Talita El
Kadri
A Secretaria
de Saúde de Campinas relata sua experiência sobre o uso da
fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) na próxima
sexta-feira, dia 22, durante a 4ª Jornada de Plantas
Medicinais e Fitoterapia de Piracicaba. O trabalho será
exposto a participantes vindos de todo país, às 14h30, na Câmara
Municipal de Piracicaba. A jornada, que teve início dia 19 e
termina no próximo sábado, 23 de outubro, é uma promoção
da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). A Secretaria
também apresenta seu trabalho em fitoterapia no XVIII Simpósio
de Plantas Medicinais do Brasil, em Manaus, de 16 a 19 de
novembro desde ano.
Atualmente,
cerca de 10 mil pessoas se utilizam da fitoterapia como opção
terapêutica no SUS de Campinas segundo dados da Secretaria de
Saúde. Os profissionais de saúde ainda prescrevem estes
medicamentos para uso complementar da alopatia. Segundo a
coordenadora do Programa Municipal de Fitoterapia de Campinas,
a médica Eloísa Cavassani Pimentel, a cidade, pioneira nesse
trabalho, é referência para a região devido aos bons
resultados obtidos e a grande adesão dos usuários à utilização
dos fitoterápicos – medicamentos feitos à base de plantas
medicinais.
Botica.
Recentemente, o município consolidou mais uma etapa deste
trabalho com a implantação da Botica da família – farmácia
de manipulação de medicamentos fitoterápicos. De acordo com
Eloísa, a Botica tem como objetivo garantir fornecimento contínuo
e qualidade em todo processo de elaboração dos fitoterápicos.
Esses medicamentos, fornecidos gratuitamente, até então eram
comprados pela Prefeitura.
A médica
informa, ainda, que a Secretaria de Saúde adquire a matéria-prima
e ervas de fornecedores. Futuramente o fornecimento de parte
das plantas para a produção será feito pelo Serviço de Saúde
Cândido Ferreira. Por meio de uma parceria, os usuários do Cândido
já começaram a semear e cultivar parte das ervas e, num
segundo momento, vão fazer também a secagem. Cada pessoa que
atua no processo recebe uma bolsa em dinheiro. O cultivo é
orgânico, livre de agrotóxicos, e conta com supervisão do
Centro de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA)
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Campinas também
desenvolve, por meio do Programa Municipal de Fitoterapia,
encontros para capacitar profissionais de saúde, usuários do
SUS e a comunidade em geral sobre raízes, folhas e flores
utilizadas na fitoterapia, e as maneiras de utilizar estas
plantas em receitas simples de chás, xaropes e sucos.
"Durante as reuniões os participantes recebem informações
sobre quais são as ervas utilizadas em medicamentos fitoterápicos,
para que patologias são indicadas e a maneira correta de
cultivar as plantas", diz.
Uso milenar.
A utilização de plantas medicinais para prevenção e
tratamento de doenças é milenar. Há registros da
fitoterapia de até 2 mil anos atrás. Outros países, como a
Alemanha, equiparam esses medicamentos aos alopáticos. No
Brasil, o Ministério da Saúde publicou, no ano passado, uma
resolução para que os fitoterápicos ganhem mais segurança
e maior credibilidade.
A resolução,
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
define as categorias de fitoterápicos e tem como objetivo
garantir qualidade científica aos remédios extraídos das
plantas. A resolução também ampliou o número de plantas
consideradas de uso medicinal. Em Campinas, a fitoterapia foi
oficializada na rede pública de Saúde pela portaria 13/01 de
novembro de 2001.
Acesso
ampliado.
O médico sanitarista Roberto Mardem Farias, diretor municipal
de saúde, informa que a Organização Mundial da Saúde (OMS)
tem incentivado e recomendado o uso de plantas medicinais para
prevenção e tratamento de doenças. "Em Campinas, a
Secretaria de Saúde tem trabalhado para ampliar o acesso a
possibilidades como fitoterapia, homeopatia, acupuntura, ginástica
chinesa entre outras opções até pouco tempo restritas a
consultórios e clínicas particulares. Nosso objetivo é que
os cidadãos conheçam as alternativas e possam fazer sua
escolha", afirma.
Medicamentos
fitoterápicos padronizados pela Secretaria de Saúde de
Campinas:
Arnica
montana
(Arnica) – creme, gel 5% e tintura (contusões e dores)
Aloe
vera
(Babosa) – creme e gel à 25% (queimaduras)
Calendula
officinalis
(Calêndula) – creme, gel à 5% e tintura (lesões de pele)
Camomila
recutita
(Camomila) – Chá/flores (anti-infalmatória, antiespasmódica)
Ginkgo
biloba
(Ginkgo biloba) – Cápsula 40mg (insuficiência vascular
periférica e cerebral – memória, vertigem)
Hamamelis
virginiana
(Hamamélis) – Creme e gel 10% (varizes e escaras)
Hypericum
perforatum
(Hypericum) – Cápsula 300mg (depressão)
Maytenus
ilicifolia
(Espinheira santa) – chá/folhas (gastrites e úlceras gástricas)
Mikania
laevigata
(Guaco) – xarope e xarope diet à 10% (tosse,
broncodilatador)
Malva
sylvestris
(Malva) – Chá/folhas (anti-séptica)
Passiflora
alata
(Maracujá) – chá/folhas (insônia e ansiedade leve)
Phyllanthus
niruri
(Quebra-pedra) – chá/folhas (litíase renal)