmãos Penteado e Albert Sabin, atuem em seus ambientes de trabalho para conscientizar os colegas quanto à importância do ambiente de trabalho livre da fumaça do cigarro.

"Visamos o aumento da qualidade do ambiente de trabalho e conseqüentemente da saúde do trabalhador. Informamos sobre os riscos à saúde coletiva e o respeito ao trabalhador não-fumante. Para isso, quem está presente recebe kits que contêm folders, panfletos informativos e cartazes para auxiliar na multiplicação da idéia", afirma Carmen.

A servente readaptada representante da Cipa da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Padre Francisco Sila, no Jardim Londres, e também componente da comissão de Cipeiros, Clemilda Natália Trutuozo de Sousa, diz, ainda, que após a atividade os participantes fazem avaliações do evento para promover a melhoria e continuação do trabalho e que a comissão pretende ampliar a capacitação para outras frentes, como por exemplo, alcoolismo.

A médica da família e responsável pela saúde do adulto em Campinas, Maria Auxiliadora Zanin, explicou que atuar nos ambientes de trabalho é importante porque, em média, o trabalhador passa 80% do tempo em ambientes fechados. Desta forma, se houver consumo de cigarro nesse local, quem não fuma torna-se, consequentemente, fumante passivo - o que também prejudica a saúde.

"Atualmente o tabagismo é a maior causa de mortes no mundo. Pode dar início ou agravar doenças como asma, rinites, infecções de ouvido e garganta e, dos tumores que levam à óbito, 50% tem relação direta ou indireta com o tabagismo", diz ela. Segundo a médica, em decorrência do tabagismo, o trabalhador pode ter menor concentração, queda de rendimento e pior qualidade no serviço.

De acordo com Maria Auxiliadora, o principal desafio na luta contra o tabagismo é conseguir transformar o ambiente de trabalho em um local livre de fumaça de maneira consciente e não de forma autoritária ou imperativa. "Queremos criar condições para que o dependente de cigarro tenha um local aberto para fumar – o fumódromo –, o objetivo não é punir. Também pretendemos dar condições para que, se quiser, o fumante possa ter acesso ao tratamento", afirma.

Ela informou ainda que, no Estado de São Paulo, Campinas é destaque no trabalho com tabagismo e que o município avançou bastante desde que começou a desenvolver o projeto. O Pandemia de Tabagismo – Campinas responde envolve três frentes: conscientizações em escolas, em parceria com a Secretaria de Educação e com o Centro Boldrini, em empresas públicas e privadas com as Cipas e diretamente com os tabagistas, por meio da capacitação de equipes em cinco unidades de saúde.

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