Ministério da Saúde avaliou, nesta terça-feira, ações de controle da dengue em Campinas

11/10/2005

Representantes do Ministério da Saúde reuniram-se na manhã desta terça-feira, dia 11 de outubro, em Campinas, com gestores, profissionais da rede pública municipal de Saúde e técnicos da Superintendência do Controle de Endemias (Sucen), para avaliar as ações de controle da dengue no município.

A avaliação, que ocorreu após o acompanhamento de técnicos do Ministério aos trabalhos em campo, faz parte do plano de contingência para prevenir uma possível epidemia de dengue no próximo verão. Além de Campinas, outros 168 municípios brasileiros prioritários para o controle da dengue também estão sendo avaliados pelo Ministério.

Durante a reunião, o engenheiro agrônomo Dalton P. Fonseca Júnior, da Diretoria de Controle a Vetores do Ministério da Saúde, elogiou o trabalho de vigilância epidemiológica das equipes, a articulação da Secretaria Municipal de Saúde com outros setores da Prefeitura, em especial com o Departamento de Limpeza Urbana (DLU), e a integração entre a rede, com ênfase para a relação dos técnicos com os Distritos de Saúde, nas ações de controle da doença.

"No entanto, é preciso avançar ainda mais no controle do vetor e nas ações de educação em saúde e comunicação e mobilização social", disse Dalton. Ele apontou, como um dos desafios no combate à doença, a conscientização da população sobre a importância da adoção de medidas para o controle do mosquito. "Mudar o comportamento das pessoas é um processo demorado e demanda muito empenho", afirmou.

A enfermeira Salma Balista, diretora da Saúde Coletiva da Secretaria de Saúde de Campinas, informou, após a reunião, que o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e da Sucen, tem feito um acompanhamento sistemático das ações de Campinas no combate à dengue. "Este olhar externo é fundamental porque ajuda a identificar pontos que precisam ser melhorados", afirmou.

Salma ressaltou que é importante que a equipe que faça esta supervisão conheça a realidade e leve em conta a complexidade de Campinas, município que reúne fatores de risco para a doença. Segundo Salma, em cidades do porte e perfil de Campinas, o mosquito da dengue encontra condições favoráveis, proporcionadas pela urbanização acelerada e mudanças climáticas, além de intensa utilização de recipientes descartáveis de plástico e vidro, para se proliferar. Nesse cenário e na ausência de uma vacina, há um consenso técnico de que não é possível erradicar o mosquito.

"No entanto, é possível mantermos um processo de constante aperfeiçoamento do programa de combate à dengue, de maneira a evitar a ocorrência de epidemias e, principalmente, das formas graves, como a febre hemorrágica", disse. Ela ressaltou que, além do poder público, da Prefeitura, que pode fazer a limpeza urbana, mobilizar a comunidade, técnicos e agentes comunitários, a população pode colaborar nas suas atividades domésticas e profissionais para o controle do mosquito. "São medidas como vedar a caixa d´água e não deixar água acumulada em pneus e outros objetos, que podem servir como criadouro para o mosquito, que contribuem para reduzir os riscos de picos epidêmicos", disse.

Dados. Em 2005, foram notificados 115 casos de dengue em Campinas, sendo 94 autóctones – quando a pessoa é infectada onde mora – de acordo com dados da Saúde Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde. O município registra transmissão do vírus da dengue há nove anos consecutivos, com picos epidêmicos em 1998, 2001, 2002 e 2003, sendo que o maior número de casos – 1,4 mil casos - foi registrado em 2002. Em 2003, houve 450 confirmações e, no ano passado, 24.

Os exames laboratoriais mostram a circulação do vírus da dengue dos tipos 1, 2 e 3 nestes anos de epidemia, sendo que em 2000 houve um óbito de dengue hemorrágico, na epidemia de 2002 ocorreram 9 casos de dengue hemorrágico, sem óbitos, e, em 2003, três casos de dengue hemorrágico, um deles importado.

Denize Assis

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