A fitoterapia no SUS Campinas é relatada em jornada de plantas medicinais

21/10/2004

Talita El Kadri

A Secretaria de Saúde de Campinas relata sua experiência sobre o uso da fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) na próxima sexta-feira, dia 22, durante a 4ª Jornada de Plantas Medicinais e Fitoterapia de Piracicaba. O trabalho será exposto a participantes vindos de todo país, às 14h30, na Câmara Municipal de Piracicaba. A jornada, que teve início dia 19 e termina no próximo sábado, 23 de outubro, é uma promoção da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). A Secretaria também apresenta seu trabalho em fitoterapia no XVIII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, em Manaus, de 16 a 19 de novembro desde ano.

Atualmente, cerca de 10 mil pessoas se utilizam da fitoterapia como opção terapêutica no SUS de Campinas segundo dados da Secretaria de Saúde. Os profissionais de saúde ainda prescrevem estes medicamentos para uso complementar da alopatia. Segundo a coordenadora do Programa Municipal de Fitoterapia de Campinas, a médica Eloísa Cavassani Pimentel, a cidade, pioneira nesse trabalho, é referência para a região devido aos bons resultados obtidos e a grande adesão dos usuários à utilização dos fitoterápicos – medicamentos feitos à base de plantas medicinais.

Botica. Recentemente, o município consolidou mais uma etapa deste trabalho com a implantação da Botica da família – farmácia de manipulação de medicamentos fitoterápicos. De acordo com Eloísa, a Botica tem como objetivo garantir fornecimento contínuo e qualidade em todo processo de elaboração dos fitoterápicos. Esses medicamentos, fornecidos gratuitamente, até então eram comprados pela Prefeitura.

A médica informa, ainda, que a Secretaria de Saúde adquire a matéria-prima e ervas de fornecedores. Futuramente o fornecimento de parte das plantas para a produção será feito pelo Serviço de Saúde Cândido Ferreira. Por meio de uma parceria, os usuários do Cândido já começaram a semear e cultivar parte das ervas e, num segundo momento, vão fazer também a secagem. Cada pessoa que atua no processo recebe uma bolsa em dinheiro. O cultivo é orgânico, livre de agrotóxicos, e conta com supervisão do Centro de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Campinas também desenvolve, por meio do Programa Municipal de Fitoterapia, encontros para capacitar profissionais de saúde, usuários do SUS e a comunidade em geral sobre raízes, folhas e flores utilizadas na fitoterapia, e as maneiras de utilizar estas plantas em receitas simples de chás, xaropes e sucos. "Durante as reuniões os participantes recebem informações sobre quais são as ervas utilizadas em medicamentos fitoterápicos, para que patologias são indicadas e a maneira correta de cultivar as plantas", diz.

Uso milenar. A utilização de plantas medicinais para prevenção e tratamento de doenças é milenar. Há registros da fitoterapia de até 2 mil anos atrás. Outros países, como a Alemanha, equiparam esses medicamentos aos alopáticos. No Brasil, o Ministério da Saúde publicou, no ano passado, uma resolução para que os fitoterápicos ganhem mais segurança e maior credibilidade.

A resolução, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), define as categorias de fitoterápicos e tem como objetivo garantir qualidade científica aos remédios extraídos das plantas. A resolução também ampliou o número de plantas consideradas de uso medicinal. Em Campinas, a fitoterapia foi oficializada na rede pública de Saúde pela portaria 13/01 de novembro de 2001.

Acesso ampliado. O médico sanitarista Roberto Mardem Farias, diretor municipal de saúde, informa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem incentivado e recomendado o uso de plantas medicinais para prevenção e tratamento de doenças. "Em Campinas, a Secretaria de Saúde tem trabalhado para ampliar o acesso a possibilidades como fitoterapia, homeopatia, acupuntura, ginástica chinesa entre outras opções até pouco tempo restritas a consultórios e clínicas particulares. Nosso objetivo é que os cidadãos conheçam as alternativas e possam fazer sua escolha", afirma.

Medicamentos fitoterápicos padronizados pela Secretaria de Saúde de Campinas:

Arnica montana (Arnica) – creme, gel 5% e tintura (contusões e dores)

Aloe vera (Babosa) – creme e gel à 25% (queimaduras)

Calendula officinalis (Calêndula) – creme, gel à 5% e tintura (lesões de pele)

Camomila recutita (Camomila) – Chá/flores (anti-infalmatória, antiespasmódica)

Ginkgo biloba (Ginkgo biloba) – Cápsula 40mg (insuficiência vascular periférica e cerebral – memória, vertigem)

Hamamelis virginiana (Hamamélis) – Creme e gel 10% (varizes e escaras)

Hypericum perforatum (Hypericum) – Cápsula 300mg (depressão)

Maytenus ilicifolia (Espinheira santa) – chá/folhas (gastrites e úlceras gástricas)

Mikania laevigata (Guaco) – xarope e xarope diet à 10% (tosse, broncodilatador)

Malva sylvestris (Malva) – Chá/folhas (anti-séptica)

Passiflora alata (Maracujá) – chá/folhas (insônia e ansiedade leve)

Phyllanthus niruri (Quebra-pedra) – chá/folhas (litíase renal)

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