Denize Assis
O número de
casos de diarréia aguda, com sintomas compatíveis com diarréia
provocada por rotavírus, notificados à Vigilância em Saúde
(Visa) de Campinas subiu para 3.141 segundo informações da
Secretaria Municipal de Saúde divulgadas nesta quarta-feira,
dia 27 de outubro. Não foram registradas mortes.
De acordo com
o informe, a faixa etária mais acometida é a de crianças
entre 1 e 4 anos de idade com 1.355 ocorrências, seguida da
faixa de 5 a 9, com 506 casos, e de menores de 1 ano, com 454.
O surto atingiu toda cidade, embora a maior parte dos casos
esteja concentrada na Região Sul, onde foram registrados
1.542 doentes.
Segundo o médico
sanitarista Vicente Pisani Neto, da Visa de Campinas, no caso
de diarréias que sugerem rotavírus, são colhidas amostras
de fezes e realizados exames para a comprovação do vírus em
um a cada dez pacientes. Para os demais pacientes, o critério
de diagnóstico é feito com base nos sintomas e pelo histórico
das pessoas, chamado de clínico-epidemiológico. Até o
momento, do total de amostras enviadas aos laboratórios, 102
confirmaram infecção por rotavírus.
"O final
do inverno e início da primavera são épocas propícias para
o aparecimento de surtos por rotavírus. No ano passado, a
cidade registrou um surto na mesma época com mais de 1,2 mil
casos", informa Vicente. Não há informações sobre períodos
anteriores, já que somente a partir deste ano a cidade passou
a dispor de um sistema organizado de investigação de diarréias.
A infecção
pelos rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia aquosa
e duração limitada, a quadros graves com desidratação,
febre e vômitos, podendo evoluir para óbito. O tratamento é
sintomático, a partir da avaliação por meio de exame clínico
que identifica o grau de desidratação causado pela doença.
Se for
detectada uma desidratação leve, é recomendado o uso do
soro de hidratação oral na própria casa do paciente. Se for
moderada, é indicado também o soro via oral, mas sob observação
médica. Já em casos mais graves, é feita aplicação do
soro na veia do paciente. O tratamento inclui ainda o aumento
da ingestão de líquidos.
"Este
tratamento foi estabelecido e padronizado pela Organização
Mundial da Saúde", informa a médica sanitarista Naoko
Silveira, da Vigilância em Saúde de Campinas. Do total de
casos registrados em Campinas, 629 necessitaram de tratamento
com aplicação de soro na veia. Outros 476 foram moderados e
1.492 com desidratação leve.
A transmissão.
Os rotavírus são transmitidos por via fecal-oral, por
contato de pessoa a pessoa e também por meio de água,
alimentos, utensílios ou superfícies contaminadas. Outra
possível via de transmissão é a respiratória, por meio de
aerossóis.
Mãos,
alimentos e objetos contaminados com fezes são as principais
formas de infecção. Por isso, cuidados de higiene são
fundamentais para a prevenção. É preciso lavar as mãos com
sabão antes e depois de ir ao banheiro. Profissionais que
lidam com crianças que usam fraldas devem ter cuidados
redobrados ao fazer este procedimento. Também é necessária
a desinfecção de frutas e verduras. "Mesmo que a criança
esteja com diarréia, o aleitamento materno deve continuar,
pois é uma das mais importantes formas de prevenção das
doenças diarréicas agudas", diz Naoko.