Chuvas levam Secretaria de Saúde a fazer alerta sobre riscos da leptospirose

19/10/2004

Denize Assis

Preocupada com o aumento do número de casos de leptospirose devido às chuvas que têm atingido Campinas nos últimos dias, a Secretaria de Saúde de Campinas quer alertar equipes do Paidéia – Saúde da Família, dos hospitais e demais profissionais da rede municipal de saúde para o diagnóstico e tratamento precoce da doença. O objetivo é diminuir as complicações e mortes entre pessoas acometidas.

A leptospirose é uma doença grave transmitida ao homem principalmente pela urina do rato. A bactéria é eliminada no meio ambiente e pode sobreviver principalmente em locais úmidos, como lama, água e margens de córregos.

"O homem, ao entrar em contato com lama ou com a água contaminadas pode infectar-se, especialmente se tiver cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas e o risco de contaminação aumenta na época de enchentes e alagamentos", afirma Brigina Kemp, enfermeira sanitarista da Vigilância em Saúde de Campinas. Ela informa que a infecção também pode se dar por meio da ingestão de alimentos, medicamentos e da água de beber contaminados.

Após ser infectado, o homem pode manifestar os sintomas da doença num prazo de 7 a 14 dias. E os sinais são vômitos, dores musculares, principalmente na barriga da perna, dor de cabeça, coloração amarelada da pele, calafrios, alteração de volume urinário, febre elevada, fraqueza e hemorragias na pele e mucosas.

"Ao apresentar sintomas, principalmente se tiver passado por alguma situação de risco para a leptospirose como ter entrado em contato com enchente ou alagamento, a pessoa deve procurar rapidamente sua equipe do Paidéia no centro de saúde de referência para o bairro onde reside ou, se a unidade estiver fechada, o pronto-socorro da sua região", diz Brigina.

Em Campinas, de acordo com a Vigilância em Saúde da Prefeitura, a leptospirose tem sido importante causa de morte entre adultos em idade produtiva, na faixa etária entre 25 e 45 anos. No ano de 2.000, foram confirmados na cidade 27 casos, dos quais sete morreram, o que representa uma taxa de mortalidade de 26%. Em 2.001, foram 39 confirmações com nove mortes (23%). Em 2.002, a vigilância em saúde registrou 20 casos e dois óbitos (10%) e, em 2003, foram confirmadas 31 notificações e quatro mortes (13%). Este ano, dados preliminares mostram que houve 13 casos confirmados, dos quais 12 evoluíram para cura e um ainda está em andamento.

"A letalidade esperada da doença é de 9% a 20% conforme a gravidade do caso e as condições de assistência", informa a enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora da Saúde Coletiva de Campinas. Ela reforça que, na época de chuvas intensas e freqüentes, a incidência da doença aumenta por causa do contato das pessoas com áreas atingidas por enchentes ou alagamentos.

Salma alerta sobre a necessidade do diagnóstico, notificação e tratamento precoce da leptospirose. "É preciso atuar para evitar mortes", diz. Também é fundamental, segundo a sanitarista, desenvolver atividades de divulgação de sinais e sintomas da doença e de conscientização sobre como reduzir riscos.

Quadro:

Medidas de prevenção

Evitar a multiplicação dos ratos, mantendo o meio ambiente o mais limpo possível e destinando adequadamente os restos de alimento;

O lixo doméstico deve ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do caminhão de coleta passar;

O alimento para animais domésticos deve ser disposto apenas no horário da alimentação dos mesmos e as sobras devem ser removidas e descartadas adequadamente;

Buracos entre telhas, paredes e rodapés devem ser vedados;

Quintais, terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos sem entulhos e outros objetos;

À noite, objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados;

Terrenos baldios devem ser limpos, murados e livres de lixo;

A caixa d'água precisa ser mantida limpa e tampada e os canos com aparas que impeçam a subida dos ratos ao reservatório.

Em caso de enchente:

O contato direto com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes deve ser evitado sempre;

Chão, paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente devem ser lavados com sabão e hipoclorito de sódio (ou água sanitária) na proporção de 1 copo do produto para 1 balde de 20 litros de água. O hipoclorito pode ser encontrado nas unidades de saúde da rede pública municipal;

Todos os alimentos e remédios atingidos pela inundação devem ser descartados;

Se a caixa d'água foi invadida, não usar esta água antes da desinfecção do reservatório.

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