Denize Assis
Preocupada
com o aumento do número de casos de leptospirose devido às
chuvas que têm atingido Campinas nos últimos dias, a
Secretaria de Saúde de Campinas quer alertar equipes do Paidéia
– Saúde da Família, dos hospitais e demais profissionais
da rede municipal de saúde para o diagnóstico e tratamento
precoce da doença. O objetivo é diminuir as complicações e
mortes entre pessoas acometidas.
A
leptospirose é uma doença grave transmitida ao homem
principalmente pela urina do rato. A bactéria é eliminada no
meio ambiente e pode sobreviver principalmente em locais úmidos,
como lama, água e margens de córregos.
"O
homem, ao entrar em contato com lama ou com a água
contaminadas pode infectar-se, especialmente se tiver cortes
ou arranhaduras na pele ou nas mucosas e o risco de contaminação
aumenta na época de enchentes e alagamentos", afirma
Brigina Kemp, enfermeira sanitarista da Vigilância em Saúde
de Campinas. Ela informa que a infecção também pode se dar
por meio da ingestão de alimentos, medicamentos e da água de
beber contaminados.
Após ser
infectado, o homem pode manifestar os sintomas da doença num
prazo de 7 a 14 dias. E os sinais são vômitos, dores
musculares, principalmente na barriga da perna, dor de cabeça,
coloração amarelada da pele, calafrios, alteração de
volume urinário, febre elevada, fraqueza e hemorragias na
pele e mucosas.
"Ao apresentar sintomas, principalmente se tiver passado
por alguma situação de risco para a leptospirose como ter
entrado em contato com enchente ou alagamento, a pessoa deve
procurar rapidamente sua equipe do Paidéia no centro de saúde
de referência para o bairro onde reside ou, se a unidade
estiver fechada, o pronto-socorro da sua região", diz
Brigina.
Em Campinas,
de acordo com a Vigilância em Saúde da Prefeitura, a
leptospirose tem sido importante causa de morte entre adultos
em idade produtiva, na faixa etária entre 25 e 45 anos. No
ano de 2.000, foram confirmados na cidade 27 casos, dos quais
sete morreram, o que representa uma taxa de mortalidade de
26%. Em 2.001, foram 39 confirmações com nove mortes (23%).
Em 2.002, a vigilância em saúde registrou 20 casos e dois óbitos
(10%) e, em 2003, foram confirmadas 31 notificações e quatro
mortes (13%). Este ano, dados preliminares mostram que houve
13 casos confirmados, dos quais 12 evoluíram para cura e um
ainda está em andamento.
"A
letalidade esperada da doença é de 9% a 20% conforme a
gravidade do caso e as condições de assistência",
informa a enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora
da Saúde Coletiva de Campinas. Ela reforça que, na época de
chuvas intensas e freqüentes, a incidência da doença
aumenta por causa do contato das pessoas com áreas atingidas
por enchentes ou alagamentos.
Salma alerta
sobre a necessidade do diagnóstico, notificação e
tratamento precoce da leptospirose. "É preciso atuar
para evitar mortes", diz. Também é fundamental, segundo
a sanitarista, desenvolver atividades de divulgação de
sinais e sintomas da doença e de conscientização sobre como
reduzir riscos.
Quadro:
Medidas de
prevenção
Evitar a
multiplicação dos ratos, mantendo o meio ambiente o mais
limpo possível e destinando adequadamente os restos de
alimento;
O lixo doméstico
deve ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do
caminhão de coleta passar;
O alimento
para animais domésticos deve ser disposto apenas no horário
da alimentação dos mesmos e as sobras devem ser removidas e
descartadas adequadamente;
Buracos entre
telhas, paredes e rodapés devem ser vedados;
Quintais,
terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos
sem entulhos e outros objetos;
À noite,
objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados;
Terrenos
baldios devem ser limpos, murados e livres de lixo;
A caixa d'água
precisa ser mantida limpa e tampada e os canos com aparas que
impeçam a subida dos ratos ao reservatório.
Em caso de
enchente:
O contato
direto com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes
deve ser evitado sempre;
Chão,
paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente
devem ser lavados com sabão e hipoclorito de sódio (ou água
sanitária) na proporção de 1 copo do produto para 1 balde
de 20 litros de água. O hipoclorito pode ser encontrado nas
unidades de saúde da rede pública municipal;
Todos os
alimentos e remédios atingidos pela inundação devem ser
descartados;
Se a caixa d'água
foi invadida, não usar esta água antes da desinfecção do
reservatório.